Jornada de superação e descoberta em “O Gênio Indomável”

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O filme O Gênio Indomável conta a história de Will Hunting, um jovem brilhante que trabalha como faxineiro em um instituto de tecnologia. Will é um gênio da matemática, dotado de memória fotográfica, mas leva uma vida marcada por dificuldades e traumas do passado.

Em determinado momento, o professor Gerald Lambeau, que leciona no instituto, propõe um desafio matemático aos seus alunos, mas ninguém consegue resolvê-lo. Enquanto limpava o corredor, Will resolve o problema com facilidade. Ao perceber o talento do jovem faxineiro, o professor Lambeau decide ajudar Will a desenvolver suas habilidades matemáticas e enfrentar suas dificuldades pessoais.

Após se envolver em uma briga, Will é preso. Para evitar a prisão, ele concorda em cumprir algumas condições, incluindo sessões de terapia. Embora inicialmente resistente ao processo, aos poucos, ele começa a se abrir e a superar barreiras emocionais que o impediam de avançar. Como parte do acordo, Will passa por diversos terapeutas, mas é apenas com Sean Maguire que ele realmente estabelece uma relação de confiança e se permite enfrentar seus traumas.

Enquanto lida com suas questões emocionais, Will conhece e se apaixona por Skylar, uma estudante de medicina em Harvard. Essa relação faz com que ele perceba ainda mais a necessidade de se desenvolver emocionalmente para alcançar uma vida plena e construir um relacionamento saudável. Apesar de Skylar também se apaixonar por ele, Will enfrenta dificuldades em aceitar esse sentimento, devido aos traumas que carrega.

Com o apoio dos amigos, especialmente de Chuckie, seu melhor amigo, Will passa a acreditar em seu potencial e a enxergar que pode ter uma vida melhor. Ele começa a aceitar seu passado traumático e percebe a importância de tomar decisões que definirão seu futuro. A jornada de amadurecimento e superação de Will o leva a buscar uma vida mais feliz e satisfatória. No fim, ele decide deixar Boston e seguir para a Califórnia, onde Skylar está estudando, em busca de seu grande amor. Will deixa uma carta para Sean Maguire, agradecendo pelo apoio e informando sua decisão de partir em busca de uma nova vida.

Gênio Indomável aborda de forma profunda questões psicológicas e emocionais, destacando o desenvolvimento pessoal e o impacto dos traumas do passado. Lançado em uma época em que o debate sobre equilíbrio emocional ganhava força na sociedade, o filme também explora a humildade de Will e a importância da educação e das oportunidades para todos, independentemente de sua origem social. Além de mostrar o talento matemático de Will, o filme enfatiza seu crescimento emocional e pessoal.

Premiações

O Gênio Indomável venceu o Oscar em 1998 nas categorias de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams). Foi indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Gus Van Sant), Melhor Ator (Matt Damon) e Melhor Atriz Coadjuvante (Minnie Driver). Com um orçamento modesto de 10 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 225 milhões nas bilheteiras mundiais. Algumas cenas foram gravadas em locações reais, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Harvard.

Ficha Técnica

Filme: O Gênio Indomável

Dirigido por Gus Van Sant

Produzido nos Estados Unidos (1997)

Duração de 126 minutos

Gênero: Drama

Classificação: 14 anos

Atores principais:

Matt Damon (Will Hunting),

Robin Williams (Sean Maguire),

Stellan Skarsgard (Gerald Lambeau) e

Minnie Driver (Skylar). 

Referências:

Encena. Disponível em: <link>

Entre Laços do Coração. Disponível em: <link>

Prime Vídeo. Disponível em: <link>

 

 

 

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Chris Bumstead: o legado do rei do classic physique e sua jornada de superação no fisiculturismo

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Christopher Adam Bumstead, mais conhecido como Chris Bumstead ou CBum, nasceu em Ottawa, no Canadá, em 2 de fevereiro de 1995. Atualmente, ele é um dos fisiculturistas mais famosos e respeitados do cenário global, sendo considerado uma lenda viva da categoria Classic Physique. CBum é hexacampeão do Mr. Olympia Classic Physique, vencendo o título consecutivamente entre 2019 e 2024. Sua trajetória é marcada por uma dedicação imensa ao esporte, superação de desafios e sacrifícios que inspiram milhões de fãs ao redor do mundo. Ele é visto não apenas como um atleta talentoso, mas também como um símbolo de força mental e persistência.

Desde cedo, Chris mostrou interesse por esportes, sendo ativo em várias modalidades durante a infância e adolescência. Ele participava de competições de atletismo e outros esportes, demonstrando sua aptidão natural para atividades físicas. Contudo, foi por volta da adolescência que ele conheceu o fisiculturismo, influenciado por seu cunhado, Iain Valliere, um fisiculturista canadense de renome que viu potencial em Chris. Iain o incentivou a experimentar o treinamento com pesos, e o jovem logo se apaixonou pelo esporte. Essa orientação inicial desempenhou um papel fundamental na trajetória de Chris e o motivou a se dedicar seriamente ao fisiculturismo.

Durante o período em que estudava na faculdade, Chris era muito popular entre seus colegas e tinha uma vida social intensa. Ele organizava festas e era presença garantida nos eventos do campus. No entanto, ao decidir seguir uma carreira no fisiculturismo, começou a sacrificar esses momentos de diversão com os amigos. Muitas vezes, para evitar julgamentos, ele preferia fazer refeições sozinho em seu quarto, mantendo sua disciplina e compromisso com a dieta. Esse comportamento demonstrava sua determinação e o quanto estava disposto a abdicar para alcançar seus objetivos.

Em 2014, com apenas 19 anos, Chris participou de sua primeira competição de fisiculturismo na categoria Open, uma vez que a categoria Classic Physique ainda não existia. A escolha pela categoria Open foi natural na época, mas Chris rapidamente se destacou por sua simetria e estética, que lembravam os fisiculturistas da “Era de Ouro”, como Arnold Schwarzenegger e Frank Zane, cujos físicos equilibrados e proporcionais influenciaram gerações. Em 2016, ele participou de sua primeira competição na NPC (National Physique Committee) e conquistou o Pro Card, um reconhecimento que o qualificava para competir em torneios internacionais promovidos pela IFBB (International Federation of Bodybuilding and Fitness).

Ainda em 2016, a categoria Classic Physique foi introduzida no fisiculturismo, com o objetivo de reviver a estética clássica dos anos 1970 e 1980, oferecendo uma alternativa ao fisiculturismo tradicional, que, na época, estava mais focado em um tamanho muscular extremo do que na proporção. Vendo nisso uma oportunidade perfeita para seu tipo de físico, Chris decidiu migrar para a Classic Physique, acreditando que a categoria faria jus à sua visão do esporte. Esse foi um marco em sua carreira, pois ele finalmente encontrou a categoria ideal para sua estrutura e estética.

A jornada de Chris rumo ao topo da Classic Physique, contudo, não foi isenta de desafios. Em 2018, ele enfrentou uma grande dificuldade quando descobriu ter uma doença autoimune que causava retenção excessiva de líquidos em seu corpo. Essa condição, chamada glomerulonefrite, é uma inflamação nos rins que pode dificultar o controle do peso e exigir rigorosos cuidados de saúde. A preparação para o Mr. Olympia naquele ano tornou-se extremamente difícil, com Chris lidando não só com os treinos e dietas intensas, mas também com a adaptação a essa nova condição de saúde. Nas redes sociais, ele desabafou que 2018 foi o ano mais desafiador de sua vida, e muitos não acreditavam que ele conseguiria se manter no mesmo nível dos concorrentes. Mesmo assim, ele prometeu a si mesmo que se tornaria campeão.

Apesar de todas as adversidades, Chris perseverou. Durante a preparação para a competição de 2019, ele sofreu outra lesão séria, desta vez no posterior da coxa, o que quase o fez desistir. Ainda assim, com muita força de vontade, ele continuou sua preparação e, ao subir ao palco, mostrou ao mundo sua força e capacidade de superação, vencendo o título de Mr. Olympia Classic Physique em 2019. Esse título foi um marco importante em sua vida, pois ele havia cumprido a promessa que fizera a si mesmo de se tornar o melhor, apesar de todos os obstáculos.

Na vida pessoal, Chris conheceu sua esposa, Courtney King, por volta de 2018. Courtney também é uma figura conhecida no mundo do fisiculturismo, tendo vencido o título de Ms. Bikini Olympia em 2016. O casal se conheceu através de amigos em comum no cenário fitness e, com o tempo, desenvolveu uma forte conexão. Nas redes sociais, eles compartilham rotinas de treino, dietas e momentos do cotidiano, inspirando fãs ao redor do mundo. Courtney sempre esteve ao lado de Chris, apoiando-o nos momentos difíceis, especialmente durante as fases de preparação e os desafios de saúde que ele enfrentou.

Após vencer seu primeiro título de Mr. Olympia, Chris decidiu que não queria ser apenas “mais um campeão”, mas sim o maior de todos. Determinado a manter o título, ele defendeu seu pódio nas competições seguintes, enfrentando adversários como Breon Ansley, que também havia vencido o Mr. Olympia Classic Physique duas vezes. Além das competições, CBum tornou-se uma grande influência nas redes sociais, compartilhando sua jornada, rotina de treino, dicas de dieta e até mesmo as dificuldades e sacrifícios do fisiculturismo. Sua autenticidade e humildade fizeram com que conquistasse milhões de seguidores em plataformas como YouTube e Instagram.

Entre 2019 e 2024, CBum venceu o Mr. Olympia Classic Physique seis vezes consecutivas, enfrentando muitos desafios no processo, desde lesões, cobranças da mídia e as exigências rigorosas da preparação. Em 2022, ele e Courtney se casaram, e em 2023, recebeu a notícia de que seria pai. Esse evento trouxe novas reflexões para Chris, que começou a pensar mais sobre seu futuro e a importância de estar presente para sua família. Motivado pelo nascimento da filha, ele decidiu competir por mais um ano, encerrando sua carreira com uma última vitória para inspirar as novas gerações.

Neste último ano de competição, ao conquistar seu sexto título, CBum anunciou que estava se aposentando das competições. Em seu discurso emocionado, explicou que deseja acompanhar de perto o crescimento de sua filha e estar ao lado da família. Esse anúncio deixou um legado na categoria Classic Physique e consolidou CBum como um dos maiores nomes do fisiculturismo.

Após a aposentadoria, Chris expressou o desejo de realizar uma última competição na categoria Open, prometendo aos fãs que mostraria uma versão “maior” de si mesmo. Ele também pretende se dedicar à sua marca de suplementos, Raw Nutrition, e continuar como sócio da marca de roupas esportivas Gymshark. Em suas redes sociais, revelou que agora deseja aproveitar a vida ao lado da família, desfrutando dos frutos de seu sucesso e buscando uma vida mais equilibrada e saudável.

Referências:

Globo Esporte. Disonível em: <link>

Esportelândia. Disponível em: <link>

Nutrata. Disponível em: <link>

ESPN.com. Disponível em: –  <link>

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Renato Cariani: a jornada de um fisiculturista

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Com 8 milhões de seguidores no Instagram e 6 milhões no YouTube, Renato Cariani fez da sua vida um sucesso através do fisiculturismo, sendo dono de uma empresa multimilionária e tendo patrocínios com a Growth Suplementos.

Nascido em 4 de julho de 1976 em São Paulo e casado com Tatiane Martines, sua história é marcada pelo apoio mútuo e pela cumplicidade. Tatiane tem sido uma grande incentivadora do trabalho de Renato, tanto em sua carreira esportiva quanto na produção de conteúdo e na vida empresarial. O relacionamento do casal inspira muitos seguidores, que veem neles um exemplo de parceria e apoio na busca por uma vida saudável e dedicada ao esporte já que ambos trabalham em áreas semelhantes ajudando e incentivando tanto atletas de alto rendimento que são famosos hoje em dia como pessoas famosas que buscam por uma melhora na qualidade de vida, no físico, alto estima entre outros motivos. 

Renato e Tatiane atualmente vivem em São Bernardo do Campo com seus três filhos: Thales Cariani, de 9 anos; Valentine Cariani, de 3 anos; e Guilherme Cariani, fruto de um relacionamento anterior de Renato aos 24 anos.

O astro fitness, formado em Educação Física, Química e Administração de Empresas, é conhecido principalmente por ter contribuído para que o grande fisiculturista Ramon Dino alcançasse os palcos em sua melhor forma física, tornando-se um dos maiores atletas do Brasil. Renato ganhou ainda mais popularidade ao apresentar métodos, dicas de treino e dietas para uma vida mais saudável.

Atualmente com 48 anos, Renato Cariani transformou o bullying que sofreu na infância em motivação para adaptar seus hábitos alimentares, tornando-os mais saudáveis, e fez carreira promovendo um mercado que movimenta centenas de milhões de reais por ano.

A jornada de Cariani no fisiculturismo começou aos 20 anos, mas foi apenas em 2020, aos 43 anos, que se tornou fisiculturista profissional ao conquistar o pro card. Desde então, participou de poucas competições devido a lesões, como o rompimento em ambos os bíceps durante uma série moderada no leg press.

“Meu amor pelo fisiculturismo veio do amor que eu tinha pela musculação. A musculação transformou minha vida. Eu era um garoto que sofria muito bullying na escola por ser obeso e entrei na academia para fugir disso. Descobri que a academia me deixava mais forte, não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Tornou-me mais disciplinado, concentrado e resiliente. Meu avanço na musculação acabou me levando ao fisiculturismo, que é a alta performance da musculação. Comecei a competir aos 20 anos, mas com 24 interrompi as competições porque o esporte era pouco valorizado. Precisava lutar pela minha carreira, pois vim de uma origem muito humilde e dediquei um bom tempo a outras profissões. Aos 40 anos, voltei a competir e fui campeão de vários eventos aqui e fora do Brasil”, disse Cariani.

Renato, com uma vida dedicada ao esporte, sempre conciliou essa trajetória com os estudos, formando-se em três áreas distintas. Suas formações ajudaram-no a se destacar no mundo fitness como empresário, num dos setores mais aquecidos do mercado. Ele é sócio da Supley, maior fabricante de suplementos da América Latina, que faturou R$ 830 milhões em 2022.

Em 2023, após uma denúncia, Cariani foi alvo de uma investigação da Polícia Federal, sendo réu em um caso de tráfico de drogas, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Em fevereiro de 2024, novas provas surgiram, apontando indícios de sua relação com o desvio de produtos químicos para o tráfico. Contudo, os investigados alegaram já ter apresentado à justiça mais de 100 documentos indicando que a empresa pode ter sido uma vítima, sem especificar os responsáveis.

O ex-atleta de fisiculturismo considera as redes sociais como um fator determinante para a maior divulgação do fisiculturismo. Segundo ele, a internet permite que pessoas interessadas em vidas saudáveis se conectem com diversos perfis nesse contexto: “Se há um divisor de águas na história do fisiculturismo, esse divisor se chama redes sociais. As redes sociais aproximaram o atleta do público, diferentemente da maioria dos esportes coletivos, como futebol e basquete, que a TV e a mídia aberta transmitem. O fisiculturismo, até hoje, não foi transmitido. Porém, com a expansão das redes sociais, houve espaço para este esporte, e as pessoas descobriram que um atleta de fisiculturismo pode inspirá-las em seus objetivos pessoais. Ao acompanhar a vida de um atleta, muitos se inspiram a ser mais disciplinados com alimentação, treino e a lidar com dificuldades para perder peso ou reconstruir seu corpo. Hoje, o atleta de fisiculturismo inspira pessoas comuns a buscarem seus objetivos.”

Através do Instagram e de outras redes sociais, os negócios de Cariani no segmento fitness foram ampliados. Ele potencializou o alcance de sua marca ao oferecer diversos produtos de sua empresa e ao se conectar com seu público, postando dicas de treino, alimentação saudável e uso correto de suplementos, como creatina, whey protein e hipercalóricos. Além disso, seus vídeos de entretenimento ajudam a criar uma relação de intimidade e confiança com seus seguidores.

Em 2006, patrocinado por uma marca de suplementos, Renato Cariani começou a fazer vídeos no YouTube, sendo o pioneiro em conteúdos relacionados ao uso “correto” de suplementação, como creatina e pré-treino. Em 2008, pensou em cursar medicina, mas novas oportunidades surgiram, e no mesmo ano ele se tornou sócio da indústria de suplementos Supley.

Referências:

Globo Esporte. Disponível em: <link>

Fantástico. Disponível em: <link>

Palestra no Youtube (1). Disponível em: <link>

Palestra no Youtube (2).Disponível em: <link>

Perfil pessoal de Renato no Instagram. Disponível em: <link>

 

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Ronnie Coleman: o rei do fisiculturismo

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Ronnie Coleman é, sem dúvida, uma das maiores lendas da história do fisiculturismo. Seus oito títulos consecutivos de Mr. Olympia não apenas o colocam entre os maiores fisiculturistas de todos os tempos, mas também transformaram sua história de vida em um símbolo de superação, disciplina e dedicação extrema. Ao longo de sua carreira, ele redefiniu os padrões de tamanho e definição muscular, influenciando gerações de atletas e fãs ao redor do mundo. Sua trajetória, no entanto, não foi uma linha reta para o sucesso, e sua jornada foi marcada por desafios, lesões e, acima de tudo, um comprometimento incomum com o treinamento.

Ronald Dean Coleman nasceu em 13 de maio de 1964, na cidade de Monroe, no estado da Louisiana, EUA. Desde muito jovem, Ronnie foi incentivado a praticar esportes, embora o fisiculturismo não fosse sua primeira paixão. Durante sua infância e adolescência, ele se destacou no futebol americano, esporte que o acompanhou até o final de sua trajetória escolar. Ao mesmo tempo, ele começou a praticar levantamento de peso, uma atividade que, mais tarde, se tornaria seu destino profissional.

Aos 17 anos, Ronnie já era um atleta de destaque na escola, e sua força natural se refletia no levantamento de peso, mas, na época, o foco de sua vida ainda estava voltado para o futebol. Seu físico atlético o fez se destacar nas competições de força, e ele começou a se interessar cada vez mais pela musculação. Foi durante esse período que Coleman, ao lado de sua dedicação ao esporte, também aprendeu o valor da disciplina e da consistência — duas qualidades que viriam a ser fundamentais em sua futura carreira no fisiculturismo.

Com o tempo, o fisiculturismo começou a se tornar o principal foco de sua vida. Durante sua formação na Grambling State University, Ronnie continuou a treinar com regularidade, desenvolvendo um corpo cada vez mais impressionante. Entretanto, o caminho para se tornar um fisiculturista de elite não estava completamente claro para ele até que uma série de eventos começasse a apontar a direção que ele tomaria.

Início no Fisiculturismo: A Transição Para o Bodybuilding Profissional

Após terminar a universidade e passar por uma série de empregos comuns, como atendente de pizzaria e policial, Ronnie começou a treinar em academias de musculação, e foi na Metroflex Gym, em Arlington, Texas, onde sua carreira realmente decolaria. A Metroflex, que mais tarde se tornaria famosa por ser a academia onde grandes fisiculturistas, como o próprio Ronnie, treinaram, foi o local onde ele foi descoberto por Bryan Dobson, um treinador e proprietário da academia, que logo reconheceu o potencial do jovem atleta.

Em 1990, apenas um ano após começar a treinar sério, Ronnie Coleman competiu em sua primeira competição de fisiculturismo, o Mr. Texas, onde foi coroado campeão geral de bodybuilding. Essa vitória foi apenas o início de uma trajetória vitoriosa que o levaria ao topo do esporte. Em 1995 e 1996, ele venceu a Canada Pro Cup em ambas as edições, mas ainda havia um obstáculo maior em sua carreira: o título de Mr. Olympia.

Em sua primeira tentativa no Mr. Olympia, em 1996, Ronnie ficou em 6º lugar, o que, embora um bom resultado, ainda estava longe da disputa pelo título. O fisiculturismo é um esporte onde a competição é feroz, e muitos atletas precisavam de mais tempo para atingir a perfeição em seu físico. Embora fosse inegável o tamanho e a força de Coleman, seu físico ainda precisava de refinamento para competir com os melhores do mundo, como Dorian Yates, que na época dominava a cena.

A Ascensão ao Trono de Mr. Olympia

Foi em 1997 que a história de Ronnie Coleman começou a mudar. Durante o Grand Prix Rússia de 1997, Ronnie foi aconselhado por seu amigo e competidor Kevin Levrone a usar um truque para melhorar sua aparência no palco: beber um pouco de vodka na véspera da competição. O objetivo era fazer com que o álcool funcionasse como um diurético, ajudando a reduzir a retenção de água e deixando seus músculos mais definidos. Embora a prática fosse controversa, o conselho de Levrone funcionou, e no dia seguinte Ronnie apareceu com a melhor forma física de sua carreira até então, conquistando a vitória no Grand Prix Rússia.

Esse momento foi um marco importante para Coleman, pois consolidou sua confiança e estabeleceu sua credibilidade no mundo do fisiculturismo. Em 1998, Ronnie Coleman finalmente conquistaria seu primeiro título de Mr. Olympia, derrotando nomes como Kevin Levrone, Nasser El Sonbaty e o então campeão de 1997, Dorian Yates. O domínio de Coleman era evidente, e ele mostrava um físico gigantesco, mas também impressionante em termos de definição muscular e simetria — qualidades que o fizeram um competidor formidável.

A vitória de 1998 foi apenas o começo. Ronnie Coleman continuou a reinar no Mr. Olympia, conquistando o título consecutivamente até 2005. Seu físico, que misturava um tamanho monstruoso com uma estética refinada, se tornou o novo padrão de excelência no fisiculturismo. Durante esse período, ele se tornou não apenas o campeão de Mr. Olympia, mas também um ícone de trabalho árduo, dedicação e uma verdadeira inspiração para os atletas em todo o mundo.

O Estilo de Treinamento e Filosofia de Ronnie Coleman

O segredo de Ronnie para o sucesso não estava apenas em seu talento natural, mas em sua filosofia de treinamento extremamente intensa. Famoso por seu estilo de treino pesado, Coleman se destacava pelo volume e pelo peso que levantava. Ele frequentemente dizia que o segredo para ter sucesso no fisiculturismo era “levantar pesado”, e seu treinamento era marcado por sessões longas e com grandes cargas, além de um foco imenso na execução correta dos exercícios.

Embora sua abordagem tenha sido imitada por muitos, o treinamento pesado de Coleman teve um custo. Ao longo dos anos, o fisiculturista sofreu com diversas lesões graves nas costas e nas articulações. No entanto, ele nunca deixou que isso o impedisse. A dedicação ao treinamento era tamanha que, mesmo após a dor das lesões, Ronnie continuava a treinar com a mesma intensidade. As lesões, no entanto, acabariam afetando sua saúde no futuro, e ele seria forçado a encerrar sua carreira mais cedo do que muitos imaginavam.

O Declínio e a Aposentadoria de Ronnie Coleman

Depois de conquistar oito títulos consecutivos de Mr. Olympia, o reinado de Ronnie Coleman começou a enfrentar um desafio sério. Em 2006, Jay Cutler, um dos grandes rivais de Coleman, finalmente superou o rei do fisiculturismo, vencendo o Mr. Olympia daquele ano. Foi uma derrota amarga para Coleman, mas ele não desistiu. Em 2007, com o desejo de recuperar o título, Ronnie voltou ao palco, mas seu físico já não era mais o mesmo. As lesões, a sobrecarga nos treinos e os anos de competição começaram a cobrar seu preço.

Coleman, que antes dominava o palco com seu tamanho gigantesco e definição impressionante, já não exibia a mesma condição física. Mesmo assim, ele se manteve forte e focado, ficando em 4º lugar no Mr. Olympia daquele ano. Após essa competição, Ronnie decidiu se aposentar oficialmente do fisiculturismo competitivo, encerrando uma das carreiras mais impressionantes da história do esporte. 

A Vida Após o Fisiculturismo e o Legado

Após a aposentadoria das competições, Ronnie Coleman passou a se dedicar a sua marca de suplementos, a RC Supplements, que rapidamente se tornou um sucesso no mercado. Sua influência no fisiculturismo continuou forte, e ele ainda participa de eventos de grande porte, como o Arnold Classic e o Mr. Olympia, onde é reverenciado por sua contribuição ao esporte.

No entanto, o impacto mais profundo de Ronnie no fisiculturismo é seu legado como um dos maiores campeões de todos os tempos. Seu nome é sinônimo de superação, trabalho árduo e dedicação. Ele mostrou ao mundo que, com disciplina, qualquer atleta pode atingir o auge, e seu físico e ética de trabalho continuam a inspirar milhares de aspirantes a fisiculturistas ao redor do mundo.

Infelizmente, as lesões que marcaram sua carreira o acompanharam na aposentadoria. Ronnie sofre com dores crônicas nas costas e teve que passar por várias cirurgias, incluindo a retirada de parafusos de sua coluna. No documentário “The King” (2018), ele revelou que, embora o físico que o consagrou tenha desaparecido, o amor pelo fisiculturismo e sua determinação continuam vivos. Mesmo com dificuldades físicas, Coleman continua a ser uma referência não apenas no fisiculturismo, mas também na vida, por sua perseverança diante das adversidades.

Ronnie Coleman não foi apenas um campeão de fisiculturismo. Ele foi uma lenda, um verdadeiro ícone que redefiniu os padrões de tamanho, força e estética no esporte. Sua carreira, marcada por conquistas épicas e desafios imensos, é uma prova de que, com dedicação e paixão, é possível conquistar o impossível. Mesmo aposentado, o legado de Ronnie Coleman continuará a inspirar fisiculturistas e fãs em todo o mundo.Parte superior do formulário

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(Re)definindo limites: uma narrativa sobre coragem, profissão e psicologia

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Relato pessoal sobre como a satisfação profissional é possível e atemporal

Já passou pela sua cabeça que nem todo mundo tem certeza absoluta sobre o que quer ser na vida? E que a escolha profissional de alguém pode estar além do final do ensino médio? Pois é. Esta é a história de uma formanda em psicologia que perpassou por vários dilemas e faculdades antes de chegar aqui.

Eu sou Amanda, professora e mestranda em Filosofia, acadêmica do 9º período de Psicologia. O intuito desse relato é, de alguma forma, te acolher dentro das possíveis dúvidas que um processo de escolha de carreira pode gerar. Para entender o contexto, você precisa saber que eu fui uma criança um pouco diferente do que se esperava na época. Negociava meus lanches por livros, passava recreios inteiros dentro da biblioteca folheando enciclopédias e facilmente trocava interações sociais por um momento a sós com minha literatura. O uso das telas em casa era limitado e a superproteção dos meus pais limitava a minha vida social (o que só se tornou um problema na adolescência, mas isso já era esperado).

Vivendo uma adolescência um pouco conturbada, o ano era 2008 e eu estava saindo do ensino médio com nada além da certeza de que não sabia que rumo tomaria. Durante a infância, meus pais foram presentes e empenhados em fazer do meu processo educacional o melhor. Estudei em boas escolas e tive todas as oportunidades que eram possíveis naquela época. A questão é que ainda assim, não me senti segura para escolher um curso superior ao término do ensino médio. Depois de pensar várias vezes e não concordar com os resultados dos testes vocacionais, o desespero e a pressão de todos sobre uma decisão, começou a me deixar em sofrimento. Na época, eu tinha uma professora muito querida que fez brotar em mim o interesse em cursar História. Soou como uma boa possibilidade. Todavia, eu queria estudar História pois aquela menina curiosa que trocava lanches por livros, queria saber das histórias e não necessariamente ensinar sobre elas. Sem muitas opções por afinidade, era hora de comunicar aos meus pais a minha decisão.

A cidade que eu residia era interiorana e não possuía o curso, logo, se levasse a frente o planejamento, precisaria montar toda uma logística para sair da cidade e estudar fora. A resposta dos meus pais foi “não”. Por seus particulares motivos, decidiram que eu não sairia da cidade para estudar, teria que escolher entre algum dos cursos disponíveis na faculdade local. E foi assim que eu ingressei no meu primeiro curso superior: Direito. Agora é o ponto em que você pode pensar: “Qual o problema em cursar Direito?” Aparentemente nenhum, caro leitor. Exceto por uma coisa: eu odiava o Direito. Vale salientar que eu tinha dezesseis anos e não consegui – por nove períodos – me imaginar em qualquer que fosse a área de atuação relacionada ao curso. Por algum tempo tentei me encaixar pelos meus pais, porque os dois estavam felizes com a decisão. Os exemplos de familiares próximos que tinham sucesso na carreira jurídica, também eram reforçadores para que eu continuasse no curso. Só que lá no dentro de mim eu sentia que aquilo não daria certo.

Quando o primeiro ano de curso estava chegando ao final, minha mãe decidiu que eu iria estudar fora, mas não era Direito. No final de 2009, fui aceita em um programa para jovens músicos em Belo Horizonte, um tipo de internato com duração de dois anos. Ah, eu falei que sou musicista “de berço”? Pois é. Mas isso também não era algo que eu queria fazer. A música sempre foi um hobby pra mim e eu não queria institucionalizar isso. Neste momento, a minha retida vida social estava ganhando forma e sobre isso, eu estava muito bem. Todavia, era a chance que eu tinha de me livrar do Direito pelo menos por um tempo e assim aconteceu. Em 2010 então cheguei em Belo Horizonte para residir por 2 anos e aprender muito sobre música e afins. O curso não era de nível superior, mas foi um técnico que me acrescentou muitas trocas e experiências. Passado o tempo, era hora de voltar para casa e consequentemente para a faculdade. Sem a menor empolgação e expectativa de futuro, continuei por mais 4 períodos, até que casei e mudei-me para Palmas. Aqui muitas coisas mudaram, mas por vários motivos eu tinha medo de deixar o Direito. Um deles era sentir a decepção dos meus pais no olhar dos meus pais. Nessa época eu entendia que “honrar pai e mãe” significava viver a vida conforme as decisões deles, e isso me prendeu por muito tempo a decisões que não eram minhas. Transferi o curso pra cá e me tornei aluna da Ulbra pela primeira vez, em 2014.

Nesta época eu trabalhava, estudava, e não poderia estar mais frustrada sobre qualquer coisa relacionada ao Direito. O ano era 2015 e nada melhorava minhas expectativas a respeito. Lembro de ter conversas com outros acadêmicos cheios de perspectivas sobre suas futuras profissões e eu não sentia nada além de um desânimo profundo. Até que um dia, fui adornada pela possibilidade de um “amor antigo”, a Filosofia. No início, pensei que poderia ser algo somente para melhorar meu humor e não para deixar o Direito, até porque eu não me via professora de Filosofia. Ela sempre foi um “lugar mágico” pra mim, onde desde a adolescência eu frequentava a fim de entender os mistérios sobre o mundo e as pessoas. Fiz vestibular na Universidade Federal do Tocantins e quase não me contive de alegria quando saiu o resultado positivo. Agora o desafio era conciliar duas faculdades e um emprego – não deu certo. Logo, os problemas com o Direito ganharam ainda mais evidência e os reforços da Filosofia também, foi este o cenário perfeito para que eu pudesse finalmente enfrentar meus pais e dizer que iria desistir do Direito por hora. Foi uma decisão difícil com reflexos que ressoaram quase até os dias atuais.

Este foi o período inicial da minha primeira transição, mas ainda não foi de carreira, apenas de nicho. Lembra que eu disse que era musicista de berço? Em paralelo a todos esses dilemas acadêmicos, construí uma carreira sólida e agradável como professora de Música. Foram muitas escolas, apresentações, eventos, corais, práticas em conjunto e momentos relacionados. Eu amei esse universo todos os dias, até sair dele. Era confortável ser eu ali dentro, porque não era eu à frente – sempre tinha um aluno, um grupo, uma banda, um coral… até que a Pandemia da COVID-19 veio e o que era tranquilo, começou a ser bem complicado. Tinha impressão que minha sala de aula, com 30 crianças ou adolescentes, ganhou uma expansão incalculável. Era pavoroso! Lembro-me do dia em que recebi meu diploma de Filosofia, senti uma alegria imensa, mas ao mesmo tempo muito medo. Dar aulas de Filosofia não seria como lecionar Música e aqui começaram os novos dilemas a respeito.

Em 2020 eu pude conhecer um novo universo, o das consultorias. “Ensinar adultos” fora da sala de aula. Deixei o diploma guardado e comecei a estudar muito sobre desenvolvimento pessoal, bem como sobre como trabalhar com isso. Fiz muitos cursos, palestras, viagens e quanto mais eu estudava, mais sentia que precisava estudar. Essa foi uma jornada de muita relevância para eu ser quem sou agora, pois foi nela que tive meu primeiro contato com a Psicologia. Eu lia e produzia muito conteúdo digital sobre performance e carreiras, imagem pessoal e afins. Me tornei uma Consultora de Carreiras. Todavia, cada vídeo postado, era um caos imenso dentro de mim: eu me sentia completamente invadida e exposta. Como era sofrido ter que me expor! A primeira live na rede social foi um verdadeiro tormento. Tudo aquilo era completamente aversivo para mim. A criança que teve sua vida social “atrofiada” e a adolescente que passou pelo mesmo, eram a mesma adulta que estava ali para mais de 6 mil pessoas todos os dias, se colocando à prova na tentativa de conseguir superar o desconforto. Quanto mais a Consultoria crescia, mais eu queria deixar as redes sociais de vez. Entenda, meu problema não era com o cliente, fiz várias consultorias maravilhosas nesse percurso. A minha questão era a exposição desnecessária e (na minha opinião), sem sentido.

Aqui entrou a relevância do acompanhamento terapêutico na minha vida. Existiam contextos inteiros a serem analisados no meu presente (e alguns no passado), até que eu entendesse qual a função de cada comportamento meu relacionado à minha vida profissional. Não foi (e não é) fácil, mas poderia ter sido muito mais difícil e até improvável, se eu não tivesse alguém para me acompanhar e me ajudar a entender coisas que eu nem sabia que precisavam ser pensadas em mim e sobre mim. Impressionante como saber sobre si mesmo é um combustível para qualquer coisa… eu descobri nesse processo.

2021 foi o ano em que eu iniciei a maior transição da minha vida profissional até hoje. Confesso que jamais havia pensado em cursar Psicologia antes, mas naquele momento fez todo sentido. Era um universo incrível a qual eu estava familiarizada, mas bem distante de compreender, e a cada disciplina cursada, cada teoria aprendida, cada estágio, intervenção e esforço devotados à conclusão dos semestres, eu me sentia mais “em casa”. Foi na Psicologia que entendi coisas sobre o outro e o mundo, que me mudariam completamente. Foi aqui também que eu me tornei um indivíduo em constante “desconstrução de certezas” e absorvi premissas irrefutáveis sobre subjetividade, seja a minha ou a do outro. Encontrei pessoas, histórias, pessoas com histórias e uma série de acréscimos que foram para além do âmbito cognitivo. Hoje, quase ao término deste processo, posso afirmar que eu não mudaria nada. Tudo o que vivi, somou ao meu repertório comportamental e por mais que eu não tenha visto ou compreendido de imediato, tudo me tornou quem sou hoje. E cá pra nós, eu sou muito interessante.

Não importa quantas vezes você precise recomeçar algo. Recomeços não precisam ser vistos como consertos de erros, entenda que para esta pessoa que te escreve, erros não existem – o que se tem são consequências de decisões tomadas por algum motivo que em algum momento fez sentido. Tome para si a certeza de que você pode ser feliz à uma decisão de distância, mesmo que esta te leve a uma série de outras que também precisarão ser tomadas. Seja realista, e se fizer sentido, se permita sonhar novas realidades certo (a) de que o caos da mudança é provisório. Então é isso, espero que conhecer esta parte da minha história te acolha em seus dilemas. Independente de quem você seja, eu acredito no seu potencial de mudança. Com amor, Amanda.

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“Extraordinário” – como o trabalho em equipe interprofissional transforma o contexto escolar

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O filme retrata a história de Auggie Pullman, um garoto com Síndrome de Treacher Collins, que inicia sua vida escolar e enfrenta grandes desafios.

A história do personagem e a ligação com a vida real

O filme “Wonder” (em tradução para o português: Extraordinário) criado por Raquel Jaramilo e lançado em 2017, trata-se de um drama-norte americano, contexto em que retrata a história de um menino que está iniciando sua vida escolar. Auggie, o personagem principal, convive com a Síndrome de Treacher Collins. Em função da sua aparência incomum, vivencia várias situações de discriminação. Inicialmente, sua mãe dava aulas em casa para ele, mas, ao passar do tempo, isso se tornou inviável, sendo necessário que Auggie passasse a frequentar a escola.

Desde quando nasceu, Auggie se via como uma pessoa feia, pois sofreu com os olhares, julgamentos e piadas das pessoas a respeito da sua aparência em diversos contextos antes mesmo de adentrar à escola. Em algumas situações, ele usava com seu capacete de astronauta, com o intuito de esconder o seu rosto. Ao decorrer da sua vida, foi submetido a diversas cirurgias plásticas, com o intuito de melhorar a sua aparência e qualidade de vida.

Trazendo esse comportamento do Auggie, verbalizar que se considerada uma criança feia e utilizar o capacete para esconder o seu rosto, para o campo da Psicologia e, de acordo com a autora Judith Beck (2013), baseando-se na abordagem Terapia Cognitivo Comportamental, podemos definir essa ação como uma esquema desadaptativo, que é um padrão enraizado  de pensamentos, crenças e emoções negativas a respeito de si, dos outros e do mundo, no qual são desenvolvidos ao longo do tempo e influenciados por experiências vividas.

Segundo Aaron Back (1976 citado por Duarte et al. 2008), os esquemas desadaptativos contribuem de forma negativa na vida do sujeito, onde ele irá delinear a forma como aquele indivíduo interpreta o mundo. Isso pode impactar na baixa autoestima, na forma de se relacionar com as outras pessoas, no aumento e consistência de comportamentos disfuncionais e até mesmo na insistência do problema. No caso do Auggie, ficou evidente em como ele lidava com o fato de ser considerado uma criança feia, com a forma de lidar com os olhares e julgamentos dos outros e de si próprio e a estratégia de enfrentamento dessa situação .

Ao decorrer do filme, percebe-se a importância de alguns profissionais na trajetória do personagem. Desde o seu primeiro dia de vida, Auggie sempre teve um contato frequente com hospitais e profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros, que tinham como objetivo melhorar a sua aparência. Além desses, seu professor e o orientador contribuíram para criar um ambiente escolar melhor e mais acolhedor e, também, desenvolvendo uma melhora no bem-estar emocional e social do Auggie.

A história retrata algumas situações de bullying que Auggie vivenciou no contexto escolar e, foi abordado como os profissionais da escola conduziram esses acontecimentos, no qual eles não foram condizentes com as práticas de bullying feitas por outros alunos. Ambos tiveram atitudes respeitáveis, com o intuito de fazer com que o garoto fosse respeitado pelos colegas da escola.

Ao retratar a história, podemos perceber que Auggie está inserido em um ambiente de invalidação, no qual a psicologia entende ser um ambiente/contexto que influencia significativamente a sua saúde e bem estar emocional. Na abordagem Terapia Cognitivo Comportamental, é possível identificar qual seria esse ambiente de invalidação (ambiente escolar, familiar e etc.) e, a partir disso, reconhecer quais são as formas que essas invalidações acontecem, que no caso do personagem do filme, acontece através das críticas.

                 fonte: imagem criada por Sarah Coelho utilizando elementos do Canva

 

O papel da equipe interprofissional

Pensando na trama do filme, é notável a falta da figura de um psicólogo escolar devido às situações vivenciadas por Auggie. A presença desse profissional seria fundamental para abordar temas dentro da escola como a diversidade, sendo possível diminuir os impactos das situações relacionadas ao bullying, a dificuldade na interação social, insegurança e as dificuldades de estabelecer relações interpessoais.

De acordo com a Cartilha de Psicologia e Serviço Social na Educação Básica, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), destaca-se algumas razões para ter a presença de profissionais da área da Psicologia e do Serviço Social no contexto escolar, com o intuito de proporcionar um ambiente inclusivo que garanta uma aprendizagem de qualidade para todos.

Os profissionais dessas áreas citadas, podem contribuir para a melhoria na qualidade de vida da comunidade escolar (professores, alunos, coordenadores e etc.), através de projetos e discussões que tenham como objetivo enfrentar situações de preconceitos e violência na escola. Podem também contribuir na garantia da efetivação de direitos e políticas públicas que são de importância significativa  às crianças que estão inseridas no contexto escolar.

Ainda sob a ótica da Cartilha de Psicologia e Serviço Social na Educação Básica, do CRP e correlacionando com filme “Extraordinário”, foi notável o despreparo do corpo discente para receber Auggie na escola e lidar com situações de bullying. A Cartilha traz esse tema como uma das ações que um(a) psicólogo(a) ou assistente social pode realizar dentro do contexto escolar, que seria a formação continuada de professores, orientadores, diretores e etc., com o intuito de abordar temáticas do cotidiano escolar e, a partir disso, criar um repertório de soluções de problema no ambiente educacional.

Através da ótica do filme e, de acordo com o autor Carlos de Azevedo (2021) percebemos a importância da equipe interprofissional como algo primordial para buscar a melhoria da saúde física e/ou mental do indivíduo, abordando de forma mais abrangente as necessidades daquela pessoa e oferecendo cuidados mais personalizados sem, contudo, excluir.  A equipe interprofissional pode também ajudar no resultado de um tratamento mais eficaz.

Apesar da sua importância na vida do indivíduo, a equipe interprofissional enfrenta desafios entre si, como: a falta de comunicação efetiva, dificuldade na compreensão da função de cada membro daquela equipe, “hierarquia” profissional e entre outros (Peduzzi et al. 2008). E, devemos também enfatizar a importância de um psicólogo na formação dessa equipe, a depender da situação, pois ele irá contribuir na saúde mental e emocional do indivíduo e, se for o caso, da família. Irá colaborar também no entendimento dos aspectos psicossociais ligados ao contexto daquela pessoa.

 

Referências

BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2 Porto Alegre: Artmed, 2013.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Cartilha de Psicologia e Serviço Social na Educação Básica: Lei  nº 13.935/2019. Brasília.

DE AZEVEDO, Carlos Rafael Lopes et al. Atuação de uma equipe interprofissional no Programa Saúde na Escola: Relato de experiência. Research, Society and Development, v. 10, n. 3, p. e52410313628-e52410313628, 2021.

DUARTE, Aline Loureiro Chaves; NUNES, Maria Lúcia Tiellet; KRISTENSEN, Christian Haag. Esquemas desadaptativos: revisão sistemática qualitativa. Revista brasileira de terapias cognitivas, 2008.

PEDUZZI, Marina et al. Trabalho em equipe: uma revisita ao conceito e a seus desdobramentos no trabalho interprofissional. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, p. eoo24678, 2020.

 

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Quando o luto bateu em minha porta, fiquei sem chão

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No dia 10 de agosto de 2022, quando acordei senti uma sensação terrível, pois havia sonhado que eu estava em uma moto e descia uma ladeira, caindo em uma cratera, e um amigo tentou ajudar-me, mas ele caia em um abismo e gritava para que os filhos dele não o vissem morrendo.  Acordei com uma sensação temerosa, muito medo. Havia programado uma faxina em casa, para ficar tudo limpo e organizado, e assim foi feito, tudo em seu devido lugar. À tarde levamos as crianças para a escola, fui para o meu estágio, fiz um atendimento, e após enviei uma mensagem a esse amigo. Ao buscar meus filhos na escola, aquele sentimento de angústia aumentava, não sentia muita graça em nada, só vontade de chorar. Fomos a uma lanchonete, falei com meu esposo que gostaria de ir à Paraíso ver meus pais, ele disse vai, o carro já está abastecido. 

Pensei por um instante em irmos, mas veio o medo e a angústia do sonho novamente. Resolvi ir para casa mesmo, com o coração apertado, deitei em uma rede na varanda de casa, pedi lanche, pois eu não estava com ânimo para fazer um jantar. Fiz uma chamada de vídeo para meus pais, lembro-me de cada detalhe, eles estavam no quarto, papai aferindo a pressão da minha mãe, pois ela não estava sentindo-se bem, vivia uma fase muito crítica do tratamento em busca da cura de um câncer. 

Ao finalizar aquela chamada, me veio um alívio em poder ter visto os amores da minha vida juntos, lutando incansavelmente nesta batalha. Meu esposo e meus filhos decidiram assistir a um filme e eu resolvi subir para tomar um banho e deitar-me.  Era 22h35 quando vi meu telefone chamar, era meu irmão. Atendi como sempre, “Oi meu irmão!”. Ele disse: “Márcio está em casa?”. Respondi: “Sim”. 

“Venham para cá, o pai passou mal e caiu no banheiro”. Eu desci as escadas correndo senti como se estivesse descendo uma ladeira de moto. Quando perguntei ao meu esposo, “me explica, meu pai partiu?” Ele disse “sim, seu pai faleceu”. 

Eu senti a sensação como se estivesse caindo em uma cratera, não senti meus pés, o desespero bateu em minha porta e entrou em minha casa, nada fazia sentido para mim, a casa lavada, tudo organizado fisicamente, mas dentro de mim entrou um furacão destruindo tudo. O sentimento que posso descrever foi saudade desde o primeiro momento que soube da partida do meu pai, doía dentro da minha alma, nada poderia me trazer um consolo naquele momento. Comecei a viver intensamente as fases do luto. 

Primeiramente eu não acreditei e fui negando essa terrível notícia até chegarmos à Paraíso na casa dos meus pais. Ainda era tudo incerto, sentimento misto de desespero, angústia, pavor, medo, choro, e o pior deles que era uma saudade imensa de poder pedir uma benção e beijar a sua mão.  Retiraram o corpo do meu pai, fui olhar todas as suas coisas, escolher roupas para vesti-lo, guardar seus pertences no devido lugar, pois ele era imensamente organizado. Tentei entender o porquê eu não obedeci meu coração e fui conforme havia falado com meu esposo. Como poderia finalizar uma chamada de vídeo e imediatamente receber a triste notícia da morte do meu pai? Como uma pessoa que era meu amigo, pai, conselheiro, provedor, forte, entrou em um banheiro e teve uma morte súbita? Eram muitas perguntas sem nenhuma resposta. 

Na madrugada do dia 11 de agosto, o pior dia da minha vida, ver meu guerreiro dentro de uma urna, eu já não sentia meus pés pisarem em terra firme, eu ainda flutuava em uma queda contínua. Deixar o seu corpo em um cemitério e retornar para casa foi devastador, uma dor indescritível. E então, chegando à casa mesmo sem entender muitas coisas, percebi que eu estava vivenciando um processo de luto, o qual milhares de pessoas vivenciam. 

Através de algumas postagens descrevem as fases do luto como: Negação, Raiva, Barganha, Decepção e a Aceitação. Mas na verdade não vivemos o luto em sequência lógica e nem todos sentem a dor na mesma intensidade e no mesmo período de tempo. O luto é de forma singular, ele é único, e não devemos tentar superá-lo, mas vivê-lo é o melhor caminho a seguir. Entendendo que não existe uma ordem nas fases, pois o luto não é linear, mas sim labiríntico. Nesse labirinto, devemos procurar um melhor caminho a seguir. Se não estamos conseguindo suportar essa tamanha dor, precisamos de ajuda da rede de apoio como familiares, amigos, o lado espiritual e profissional.

Há dias que estou melhor, outros pior, mas entendo que a minha maior dor é a saudade de não poder viver tudo que vivi um dia com o meu pai. Na minha caminhada não busco metas impossíveis, mas acordo todas as manhãs com o sentimento que a palavra luto trás no verbo “lutar”. Com esse sentimento que vivo, buscando dias melhores, guardando em meu coração o pai herói que sempre tive – José de Jesus Alves Barros, meu amor para sempre. Hoje compreendo que meu pai por ter sido sempre meu protetor, jamais gostaria que eu estivesse presente no momento de sua partida.

Fonte: encurtador.com.br/hiKN3

 

Acadêmica: Ellen Risia Moraes Alves

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Marildes Andrade: é preciso investir em nosso autodesenvolvimento

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O (En)Cena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Marildes Martins da Silva Rocha Andrade, Piauiense, 52 anos, casada, mãe de três filhos. Marildes é servidora da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins há 27 anos, formada em Fisioterapia pela UEPB, Mestre em Saúde Coletiva pela UFBA. Na entrevista a seguir a entrevistada compartilha sobre a motivação que a levou a cursar psicologia, pontua seu interesse por literaturas relacionadas a essa área mesmo antes de ingressar no curso e quais são as suas expectativas futuras após a formação.

Confira este e outros detalhes na entrevista abaixo.

EnCena – O que te motiva a fazer psicologia já em uma fase mais amadurecida da vida?

A trajetória como fisioterapeuta me possibilitou trabalhar durante muito tempo em uma equipe multidisciplinar. Percebi o quanto era importante o paciente que estava em reabilitação também estar em psicoterapia, e como isso influenciava na evolução do tratamento fisioterapêutico. Também sempre gostei de leituras na área da psicologia. Paralelo a isso, a aposentadoria que se aproxima me fez refletir: o que farei quando me aposentar? Primeiro veio à aflição: não consigo me enxergar sem uma atividade, e por ocasião da pandemia em que fiquei um ano trabalhando em home-office veio a decisão de cursar psicologia.

Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação?

Penso na clínica e na abordagem da psicologia analítica junguiana.

Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia?

Primeiro, estudar psicologia exige muita dedicação e o aluno deve buscar leituras complementares, além das leituras acadêmicas. Segundo, estudar psicologia não é o mesmo que fazer psicoterapia, mas que fazer psicoterapia fará toda a diferença na vida profissional do aluno. Outra dica é que você pode fazer psicologia e escolher outras áreas que não seja a clínica, e para finalizar, a psicologia é uma ciência e isso é muito mais do que “ajudar os outros”.

Que aspectos internos foram mobilizados em sua vida a partir do curso?

Por meio de algumas aulas, gatilhos foram mobilizados e iniciei psicoterapia. Ainda em processo, percebo o quanto nos negligenciamos em prol de uma rotina estressante. E outro aspecto mobilizador, a importância de parar um pouco e nos voltarmos  para dentro de nós e o prazer de nos reencontrar.

Como é a experiência de conviver no curso com pessoas de diferentes idades e perspectivas?

Estou tendo uma ótima experiência. Aprendo muito observando seus comportamentos, seus posicionamentos e não me sinto diferente, nem inibida. Ali somos todos alunos.

Quais os maiores desafios enfrentados na pandemia relacionado à formação acadêmica?

Iniciei o curso durante a pandemia, então para mim foi uma forma de não me sentir “presa” em casa, pois durante a semana eu tinha aula e encontrava os colegas, mesmo virtualmente.

Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?

Cuidem de vocês, se priorizem, pois quando a gente vê o tempo passou e se não cuidarmos de nós, da nossa saúde mental, chegaremos à velhice como a sensação de termos deixado de fazer o mais importante: nos amar.

 

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A inclusão como caminho para superação do fracasso escolar

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O texto “Passagens: a psicanálise em movimento” de Patto (2005) é um convite para refletir sobre a temática da inclusão escolar.  Apesar de haver o respaldo em leis atuais que ditam que os direitos devem servir a todos, igualitariamente, na realidade concreta, o inverso se faz real e visível: os espaços sociais não se adequam, e os sujeitos que formam parte desses ambientes. Do contrário, se comportam de forma contrária ao que se é pregado verbalmente e ao que é ditado através das regras constitucionais estabelecidas. 

Como exemplo dessa realidade falha, entra a questão da inclusão escolar e do direito à educação. Mesmo que crianças portadoras de necessidades especiais sejam abrangidos pelas leis e normas vigentes, na práxis, o que de fato se vê, é o abandono e a inépcia diante dessas crianças. 

Esse desamparo carrega uma raiz social e cultural, por vezes associada à uma falta de conhecimento e extenso despreparo. Sendo assim, é quase que preferível se manter na ignorância por comodismo e culpabilizar terceiros sem iniciar questionamentos e movimentos transformadores, criando então um ciclo vicioso que se retroalimenta em prol de uma inércia palpável que gera prejuízos para aqueles que necessitam ter acesso aos direitos dignamente. Para quem é a escola?

Em consonância com tais fatos, têm-se as vivências reais que exemplificam as dificuldades sentidas e vividas, bem como as limitações que ainda persistem. Essas vivências densas e árduas se tornaram notícias em distintos canais de comunicação, revelando a necessidade de uma mudança profunda e extensa no meio social e escolar.

São inúmeros os relatos advindos de pais de crianças com problemas de aprendizagem ou atraso no desenvolvimento que pedem por mudanças no processo escolar que, por vezes, chega a ser violento. Na outra ponta, temos os professores que afirmam o despreparo, a falta de recursos e apoio. 

As questões levantadas por Patto (2005), trazem essa reflexão para problematizar as instituições formadoras que se propõem à atividade de formar, mas que na prática excluem e segregam. O que é inclusão? Certamente é mais que estar no espaço: perpassa a ocupação dos ambientes sim, mas além de preencher, incluir diz da possibilidade de transformar realidades e, neste processo cíclico, se produzir e se reproduzir. É um processo dinâmico, contínuo, vivo e potente! Para incluir precisamos de mais do que simples profissionais/educadores capacitados: precisamos de seres humanos imbricados na tarefa de ensinar, de formar, de desenvolver… 

Na série: “(Re)Produção do Fracasso Escolar: a potência libertadora do ato de ensinar”, trazemos entrevistas realizadas com docentes de diferentes etapas do processo de formação acadêmica, tanto do segmento público quanto privado, para falarmos sobre a inclusão escolar e os desafios da docência na atualidade.

Referências:

PATTO, Maria Helena Souza. Prefácio. Passagens: a psicanálise em movimento. In: COLLI, Fernando Anthero Galvão; KUPFER, Maria Cristina Machado. Travessias: inclusão escolar: a experiência do Grupo Ponte Pré-Escola Terapêutica Lugar de Vida – USP. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, p. 9-16.

SILVEIRA, J. C. Autismo: inclusão para além do diagnóstico. Extra Classe, 12 mai. 2022. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/educacao/2022/05/autismo-inclusao-para-alem-do-diagnostico/ . Acesso em 10 nov. 2022.

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