Após o câncer de mama, a solidariedade

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Em março de 2016, fui diagnosticada com câncer de mama por meio de exame de rotina. Infelizmente, era grau 3 e estava em estágio avançado. Naquele momento foi como se abrisse um buraco no chão.   

Comecei meu tratamento com oito sessões de quimioterapia e, em setembro, tive neutropenia gravíssima, com uma infecção que poderia vir a óbito. Em março de 2017, fiz a cirurgia de retirada do nódulo. Sofri muito com o tratamento, tive todas as sequelas possíveis, além de queimaduras grau 3 nas radioterapias. 

Um ano após o diagnóstico fiz hirestomia radical com abertura vertical, retirada do útero, o que me impediu de ser mãe. Também perdi meus cabelos durante o tratamento.   

Ao observar meus desafios nesse período, pensei em uma maneira de ajudar outras pessoas. Fundei no dia 15 de janeiro de 2018 o Grupo Unidas para Sempre, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias. 

Fonte: Arquivo pessoal. Jaqueline – esquerda – sendo ajudada por amigos e voluntários

Criei um grupo nas redes sociais para que mulheres com câncer pudessem compartilhar entre elas suas dores. O número de participantes foi aumentando e ainda tivemos indicações de profissionais que se apresentavam como voluntários.   

Atualmente, contamos com o apoio de psicólogas, nutricionistas, advogadas, oncologistas, clínico geral entre outros profissionais, que atendem as pessoas que não possuem recursos para cobrir esses custos.    

A pandemia aumentou os nossos desafios e de quem estava doente. Percebendo a nova necessidade das famílias, já que muitos parentes dos doentes perderam o emprego, começamos uma mobilização para doar cestas básicas e kits de higiene pessoal.  

Sei que cada um de nós tem um legado. O meu é de doar todo amor que posso e viver a vida intensamente. Da minha maior dor, Deus me deu a vida e o Unidas para sempre. 

Essa é minha missão!

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Casamento contemporâneo: convívio entre individualidade e conjugalidade

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Em “Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade”, a autora Terezinha Féres-Carneiro aponta para a complexidade dos relacionamentos conjugais e da lógica do um ser dois e dois ser um. Segundo ela, a maior dificuldade em se tornar casal está no fato de serem dois indivíduos, duas perspectivas de mundo, duas histórias de vida, dois projetos de vida, duas identidades diferentes. Na relação amorosa, esses dois sujeitos se deparam com uma identidade de casal, um projeto de vida de casal, uma história de casal, perdendo um pouco da individualidade de cada um.

Fonte: http://zip.net/bxtJW4

 

O casamento sempre foi, antes de mais nada, um vínculo criado entre duas famílias com o intuito de garantirem a própria proteção, ao se tornarem mais fortes e unindo os bens considerados essenciais para a sobrevivência. Com isso, Levi-Strauss aponta que a proibição do incesto estava mais para uma regra de ceder a mãe, a irmã ou a filha para outrem, sendo esse um aspecto da formação e organização das sociedades humanas. Antes, como o casamento era um meio para manter a existência humana, seja pela união de famílias, seja pela procriação, era visto que o amor e o prazer estavam desvinculados dessa instância da vida dos sujeitos, sendo esse amor e prazer encontrados em uma vida extraconjugal. Logo, percebe-se que a fidelidade não era um quesito notável.

Porém, um novo modelo de casamento surge no Ocidente, repercutindo até os dias atuais.  É o casamento por amor, onde ambos os envolvidos precisam amar-se para dar esse grande passo. Também apresenta-se o amor-paixão, em que o erotismo entra na dinâmica  conjugal, sendo agora o casamento um espaço parao exercício do amor e do prazer. Então, a fidelidade conjugal passa a ser uma atitude esperada pelos casados. Por fim, a autora enfatiza a dificuldade do relacionamento conjugal contemporâneo, época em que as individualidades se fazem com forte presença. Assim, o casamento tornou-se mais um modo de satisfação de cada cônjuge do que a satisfação dos desejos em comum do casal. Dessa forma, a relação só se manterá enquanto ela estiver atendendo as necessidades individuais de cada um.

Fonte: http://zip.net/bmtHYk

 

Portanto, percebe-se que o casamento, hoje, está sob o livre arbítrio dos sujeitos, podendo eles escolherem com quem e se desejam realmente se casarem. É espaço para o amor e o prazer, mas continua sendo também espaço de proteção dos envolvidos. O fato é que, se escolher entrar nessa dinâmica, é necessário deixar um pouco de lado o individualismo, contribuindo assim para a manutenção da relação conjugal.

REFERÊNCIAS: 

CARNEIRO, F.  T. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 22.07.98.

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