Curso de extensão da UNILA completa 8 anos de formação sobre história e cultura indígena

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Realizado em parceria com o Conselho Indigenista Missionário, objetivo do projeto é capacitar multiplicadores para abordar de maneira abrangente e respeitosa as temáticas indígenas em diversos contextos

Mais de 400 participantes já passaram pelo curso de extensão em Histórias e Culturas Indígenas, ofertado desde 2016 pela UNILA, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em novembro de 2023 foi encerrada a oitava turma do curso, que tem o objetivo de formar multiplicadores qualificados para a abordagem da história e cultura dos povos indígenas e estabelecer novas relações com esses povos a partir do campo de atuação de educadores e profissionais.

Desde 2020, o curso é ofertado na modalidade virtual, o que ampliou ainda mais a sua abrangência. Anualmente, são ofertadas 60 vagas, porém em 2023 foram quase 600 inscritos de todas as regiões do país e com formações acadêmicas diversas.

“Nesses 8 anos, o curso tornou-se um espaço de aprendizado não apenas para acadêmicos, mas para profissionais de diversas áreas, solidificando sua importância no cenário educacional. Participar dessa formação é uma oportunidade de rever conceitos equivocados deixados pelo colonialismo, contribuir para a desconstrução de preconceitos e criar relações respeitosas com as sociedades indígenas”, salientou o coordenador do curso, professor Clovis Brighenti.

O curso surgiu de uma demanda apresentada à UNILA pelo Cimi, que via a necessidade de criar espaços de formação para a implementação qualificada da Lei 11.645/2008, que estabelece a obrigatoriedade do estudo de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e privadas do país. Com o tempo, o projeto de extensão acabou chamando a atenção não apenas de educadores, mas também de jornalistas, operadores do direito, psicólogos, professores universitários e estudantes interessados em ampliar abordagens voltadas aos povos originários em suas áreas de atuação. Até 2019, o curso era ofertado presencialmente em Luziânia (GO).

Uma jornada transformadora
Entre os participantes da turma de 2023 do curso, está a cineasta Inês Castilho. “O curso de extensão Cimi/UNILA é um curso de excelência que nos presenteou com um amplo espectro de conhecimento. O maior presente foi nos colocar em contato direto com a voz de cinco mulheres indígenas, com seus corpos-territórios carregados de ancestralidade. Todos choramos diante da beleza que elas nos entregaram do coração, ao contar como escutam a Mãe Terra e resistem à violência há 500 anos”, lembra.

Já a advogada Ana Carolina Magnoni descreve o curso como uma jornada transformadora. “A diversidade de perspectivas e a profundidade das discussões proporcionaram uma compreensão mais ampla das riquezas das culturas indígenas. Sinto-me agora não apenas informada, mas comprometida em contribuir para a preservação dessas culturas e luta por seus direitos”, declarou Ana Carolina, que é advogada popular de Curitiba (PR).

A assistente social e acadêmica de Antropologia paraense Adriana de Souza destacou a qualidade do curso. “O curso deu uma noção introdutória ampla, mas incentiva que a gente se aprofunde. O legado importante foi abrir os olhos, os ouvidos e o coração para ouvir o que essas populações têm a dizer”, contou Adriana, que é de Marabá (PA).

Seleção é sempre no segundo semestre
A próxima seleção do curso de extensão em Histórias e Culturas Indígenas deve ser realizada no segundo semestre de 2024. Os participantes são selecionados por meio de edital público divulgado pela UNILA e pelo Cimi.

A carga horária total do curso de extensão é de 180 horas, distribuídas em 150 horas de aula na modalidade remota e outras 30 horas dedicadas ao trabalho final. Entre os tópicos abordados no curso, estão Educação para a Diversidade; História e Resistência Indígena; Antropologia Indígena; Bem Viver; Terra, Território e Territorialidade; Direitos indígenas e Conjuntura Política Indigenista.

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Ministra Sonia Guajajara e lideranças Avá-Guarani debatem reparações e direitos indígenas na UNILA

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Na abertura do Seminário Internacional Mundo Guarani, ministra anunciou acordo para a restauração de direitos das comunidades indígenas afetadas com a construção da usina de Itaipu


Lideranças e integrantes de comunidades indígenas lotaram o auditório do Jardim Universitário na quarta-feira (22) durante a abertura do Seminário Internacional Mundo Guarani. O evento, promovido pelo Observatório da Temática Indígena na América Latina da UNILA, contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que realizou um diálogo sobre as reivindicações dos Avá-Guarani na região, principalmente no que se refere às reparações às violações de direitos. A participação da ministra e da comitiva do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) no Seminário faz parte da caravana “Participa, Parente”, que está percorrendo diversas regiões do país para ouvir as demandas das comunidades indígenas e apresentar as políticas que estão sendo construídas pelo MPI.
                                                                                                                           Fonte: imprensa.unila

 Ministra Sonia Guajajara: Demarcação de terras indígenas é prioridade

Na UNILA, Sonia Guajajara recebeu documentos com reivindicações da aldeia Tekoha Añetete, de Diamantes do Oeste; da Comissão Guarani da Verdade, que é formada por lideranças guaranis da região Oeste do Paraná; e do Comitê Gestão Étnica, grupo formado por indígenas brasileiros e paraguaios da área da usina Itaipu Binacional. Representantes do povo Xetá também tiveram a oportunidade de entregar uma carta para a ministra. “Os Xetá são um povo que habitava a região da Serra dos Dourados que teve praticamente toda sua população dizimada na década de 50. Hoje, restam apenas cinco indígenas Xetá, que foram afastados de suas comunidades ainda na infância pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio. Hoje, eles vivem em diferentes pontos da região Sul do país e requerem um pequeno espaço de terra para que possam viver junto com seus descentes”, explicou o professor Clóvis Brighenti, enquanto o grupo entregava o documento com suas reivindicações para a ministra.

Reparação e visibilidade
Em sua fala, Sonia Guajajara disse que a retomada dos processos demarcatórios das terras indígenas é uma das prioridades do Ministério. “Sei que aqui na região tem uma situação bem delicada e bem complexa com os Avá-Guarani, mas hoje nós temos uma presidência da Itaipu que está se dispondo a conversar com as lideranças indígenas, com o ministério e com a Funai. Hoje a Itaipu reconhece que há uma dívida histórica com o povo Avá-Guarani, que foi duramente impactado com a construção da usina. E nós estamos acompanhando essa discussão para garantir que essa política de reparação aconteça”, declarou a ministra. Em junho de 2023 a Itaipu Binacional reconheceu, pela primeira vez, a violação de direitos do povo Avá Guarani impactado pela construção e funcionamento da usina a partir dos anos 1970.

Durante o seminário, a ministra anunciou que o Ministério dos Povos Indígenas irá tratar de um termo de cooperação com a presidência de Itaipu para o planejamento desta reparação. “Eu sei que nada que se fizer vai reparar a perda de um território e recompor para vocês toda essa relação que existia com o território. Mas nós precisamos, pelo menos, amenizar essa situação e garantir que o povo Avá-Guarani tenha suas terras e tenha também liberdade e segurança”, salientou Sonia Guajajara.

A secretária de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas do MPI, Eunice Kerexu, disse que o momento histórico que o Brasil vive hoje é propicio para dar visibilidade às lutas dos povos indígenas. “Por muito tempo os povos indígenas foram invisibilizados, principalmente os que moram em região de fronteira ou no interior, que historicamente são mais afetados pela negação de direitos. Então, estar aqui em Foz do Iguaçu e falar com o povo Guarani dessa região é dar também visibilidade para a realidade dessas comunidades”, destacou.

                                                                                                                                        Fonte: impresa.unila 

Considerado histórico, evento reuniu indígenas do Paraná e do Paraguai 

Seminário Mundo Guarani
Promovido pelo Observatório da Temática Indígena na América Latina da UNILA, o 1º Seminário Internacional Mundo Guarani reuniu acadêmicos e indígenas paranaenses e do Paraguai em torno de temas como ecologia e bem viver, cosmologia Guarani, territorialidade transfronteiriça, além das reparações às violações de direitos dos indígenas Avá Guarani por agentes corporativos e estatais.

Além da ministra Sonia Guajajara e a secretária Eunice Kerexu, estiveram presentes no evento a secretária de Articulação e Promoção de Direitos dos Povos Indígenas, Joziléia Kaingang; o gestor dos Programas de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto; a chefe de gabinete da Reitoria da UNILA, Senilde Guanaes; além de representantes da Anistia Internacional do Brasil e do Paraguai.

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