Van Gogh e o impacto na pré-modernidade e nas relações contemporâneas

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Vincent Willem Van Gogh nasceu em 30 de março de 1853, em Zundert, na Holanda. Filho de um pastor, Van Gogh foi uma pessoa intensamente emotiva e profundamente dedicada a projetos de ajuda ao próximo, inicialmente seguindo os passos religiosos de sua família. Sua carreira artística começou relativamente tarde, por volta dos 27 anos, após fracassar em carreiras comerciais e religiosas. Durante sua vida, Van Gogh se escondeu contra problemas psicológicos. Após um incidente em que cortou parte de sua própria orelha, ele se internou voluntariamente em um asilo em Saint-Rémy-de-Provence. Foi durante esse tempo no asilo que ele produziu algumas de suas obras mais reconhecidas, a “Noite Estrelada”. Essas pinturas são notáveis ​​por seu estilo emocional, uso dramático de cor e pinceladas expressivas que evocam movimento e intensidade emocional (Lossani, 2010).

Van Gogh faleceu em 1890, aos 37 anos, de um ferimento auto infligido. Na época de sua morte, ele era pouco conhecido fora de um pequeno círculo de artistas e negociantes. Após sua morte, o trabalho de Van Gogh ganhou fama e reconhecimento, influenciando gerações de artistas no século XX e além (Naifeh; Smith, 2010).

Suas obras são desenhadas pelo uso emocional de núcleos e pinceladas, que muitas vezes refletem sua luta interna com a depressão e a solidão. Van Gogh produziu mais de 2.100 obras, incluindo cerca de 860 pinturas a óleo e mais de 1.300 aquarelas, gravuras e desenhos. Vincent van Gogh, embora não seja extremamente reconhecido durante a sua própria vida, desempenhou um papel crucial na evolução da arte moderna. Suas técnicas e estilo, caracterizados pelo uso expressivo de cores e pinceladas, representaram uma ruptura significativa com as tradições realistas da pintura do século XIX (Van Gogh’s Influence on Art, 2019).

Durante a pré-modernidade, Van Gogh não foi extremamente reconhecido. No entanto, sua abordagem única e expressiva para a pintura começou a desafiar as normas estéticas vigentes. Ele foi um precursor da expressão de emoções intensas através de pinceladas dramáticas e uso de cores vivas, o que mais tarde influenciou movimentos artísticos como o expressionismo e o fauvismo. A sua obra “Noite Estrelada”, por exemplo, é uma demonstração de sua habilidade em usar a cor e a forma para expressar seu estado emocional interno, algo que rompeu com os padrões realistas da época (Lossani, 2010).

No período em que Van Gogh esteve ativo, o mundo artístico foi dominado pelo realismo e pelo impressionismo. O realismo focava em retratar a vida cotidiana de maneira detalhada, enquanto o impressionismo buscava capturar os efeitos da luz natural. Van Gogh, influenciado inicialmente por esses movimentos, iniciou uma experiência com as técnicas impressionistas, mas logo levou a um novo patamar (Naifeh; Smith, 2010).

Sua abordagem era radicalmente diferente. Ele usava cores vivas e emotivas de maneira que não buscava simplesmente representar a realidade, mas expressar emoções e estados psicológicos. Suas pinceladas eram grossas e aplicadas de tinta, criando uma textura que dava vida e movimento às suas pinturas. Essa técnica, conhecida como pós-impressionismo, abriu caminho para futuras gerações de artistas explorarem suas expressões pessoais em detrimento da fidelidade à representação naturalista (Van Gogh’s Influence on Art, 2019).

Apesar da falta de reconhecimento imediato, a obra de Van Gogh foi fundamental para a transição para a arte moderna. Após sua morte, críticos de arte e artistas começaram a reavaliar suas obras, que passaram a ser vistas como precursoras de movimentos modernistas como o expressionismo e o fauvismo. Artistas como Matisse e Kandinsky citaram Van Gogh como uma influência significativa por seu uso inovador de cor e abordagem emocional (Naifeh; Smith, 2010).

Portanto, o impacto de Van Gogh na pré-modernidade foi postumamente reconhecido como uma ponte crucial entre o impressionismo e as formas mais experimentais de expressão artística no início do século XX. Suas técnicas e estilo ajudaram a desafiar e expandir as fronteiras da arte da época, fazendo dele uma figura central na história da arte moderna.

Escolhi escrever sobre Vincent van Gogh porque ele representa, para mim, um exemplo poderoso de como a arte pode ser uma forma profunda de expressão emocional. Meu primeiro contato com sua obra foi no primeiro ano do ensino médio, quando vi pela primeira vez “Comedores de Batata”. Fiquei horas admirando a pintura, intrigada pela profundidade das pinceladas e a crueza da cena retratada. 

A partir desse momento, comecei a pesquisar mais sobre sua vida, que me tocou por ser tão turbulenta e ao mesmo tempo tão rica em expressão artística. Van Gogh me fascina pela sua capacidade de canalizar suas emoções e desafios através de um estilo único, com pinceladas que parecem ter vida própria. Ele se tornou uma figura inspiradora para mim, não só pela sua arte, mas pela maneira como ele se manteve fiel a si mesmo, independentemente do reconhecimento durante sua vida.

Referências:

LOSSANI, Chiara. Van Gogh e as Cores do Vento. Lisboa: Livros Horizonte, 2010.

NAIHEH, Steven; SMITH, Gregory White. Van Gogh: A Vida. Lisboa: Livros Horizonte, 2010.

Van Gogh’s Influence on Art: Bridging Impressionism and Expressionism. Disponível em:. https://www.economist.com/prospero/2019/03/27/vincent-van-gogh-a-literary-life. Artigo disponível em bases de dados de arte e história da arte.

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‘No portal da eternidade’ foge do caricato e acerta na humanidade de Van Gogh

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Concorre com 1 indicação ao OSCAR:

Melhor ator

Sempre focado no seu objetivo de pintar para assim conseguir mostrar
aos outros o seu modo de ver o mundo, Vincent vivia de modo obsessivo

Quando vemos alguma obra que retrate a vida do genial pintor holandês, quase sempre nos deparamos com uma visão de que ele era um homem tão problemático, que chegava ao ponto de quase não ser humano. Em ‘No portal da eternidade’ o diretor e co-roterista Julian Schnabel, sabiamente, foge dessa narrativa caricata que segue Vincent Van Gogh (Willem Dafoe) e representa o pintor de uma forma extremamente humana.

No filme, que tem seu início já nos últimos anos de vida do biografado, Vincent vive só de suas pinturas, porém não por ser um artista de sucesso, mas sim porque seu irmão Theo Van Gogh (Rupert Friend), um negociante de arte, sustenta o artista para que ele possa seguir seu sonho. Nesse caso a melhor afirmação a se fazer é a de que Vincent não vivia de suas pinturas e sim vivia para elas.

fonte: https://bit.ly/2BLhIBg

Sem conseguir alinhar suas ideias com a dos artistas e também do público de Paris, após conversa com o também pintor e amigo Paul Gauguin (Oscar Isaac), Van Gogh ruma ao sul da França, onde procuraria tranquilidade e inspiração para elevar a qualidade de suas pinturas. O que de fato encontrou, porém o seu modo excêntrico de viver fez com que o mesmo fosse odiado por grande parte da população das cidades em que viveu.

Sempre focado no seu objetivo de pintar para assim conseguir mostrar aos outros o seu modo de ver o mundo, Vincent vivia de modo obsessivo, concluindo diversas obras em poucos dias. No entanto essa obsessão fazia com que o mesmo se desligasse de outros aspectos de sua vida, como retratado; em certa época o mesmo passava semanas sem ao menos tomar um banho, era muitas vezes agressivo e sofria com lapsos de memória.

Para tentar fazer com que Vincent se comportasse melhor, seu irmão Theo resolve então fazer um acordo para que Paul Gauguin vivesse um tempo no sul da França junto com Vincent. O que foi muito bom enquanto durou, porém em pouco tempo Gauguin passa a fazer sucesso e tem que se mudar para Paris.

fonte: https://bit.ly/2Siv4dA

O que leva ao momento mais caricato e possivelmente mais memorável da vida de Van Gogh ao qual nem mesmo o diretor Julian Schnabel consegue deixar de retratar, após brigar com Gauguin, o pintor holandês corta uma de suas orelhas e entrega a uma moça a pedido de que esta encontrasse seu amigo e entregasse a mesma para ele, como um pedido de desculpas.

Após o ocorrido, Van Gogh é internado em um asilo, onde ao conversar com um padre (Mads Mikkelsen) antes de sua liberação, chega a conclusão de que suas pinturas não são para as pessoas de seu tempo. Se muda para a cidade de Auvers-sur-Oise onde ao pintar o retrato de um amigo chega a outra conclusão: sua pintura não tinha mais o objetivo de mostrar aos outros como ele enxergava o mundo e sim o de marcá-lo para a eternidade.

Em Auvers-sur-Oise Van Gogh viveu por 80 dias antes de ser baleado e por conta do ferimento vir a falecer 30 horas depois. Durante os 80 dias nessa nova cidade, o artista pintou 75 quadros, que junto as suas outras aproximadamente duas mil obras, definitivamente o marcou para a eternidade.

fonte: https://cbsn.ws/2D1Ec1T

Fora uma nova visão da história de Van Gogh, o filme ainda conta com uma fotografia que muitas vezes utiliza uma paleta de cores semelhante a utilizada por Van Gogh, o que gera muitas imagens bonitas. Outra curiosidade da fotografia, é como muitas vezes a câmera nos coloca na perspectiva da personagem principal, o que humaniza a visão dos acontecimentos e gera maior aproximação de quem assiste a obra.

FICHA TÉCNICA:

fonte: https://imdb.to/2G8Dode

NO PORTAL DA ETERNIDADE

Título original: At Eternity’s Gate
Direção: Julian Schnabel
Elenco: Willem Dafoe, Rupert Friend, Oscar Isaac, Mads Mikkelsen;
Ano: 2018
Países: Estados Unidos da America, França
Gênero: Drama, Biografia

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