Sexualidade na velhice: velhos fazem sexo?

Compartilhe este conteúdo:

A pergunta base do título poderia ser simples responder. Do ponto vista físico/fisiológico não há nada que impeça uma pessoa, homem ou mulher, a prática de sexo/sexualidade na fase da velhice.

Contudo, em nossa sociedade, sexo/sexualidade são cercados de tabus e preconceitos. Na fase da velhice o assunto é ainda menos explorado. Assim, quanto pensamos a sexualidade nesta fase da vida temos a tendência a nega-la vendo indivíduos velhos como seres assexuados, como algo que não é natural, afinal, “sexo é para jovens” como uma ideia corrente no imaginário popular, mesmo para a população afetada. Pensar que nossos avôs e avós podem ter vida sexual nos causa grande estranhamento e surpresa, afinal, já são velhos.

Os tabus e preconceitos que envolvem o sexo em nossa sociedade estão muito relacionados a religiosidade que credita ao sexo apenas a reprodução, assim, nesta fase da vida onde não há mais a capacidade reprodutiva, mulheres após a menopausa não possuem mais capacidade de engravidar e homens tem sua fertilidade diminuída, a sexualidade perde o sentido seguindo esta linha de pensamento. Tabus em relação ao próprio corpo, afinal não são mais viris e rígidos, flacidez, menopausa, dificuldades de ereção ou manutenção da ereção, maior tempo para lubrificação vaginal, também são considerados um problema para esta parte da população.

Contudo, é preciso lembrar que sexualidade não envolve apenas relação sexual pênis/vagina, mas que a expressão da sexualidade pode ser vastamente explorada, no entanto, esses próprios tabus e vergonhas, acima mencionados, impendem que as pessoas nesta fase da vida procurem outros modos de sentir prazer já que o prazer pelo prazer é considerado pecado pela maioria das religiões cristãs. Deste modo, temos no imaginário popular que os velhos são seres assexuados, sem libido e/ou vontade de praticar sexo ou qualquer expressão de sexualidade.

Assim, respondendo à questão levantada no título do texto: velhos podem e devem praticar sexo e explorar sua sexualidade da forma que melhor lhes satisfazer. Mas para isso o debate deve ser aberto, sincero e sem preconceitos. Não podemos negar a esta população algo que faz parte da vida. O envelhecimento da população é algo perceptível e nesta fase da vida muitos direitos são negados e tolhidos, sendo entendido como mais uma violência simbólica, aquela violência sutil e não percebida tanto por quem a pratica quanto por quem está sofrendo.

Para finalizar, ressaltamos o que diz a Organização Mundial de Saúde – OMS, sobre sexualidade: “A Organização Mundial de Saúde considera a sexualidade como um aspecto fundamental na qualidade de vida de qualquer ser humano. Essa dimensão é fundamental em tudo o que somos, sentimos e fazemos. A OMS considera ainda a saúde sexual como uma condição necessária para o bem-estar físico, psíquico e sociocultural”. Observemos que este texto inclui “qualquer ser humano” sendo assim, a população de idade mais avançada também está incluída não sendo justo negar-lhes a possibilidade da busca do prazer e bem-estar que as diversas expressões de práticas sexuais são capazes de proporcionar.

Referências:

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Sexual and Reproductive Health. WHO, 2006. Disponível em: https://www-who-int.translate.goog/teams/sexual-and-reproductive-health-and-research/key-areas-of-work/sexual-health/defining-sexual-health?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc . Acesso em: 17/03/2022.

UCHÔA, Yasmim da Silva. Et. Al. A Sexualidade sob o Olhar da Pessoa Idosa. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(6): 939-949. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/7dtmjLMf3c4bHR8bgcQDFXg/abstract/?lang=pt.  Acesso em: 18/03/2022.

VIEIRA, Kay Francis Leal. Et. Al. A Sexualidade Na Velhice: Representações Sociais De Idosos Frequentadores de Um Grupo de Convivência. Psicologia: Ciência e Profissão jan/mar. 2016, Vol.36 Nº 1, 196-209. doi: 101590/1982-3703002392013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/dtF8qQ6skTwWk4jK5ySG7Gq/abstract/?lang=pt. Acesso em: 18/03/2022.

Compartilhe este conteúdo:

Infantilização do Idoso e os Impactos em sua autonomia

Compartilhe este conteúdo:

O processo de envelhecimento é algo inerente a qualquer ser vivo. Todos e todas iremos envelhecer e o modo que idosos são tratados em sociedade é algo que muda conforme a cultura. Em nossa sociedade ocidental o velho e a velha são considerados cidadãos de menor valor. A violência contra a população idosa é praticada de várias formas. Entende-se violência como qualquer ato que gere danos físicos ou mentais e podem ser praticadas de forma ativa ou passiva.

Dentre as violências físicas, as mais conhecidas e, embora sejam condenadas socialmente, ainda são muito presentes no dia-a-dia, podem ser entendidas como as omissões de cuidados, violência física e sexual como também a patrimonial. Mas existe também um tipo de violência praticada contra essa população que não é percebida, em muitas ocasiões é até mesmo fomentada e incentivada, confundida com o excesso de cuidados, mas que são entendidas como violências simbólicas.

Uma das formas de violência simbólica contra a população idosa é a negação de sua autonomia e esta pode ser percebida de várias formas, uma delas é a maneira infantilizada como esta população é tratada sendo caracterizada pelos exageros de mimos e excesso de diminuitivos no processo de comunicação.

Imagine as familiares da atriz Fernanda Montenegro dizendo: “cada minha gatinha?? vamos gravar a novelinha?!” Ou do ator Anthony Hopkins: “E esse mocinho?? Vamos lá ganhar um oscarzinho?” Pode parecer carinhoso e cuidadoso, mas se referir aos pais e aos avós como crianças: “agora virou meu/minha filhinho/a”, “vamos tomar bainho” é uma forma sutil de violência simbólica que mina a autonomia destes cidadãos e cidadãs. Negar-lhes o direito de ir e vir com a premissa de cuidados não proporciona à essa população a autonomia que lhes é de direito.

Diante do exposto, entendemos que esta é uma forma sutil e dissimulada de violência simbólica contra a população idosa mascarada de cuidado, mas que na verdade nega à essa população parte de sua autonomia uma vez que não se trata de “crianças crescidas” e sim de adultos que possuem plena capacidade cognitiva, mesmo que algumas situações as limitações próprias da idade os impeçam ou limitem a executar algumas funções.

Entendemos que estes comportamentos são práticas comuns em nossa sociedade e não exercida de forma premeditada ou com má intensão e a desconstrução desses padrões é algo que não será de imediato, mas que o debate aberto e sincero é fundamental para a promoção de uma velhice saudável e autônoma, com os devidos cuidados necessários à essa fase da vida. Estamos nos referindo a pessoas que envelheceram. Apenas.

Referencias:

SERRA, J. do N. Violência Simbólica contra os Idosos: Forma Sigilosa e Sutil de Constrangimento. R. Pol. Públ. São Luís, v.14, n.1, p. 95-102, jan./jun. 2010. ISSN 2178-2865. Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/357.

SANTOS, A. A. e S. Et. Al. Atenção no Cuidado ao Idoso: Infantilização e Desrespeito à Autonomia na Assistência de Enfermagem. Rev Pesq Saúde, 17(3): 179-183, set-dez, 2016.

Compartilhe este conteúdo:

Solos: quando o cuidador não consegue mais cuidar

Compartilhe este conteúdo:

Solos é uma antologia dramática misturada com ficção científica criada por David Weil e produzida pela Amazon. Composta até então por uma temporada de sete episódios desconexos, exceto o último que interliga todos os outros. O episódio 1 intitulado como Leah, interpretado por Anne Hathaway, conta a história de uma brilhante física que está obcecada em viagem no tempo. Logo no começo do episódio somos confrontados com o seguinte questionamento: se você viajar para o futuro poderá fugir do seu passado?

Após Leah encontrar com sua aparente versão do passado, começa a relatar várias coisas sobre si mesma, como o cantor preferido que só ela sabe, não o que ela conta pra pessoas e o amor de sua vida, a mãe, que se encontra em um estado crítico em um hospital por causa de uma doença degenerativa sem cura (esclerose lateral amiotrófica). Essa versão começa a apontar como ela se tornou grossa e inconsistente, e a mesma considera sua versão do passado burra e ingênua; numa espécie de despertar para o autoconhecimento ela parte para uma longa discussão em busca do código que a levará para o futuro.

Tudo o que ela mais quer é chegar ao futuro, pensamos que é só uma questão científica até ser revelado o real motivo da sua obsessão. Uma de suas versões até chega a dizer que ela não pode ser feliz no futuro, mas a mesma insiste pela busca, quando ela pensa que conseguiu acaba “invocando” mais uma versão… dessa vez, aparentemente a versão do futuro, até que algumas coisas são desvendadas.

Fonte: encurtador.com.br/AY258

CONTÉM SPOILER A PARTIR DAQUI!

Leah diz querer viajar no tempo para encontrar a cura da doença da sua mãe, não convencida dessa resposta sua versão do futuro a questiona: ‘porque viajar cinco anos no tempo e não dez ou mais?’. A mesma acaba cedendo à pressão e de forma chocante nos traz o seguinte monólogo: “eu preciso que ela morra, quero que isso acabe”. Os médicos tinham dado para sua mãe uma estimativa de apenas cinco anos de vida’’.

“Houve tantos dias, e tantas cirurgias, muitas despedidas mas nenhuma compaixão, tanta perda de movimento e memória”… sua justificativa é que a ama demais, mas precisa que a mãe fique no passado, para que ela seja alguém no futuro. Logo a sua versão do futuro também nos revela que foi embora, e pede para que a mesma a perdoe, mas fique e aproveite os momentos com a mãe, porque cada dia com ela é como se fosse um ano. Sua versão do presente a perdoa mas faz algo inesperado.

Tudo que Leah mais almeja é uma vida sem dor e remorso ao lado de sua mãe, mas tudo que vemos é a mesma sobrecarregada de estresse e culpa, anulando sua vida pela da sua progenitora. Segundo a psicóloga Raissa Silveira “os indicadores de que o cuidador chegou ao seu limite no manejo do paciente estão: a fadiga constante, a diminuição da habitual capacidade de relaxar ou sentir prazer, insônia, queda da produtividade profissional, isolamento social, sintomas dolorosos, desenvolvimento de sentimentos raiva, rejeição e conformismo, atuações de superproteção e até pensamento e comportamento suicida”.

Embora pela ótica de muitos pareça um motivo egoísta e cruel, o comportamento de Leah é um pedido desesperado de socorro. Ainda segundo Raissa Silveira, “é necessário a desconstrução do ideal do “cuidador perfeito” e nos convocar a compreensão dos nossos próprios limites”. Podemos perceber as suas limitações quando a mesma entra na busca constante para ir ao futuro querendo fugir dessa situação, esquecendo o fato de ainda ter que lidar com o passado, o que ela precisa é de um olhar para si onde reconheça seus limites, esse monólogo com suas versões nos causa essa sensação de admissão da verdade e de que precisa ir em busca de uma ajuda, quando a mesma pede para que uma de suas versões busque a cura da doença de sua mãe, nos faz refletir que talvez a cura que mais precise é a sua.

FICHA TÉCNICA

Diretor: David Weil (II)
Elenco: Helen Mirren, Morgan Freeman, Anne Hathaway
Gênero: Drama, Ficção científica
Nacionalidade: EUA

Referências:

Série Solos Ep 1 Amazon Prime – encurtador.com.br/muJS6

A saúde mental do cuidador | Jornada de Geriatria – encurtador.com.br/NOSX2

Compartilhe este conteúdo:

Relações Interpessoais na Geragogia sob a visão de Skinner

Compartilhe este conteúdo:

Relacionar-se é a capacidade de conviver com outras pessoas. As interações acontecem em contextos diversos, nas organizações e em casa. Ao conviver com o outro há uma troca de afeto e responsabilidades. Ainda na psicologia clássica, a ideia que nós nos conhecemos através dos outros eclodiu.

Geragogia é a educação para velhos. É o estudo de como se dá a aprendizagem de velhos, com o objetivo de proporcionar uma velhice consciente e produtiva. Willis e Schaie (1981) listaram 5 objetivos para a educação de pessoas velhas/antigas. A primeira é ajudar na compreensão corporal e de comportamentos que são manifestados na velhice. O segundo é proporcionar compreensão das mudanças tecnológicas do mundo contemporâneo. A terceira é torná-los capaz de desenvolver capacidade para de defender. A quarta é o adquirir novas aptidões a partir do que foi supracitado. E o quinto é proporcionar aos velhos um bom desenvolvimento, assim como proporcionar a descoberta de novos e diferentes papéis pessoais (OLIVEIRA, 2006).

Para Skinner, o comportamento é resultado de alguma alteração no ambiente, e este também altera o ambiente. Logo, as relações indivíduo-ambiente são controladas pelas consequências. A depender da consequência, tal comportamento irá aumentar ou diminuir, podendo resultar em reforço positivo e negativo. Caso a consequência seja desagradável a frequência tende a diminuir, resultando em estímulo aversivo/punitivo.

 

Afeto e comportamento social na educação gerontológica

A educação gerontológica deve levar em conta, à priori, a personalidade, comportamentos e o ambiente que se inserem os adultos seniores. Para tanto, o Psicólogo Educacional das pessoas velhas deve ser capaz de entender, classificar, e intervir nos comportamentos, e desse modo, promover não apenas a remediação de situações já existentes, mas de forma interdimensional, preveni-las da maneira possível (BARROS-OLIVEIRA, 2006).

Porém, cada idoso tem suas experiências de vida, positivas ou negativas, em contextos diversos. Destarte, é necessária uma educação diferencial e contextual, com características individualizadas. O método de ensino/aprendizagem também é diversificado: deve-se recorrer mais às experiências acumuladas do que fornecer novos conhecimentos, desencadeando novas compreensões do que já existe para os educandos, dar a luz a novas interpretações, promover a auto-educação (BARROS-OLIVEIRA, 2006).

Via de regra na educação convencional, busca-se o desenvolvimento de habilidades e recursos cognitivos sofisticados nos educandos, porém, para uma condição de aprendizagem satisfatória, gerontológica ou não, espera-se que os aprendentes se sintam implicados e que haja satisfação pessoal quando o aprendido seja executado.

Fonte: https://bit.ly/2DmfnOO

Logo, as análises sobre a satisfação em aprender e a afetividade envolvida no processo estão intimamente ligadas ao papel das consequências dos comportamentos envolvidos na aprendizagem. Esse fenômeno tem sido discutido na abordagem Análise do Comportamento, que teve como expoente B. F. Skinner (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).

Reconhecer que quem está no processo de aprendizagem está ativo e transformando seu ambiente leva à possibilidade do manejo das consequências desses comportamentos. Pode-se manipular as consequências a quem se comportou de modo que os comportamentos esperados se repitam no futuro. As consequências mais importantes no contexto da aprendizagem são aquelas advindas de outras pessoas, os chamados reforçadores sociais. De maneira simplificada, podem ocorrer em expressões faciais, elogios, contato físico, sorriso, entre outros. Essa classe de reforçadores contribuem para o fortalecimento de vínculos com todos os envolvidos no processo de aprender (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).

Entre outros aspectos, alguns determinantes para a velhice bem sucedida envolvem a saúde, a manutenção do nível de funcionamento cognitivo e físico e a manutenção da participação social. Esses marcadores abrangem as dimensões física, psíquica e social, sendo a social composta por elementos de comunicação, convivência, sentimento de pertença, entre outros aspectos (BARROS-OLIVEIRA, 2006).

Fonte: https://bit.ly/2Dmg8Ya

Um dos benefícios da expansão da dimensão social, é em partes o autoconhecimento e o estabelecimento de novos significados para a própria existência em relação ao outro. Para Leite (1997), a representação que o outro nos dá de nós mesmos, funciona como o efeito de um espelho, pois, as imagens que temos de nós são sucessivas imagens que os outros nos dão de nós. Caso contrário, não poderíamos saber quem somos. Nas palavras de J. P. Sartre, “o outro guarda um segredo: o segredo do que eu sou”.

Para tanto, o valor da aproximação com outras pessoas depende que o comportamento aproximativo e a manifestação de afetividade seja seguido de consequências reforçadoras. Ainda que essas consequências sejam extrínsecas por serem arranjadas por outros, elas são relacionadas com motivação intrínsecas à medida que a interação social é um dos objetivos da educação (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).

Desse modo, os Psicólogos Educacionais dos idosos devem encorajar o entusiasmo, estar atentos aos estímulos que podem provocar consequências reforçadoras às pessoas velhas, considerando suas características de vida, suas histórias, seus conhecimentos prévios e suas redes afetivas.

Antes de assumir qualquer posição de saber, o psicólogo que se debruça sobre a Geragogia deve compreender que com sua vasta sabedoria, as pessoas velhas podem educar através da experiência, enquanto os mais novos devem se dispor a aprender mais (BARROS-OLIVEIRA, 2006).

Fonte: https://bit.ly/2zaFh4X

Portanto, o afeto, a análise do comportamento e as relações interpessoais apresentam-se como ferramentas para a ressignificação e flexibilização do vasto conhecimento já existente nos idosos, promovendo assim, mais saúde e qualidade de vida.

Princípios Básicos da Análise Experimental do Comportamento aplicados à Geragogia

A perspectiva Analista comportamental, traz a noção de que o comportamento sofre influências do meio, isto é, há uma interação entre organismo-ambiente. Dessa forma, dentro de um conjunto de contingências, é possível a separação do que se apresenta como Estímulo (alteração no ambiente que produz uma alteração no indivíduo) e do que se apresenta como Resposta (alteração no indivíduo causada pelo o estímulo).

Logo, o comportamento para Skinner é entendido como a relação entre vários estímulos, dentre eles: público; privado; histórico; imediato social e não social, uma relação entre o organismo e o ambiente,se apresentando como um processo que muda ao longo do tempo.

 A partir da perspectiva supracitada, comportamentos são estudados basicamente por dois tipos de relações, tanto os respondentes como os operantes. No caso dos respondentes as respostas de um comportamento são emitidas pelo estímulo antecedente apresentado, os comportamentos operantes são influenciados pela consequência conforme o contexto apresentado (HENKLAIN 2013).

Analisando essas variáveis, é possível a identificação de estímulos reforçadores e/ou punitivos, o que Skinner mais a frente denominou como aprendizagem pelas consequências de modo reforçador (aumento da frequência da resposta)e/ou por controle de estímulos aversivos (diminuição da frequência da resposta).

B. F. Skinner. Fonte: https://bit.ly/2RRqV0h

Portanto, para se começar a entender como a Análise do Comportamento enxerga o “aprender” do idoso, é necessário enfatizar que cada idoso possui um vasto repertório de vida, e que todo o processo de ampliação e ressignificação desse repertório, parte de um processo contingencial individualizante e interacionista, concomitantemente, os comportamentos possuem características funcionais no ambiente e não podem partir de uma análise unilateral, considerando que determinado comportamento só é possível a partir da interação indivíduo-ambiente.

Segundo Farias (2017) os indivíduos que pertencem a grupos nos extremos desse “contínuo desenvolvimento humano”, passam por transformações biológicas e comportamentais significativas, e como consequência, necessitam de programações especiais de contingência para produzir compensações comportamentais e ambientais.

O que Barros-Oliveira (2006) descreve que os métodos de ensino/aprendizagem para os velhos também devem ser diversificados, utilizando os princípios básicos da análise experimental do comportamento, como por exemplo, averiguar os estímulos respondentes e operantes, para obter um melhor resultado no desempenho do processo da Geragogia.

Ao ensinar pessoas idosas devemos principalmente desencadear uma nova integração aos estudos, analisando os efeitos da interação entre os velhos e o ambiente, como descreve Henklain (2013 p. 712) “[…] o tipo da tarefa que o professor requisita às consequências que o aluno produz com a realização da tarefa, a clareza da tarefa ou das instruções para a sua realização etc.” utilizando os reforçadores que estimulam a melhor compreensão do conteúdo ministrado.

Fonte: https://bit.ly/2qL9uTx

Outro fator capaz de explicar o comportamento, é reconhecer o indivíduo nas suas facilidades e dificuldades de aprendizagem. Cada velho deverá passar por uma avaliação onde será feita uma análise sobre a sua história de aprendizagem, as condições sob as quais se comportam e as consequências que produz. Portanto, o planejamento de ensino, deverá ser aplicável a realidade e flexível para atender às necessidades demandadas (HENKLAIN 2013).

Salientando a importância desse processo, pois assim, os idosos podem se beneficiar de práticas culturais que evitam a exagerada limitação de seu repertório comportamental e do estabelecimento de comportamentos voltados à saúde, de modo a manter as funções orgânicas satisfatórias por um período de tempo maior (FARIAS 2017).

A educação das pessoas velhas é necessária, visando a construção de uma sociedade com participação de todos, independente da fase do ciclo vital. Visto que na atualidade, pessoas antigas representam uma boa parte da população. Logo se faz necessário dar vez e voz a estas pessoas, para que se tenha uma sociedade e uma geração bem resolvida e satisfatória. Para isto, vimos que o estabelecimento boas relações interpessoais ajudam neste processo, visto que o indivíduo influencia e é influenciado pelo outro em seu meio social. Assim, uma relação de simpatia entre professor-aluno ajuda no processo de fortalecimento, adaptação e desenvolvimento de novos papéis.

REFERÊNCIAS:

BARROS-OLIVEIRA, José. EDUCAÇÃO DAS PESSOAS IDOSAS. Psicologia, Educação e Cultura: Revista do Colégio Internato dos Carvalhos, Pedroso, Portugal, v. 2, n. 10, p.267-309, dez. 2006. Semestral.

BENVENUTI, Marcelo Frota Lobato; OLIVEIRA, Thais Porlan de; LYLE, Leticia Albernaz Guimarães. Afeto e comportamento social no planejamento do ensino: a importância das consequências do comportamento. Psicologia USP, v. 28, n. 3, p. 368-377, 2017.

DE-FARIAS, Ana Karina CR; FONSECA, Flávia Nunes; NERY, Lorena Bezerra. Teoria e Formulação de Casos em Análise Comportamental Clínica. Artmed Editora, 2017.

HENKLAIN, Marcelo Henrique Oliveira. CARMO, João dos Santos.Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao diálogo. Cad. Pesqui. [online]. 2013, vol.43, n.149, pp.704-723. ISSN 0100-1574. Acesso em 30 de out de 2018, disponível em :< http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742013000200016>.

LEITE, Dante Moreira. Educação e relações interpessoais. In: PATTO, Maria Helena Souza. Introdução à Psicologia Escolar. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. Cap. 1. p. 301-328.

Compartilhe este conteúdo: