Filmes que mesclam o universo dos Jogos de Videogame

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Com o novo longa de Steven Spielberg para estrear, Jogador Nº1,  perguntas sobre porquê jogos de videogame não são geralmente bem-sucedidos como em adaptações do cinema voltam a aparecer. Mais do que isso, a expectativa de quem assiste mostra que pode ser tão ou até mais importante do que a qualidade da produção. Adaptações cinematográficas de videogames vem com a mesma bagagem, geralmente trazidas por jogadores que conhecem a história de ponta-cabeça.

No caso de Jogador Nº1, a nova produção do diretor de sucessos como Jurassic Park, E.T. e Tubarão, o enredo é completamente baseado nas regras muito bem conhecidas em diversos jogos de videogame. Tudo na imersão da realidade virtual. Porém, o filme é baseado no livro de mesmo nome do escritor Ernest Cline. Assim, a expectativa fica toda na obra. E, por isso, já é o suficiente para deixar os fãs ansiosos e preocupados com a sua reinterpretação para o cinema – porém, a expectativa não é tão grande quanto a reinterpretação de um verdadeiro jogo de videogame.

Jogador Nº 1. Fonte: https://goo.gl/5WEfqj

Se em livros conhecemos personagens e imaginamos sua aparência, assim como o universo em que vivem, nos videogames nos é apresentado os mesmos nos mais pequenos detalhes. Não somente entendemos suas personalidades, mas também já sabemos até mesmo como andam – algo que na literatura fica somente na imaginação.  Porém, o videogame vai além de tudo isso. Como nós controlamos os personagens, os jogadores se tornam estes. Como, então, o cinema pode competir com isso?

Um dos jogos mais famosos da história é o universo Warcraft, criado pela Blizzard Entertainment. O RTS (sigla para game de estratégia) é tão famoso que conta com mais de 12 milhões de jogadores no mundo e fãs em outras mídias, como livros. Assim, quando o filme Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundosestreou em 2016, a expectativa era imensa e rendeu mais de 400 milhões de dólares de bilheteria.

Cena de Warcraft. Fonte: https://goo.gl/gJPxFg

Porém, para um título que é tão conhecido, tal número é pequeno. O longa, como a maioria das produções baseadas em games, não é uma obra completamente cinemática e nem interativa, ficando no meio termo entre cinema e videogame. Assim, quem não conhece o título, sente que falta drama e um enredo mais complexo na produção. Por outro lado, quem conhece o jogo, acredita que o filme não foi fiel ao estilo e aos personagens queridos. Há também aqueles que acreditem que a própria estrutura de Warcraft não é compatível com enredos de cinema.

Isto pode ser verdade. Um dos jogos que foi, no ponto de vista de alguns jogadores, mais bem-sucedidos, foi Silent Hill, e a maior razão para isto foi que o jogo não somente tem esta estrutura dramática mais compatível com o cinema, mas também o fato de que o longa se manteve fiel à narrativa do game. Porém, isto não foi o suficiente para que o filme fosse muito além do puúlico que já conhecia o título, não agradando a maioria dos espectadores, especialmente a crítica. Como Silent Hill não é tão famoso como Warcraft, também não conseguiu um grande feito na bilheteria.

Cena de Silent Hill. Fonte: https://goo.gl/SvuPJ7

Porém, isto nos dá uma ideia do que é preciso para que um jogo de videogame seja potencialmente bem-sucedido – o título precisa ser compatível com a estrutura dramática do cinema de maneira natural, o jogo precisa ter um grande numero de fãs e, finalmente, a produção precisa ser fiel à obra. Se não, é mais seguro produzir longas como Detona Ralph ou Jogador Nº1, que têm o viés de um videogame sem ser um.

Nota: Artigo escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para a Zoom Magazine

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Os Vingadores: Guerra Infinita

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Melhores Efeitos Visuais

Dirigido por Anthony Russo e Joe Russo, Os Vingadores: Guerra Infinita traz tudo o que o trailer promete: uma coleção enorme de personagens populares e ação que deixa qualquer um sem fôlego. Além disso, as cenas tem bastante humor, o que dá um divertido contraponto a momentos tristes e sem esperança. Isto não é novo no universo da Marvel – O primeiro filme dos Vingadores, em 2012, trazia muitas das características deste terceiro longa da franquia da Marvel (fora, claro, esta destruição generalizada). Porém, o que é bastante diferente é que a presença excessiva de personagens não permite o público focar em nenhum herói.

Há apenas um personagem que é central na narrativa: Thanos, o vilão. Claro, com tantos heróis e poucos vilões, isto naturalmente aconteceria. Porém, isto também traz problemas na narrativa. Não é que os diretores Russo falharam na sua tentativa de criar um universo bastante divertido e excitante. Ao contrário, é um grande feito que conseguiram dar unidade a uma obra que poderia ir a tantos lugares diferentes.

Fonte: https://goo.gl/cnQsL1

Mas mesmo assim, fica claro que muitas das características que dão sucesso a uma obra artística, desde a literatura até o cinema, parecem estar diluídos no filme. Para começar, cada produção do universo Marvel até agora tem uma coleção de heróis com personalidades bastante diferentes. Uns são mais egoístas enquanto outros são mais nobres, uns querem salvar o planeta imediatamente enquanto outros tentam manter o status quo por mais tempo. Personagens diferenciados dão a dinâmica que uma obra precisa ter para que seja interessante.

Porém, a incrível quantidade de heróis em Os Vingadores: Guerra Infinita faz com que personalidades repetidas interajam em certos momentos, criando uma dinâmica menos interessante. Além disso, não há tempo para desenvolver nenhum destes relacionamentos de maneira completa. O resultado é que o longa usa o conhecimento que temos dos personagens em filmes passados para impulsionar a história. Às vezes isso se torna bastante repetitivo, como quando Tony Stark (O Homem de Aço) acredita que Peter Parker (Homem-Aranha) não esteja pronto para lutar junto aos heróis adultos.

Além disso, Os Vingadores: Guerra Infinita parece sofrer por tentar agradar os fãs dos diversos heróis igualmente. Cada um recebe diálogos curtos e rápidos, o que ajuda nas cenas engraçadas, mas não no desenvolvimento de suas histórias individuais, que permanecem iguais aos títulos anteriores do universo da Marvel. O que importa é a atração principal, o vilão e a destruição que este traz. Vemos lugares e heróis serem destruídos pelo superpoderoso Thanos, que quer destruir metade do universo para trazer harmonia a este, num objetivo perverso. Porém, ele acredita estar fazendo algo nobre, o que o torna certamente cativante.

Fonte: https://goo.gl/Vs4iRQ

O foco no inimigo em histórias de super-heróis não é novidade nos quadrinhos, mas certamente é no cinema, especialmente quando a empresa por trás do filme é a Disney. Isso assume que o público quer ver os heróis queridos em situações desesperadoras. O fraco desenvolvimento de heróis, juntamente com cenas altamente trágicas, faz com que o longa pareça com uma série de televisão, como Game of Thrones, que foi reduzida a menos de três horas de duração. Mesmo assim, Os Vingadores diverte e termina com o seu intuito inicial, que é o de criar um clima desesperador que irá se resolver em produções seguintes (onde provavelmente tudo voltará ao normal). Afinal de contas, mesmo com todas estas diferenças, Os Vingadores: Guerra Infinita ainda é um filme de super-heróis.

Nota: Artigo escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A Crítica

FICHA TÉCNICA:

VINGADORES: GUERRA INFINITA

Título original: Avengers: Infinity War
Direção: Joe Russo, Anthony Russo
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Josh Brolin, Benedict Cumberbatch;
País: EUA
Ano: 2018
Classificação: 12

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Santa Clarita Diet e o desafio de fugir do clichê zumbi

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Zumbis talvez sejam o tema mais popular da literatura, do cinema, e da televisão. É impressionante a quantidade de obras que se dedicam à criatura morta-viva, que possivelmente tem suas origens no folclore do Haiti.

O que é mais interessante na história deste ser fantástico, e que sempre o faz voltar com sucesso em diversas obras artísticas, é como os valores da sociedade, especialmente no que diz respeito ao amor e à família, são constantemente testados.

Fonte: https://goo.gl/LVVk12

Qualquer um pode se tornar um zumbi, desde que este seja mordido por um (e desde que seu cérebro fique intacto). Assim, familiares veem seus entes mais queridos, não somente se tornarem vítimas da criatura, mas voltarem à vida para caçar os vivos. E o único modo de se salvarem é destruindo o cérebro dos mortos-vivos. O incrível conflito desta premissa sempre faz dos zumbis umas das criaturas mais dramáticas dos gêneros da ficção cientifica e do horror.

Mas isto não significa que obras podem ser desleixadas e ter sucesso apenas repetindo o passado. Especialmente depois que obras clássicas, como The Walking Dead, fizeram tanto sucesso, novas produções precisam recriar os clichês deste gênero de modo criativo.

Fonte: https://goo.gl/xarJ5d

Santa Clarita Diet, criado por Victor Fresco para a Netflix, traz exatamente isso. Ao invés de mostrar pessoas morrendo e imediatamente voltando à vida como monstros, o seriado mantém a inteligência e consciência do morto-vivo. Assim, o conflito não é somente em relação aos humanos que fogem dos zumbis, mas também em relação aos sentimentos das próprias criaturas, que não querem seguir o instinto e comer seus entes queridos. Mais importante, isto traz a comédia com estilo de sitcom para o gênero, algo original.

E os atores caem como uma luva neste conceito criativo. Drew Barrymore interpreta Sheila Hammond, uma mulher de família, casada com Joel (Timothy Olyphant) e mãe de Abby (Liv Hewson). Depois de ter se tornado uma morta-viva, Sheila e sua família tentam lidar com a situação de maneira cômica e arrepiante, sempre com a ajuda do engraçadíssimo Eric Bemmis (Skyler Gisondo), amigo de Abby.

Fonte: https://goo.gl/hSP6WY

Na primeira temporada, presenciamos o momento em que Sheila começa a se tornar a criatura temida. Ninguém sabe o porquê da transformação, mantendo um mistério divertido que complementa as cenas horripilantes com as engraçadas. Porém, na segunda temporada, a razão por trás de tudo começa a se fazer presente.

Embora tentativas de explicar como zumbis foram criados sempre falharam por destruir o suspense necessário no gênero do horror, Santa Clarita Diet aumenta este por não tentar ser uma cópia as ideias de obras anteriores. Assim, a cada passo que uma nova pista é descoberta, mais perguntas surgem e mais mistérios aparecem.  A segunda temporada começa lenta, mas depois de alguns episódios se torna mais engraçada e mais divertida do que a primeira. Personagens secundários também são mais bem desenvolvidos e enriquecem a história, especialmente Eric Bemmis, que se torna cada vez mais importante para o seriado.

Nessa continuação, Sheila percebe que precisa se controlar mais, para evitar que acidentes irreversíveis (como comer uma pessoa) ocorram. Joel, em contrapartida, quer descobrir como sua mulher foi infectada e virou um morto-vivo. Apesar dela já ter contido a decomposição de seu corpo, Sheila e Joel precisam proteger não apenas o segredo dela, mas também toda a família que agora parece ser alvo de uma investigação, e tudo graças ao comportamento estranho da zumbi.

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