O ser humano é muito complexo e para ter uma boa qualidade de vida precisa desenvolver alguns aspectos que favorecem muito as relações consigo mesmo com o outro e com o mundo, a exemplo a autoestima. Pensando nisso o autor Walter Riso em seu livro “Apaixone-se Por Si Mesmo”, escreve sobre os quatro pilares da autoestima o autoconceito, autoimagem, autorreforço e autoeficácia e com isso procura mostrar o quanto isso é importante e precisa ser cultivado pelas pessoas. Aqui será tratado apenas a discussão de um desses quatros pilares que é o autoconceito.
Inicialmente o autor coloca que o autoconceito se diz daquilo que a pessoa imagina de si mesmo, o conceito que tem de sua própria pessoa e isso refletirá na forma como trata a si mesmo: o que exige de si e como e o que fala consigo. A pessoa pode se dar estímulo ou se minar, ou ainda se insultar e não perceber nada de positivo na sua forma de se comportar; bem como pensar em metas que não são alcançáveis, ficando frustrados após isso. Somos resultados das nossas próprias escolhas: cada pessoa decide amar-se ou não, nem todas as vezes temos consciência do dano que estamos nos causando. Além de ter que sobreviver ao meio e à batalha do dia a dia, também é necessário aprender a sobreviver a si mesmo: aquilo visto como inimigo nem todas as vezes está do lado de fora.
Dando continuidade, o autor ao colocar quanto à autocrítica ruim, diz que a autocrítica se torna conveniente e produtiva no momento em que é realizada com cuidado e com objetivo de aprendizagem e crescimento. No curto prazo pode ser usada para dar surgimento de novas condutas e correção de erros, no entanto se usada de forma indiscriminada e cruelmente pode ocasionar estresse e afeta de forma negativa o autoconceito. Usada de forma inadequada leva a pessoa a pensar mal de si mesmo, independente do seu comportamento.
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O mau hábito de sempre fazer análises internas, duras e inflexíveis, dar origem a insatisfação consigo mesmo e ainda sensações de insegurança. As pessoas não aprendem com estratégias em forma de castigo. Quando se fala em autopunição a questão está no fato do opressor ser a própria pessoa, esta o carregará nas costas como um infortúnio: buscar a defesa, será como se estivesse fugindo da própria sombra. Muitas pessoas possuem um sistema de autoavaliação que as fazem sofrer diuturnamente, em todos os momentos e de forma inexplicável, sentem orgulho do sofrimento que geram a si mesmas.
O autor discorre ainda que outra variação da autocrítica prejudicial é a autorrotulação negativa. Usar em si rótulos que não falam bem de si ou deixar que a demais pessoas o façam buscando com isso encaixar em alguma categoria que gera prejuízo para si. As classificações sociais (estereótipos) procuram a se referir aos outros de forma global e não nas suas especificidades, não considerando assim as exceções ou os atenuantes. O mesmo ocorre quando a pessoa se rotula de forma negativa: mistura a parte com o todo. Em vez de pronunciar “Eu me comportei como um imbecil” dirá: “Sou um imbecil”. Esse ataque ao próprio eu e ao que a pessoa é, dar origem a desajustes e alterações de várias formas. Por outro lado, a autocrítica construtiva é vista como pontual e nunca alcança o fundo do ser como totalidade.
Outro ponto citado pelo autor é quanto a autoexigência sem piedade. As pessoas tendem a usar padrões internos na sua autoavaliação que são inalcançáveis. Ou seja, usam de metas e critérios desproporcionais sobre para onde deve conduzir o seu comportamento. Quanto a autoexigência é feita com racionalidade e bem estruturada, contribui com a progressão psicológica, no entanto quando não se encontra bem calculada, pode interferir seriamente na saúde mental. Os dois extremos são nocivos. Não devemos negar que momentaneamente necessitamos de uma autoexigência de forma moderada ou em maior nível para sermos competentes como profissionais, a exemplo um cirurgião, no entanto a disfunção acontece quando esses níveis de exigência se tornam inalcançáveis.
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As ideias que devo ser destaque em todas as minhas tarefas e ser melhor a todo custo e que não devo errar são imperativos considerados verdadeiros martírios. Se a pessoa achar que a felicidade ou a autorrealização estão de forma exclusiva na obtenção de resultados, não demorará muito a perceber o paradoxo em que para se “sentir bem” precisa se “sentir mal”. O seu bem-estar ocorrer partir de tantas coisas que não diz respeito a sua pessoa que se tornará impossível cuidar das suas próprias conquistas. “A felicidade não é uma estação aonde chegamos, e sim uma maneira de viajar”. Isso se constitui a saúde mental; viajar bem. As pessoas que se tornam obcecadas pelo sucesso, tendo o como valor e ainda o executam com esquemas rígidos, fazem uma viagem mal, mesmo que pretendem mostrar o contrário. Possivelmente ser feliz não consista em ser melhor em algo, mas simplesmente procurar fazer isso de forma honesta com tranquilidade, com prazer no sucesso.
Quanto ao fator tudo ou nada, o autor coloca que as pessoas muito exigentes consigo mesmas usam de uma forma dicotômica no processo da informação. Segundo elas a vida é em preta e branco, sem considerar as outras nuances: “tenho sucesso ou sou fracassado”. Essa forma de pensar não está correta, porque não há nada absoluto ou extremo de forma rigorosa. Quando se utiliza essa forma binária para a vida, o vocabulário da pessoa se torna reduzido a nunca, sempre, tudo e nada. Assim ela se depara com uma realidade bastante diferente da que imagina. A impossibilidade de considerar trajetos intermediários e o medo de perder ou não alcançar os objetivos fará a pessoa não considerar as aproximações das metas pessoais. As pessoas movidas pelo “tudo ou nada”, não veem as aproximações e nem as sentem, ou simplesmente passam sem percebê-las. Dirão “estou ou não estou na meta”. Avistarão a árvore, mas não o bosque.
Quanto a mudança não é uma atividade fácil, não somente porque resulta em esforço pessoal, mas pelos valores sociais. Quando uma pessoa de forma corajosa tem a iniciativa de fazer algo, saindo daquilo que é estabelecido como padrão, surgem as pressões principalmente quando isso não coincide com os valores do grupo de referência. Quando trocamos o caminho convencional por um mais audacioso e tentamos novos rumos, as pessoas rígidas e afeiçoadas as normas dizem que somos imaturos ou “instáveis”, como se não mudar de direção fosse sinônimo de ser inteligente. Assim não hesite em revê, trocar ou modificar seus objetivos caso forem geradores de sofrimento. De que outra forma você poderia estar próximo da felicidade?
Por fim, o autor dar algumas sugestões para proteger você do autoconceito da autopunição, da autocrítica e da autoexigência indiscriminada, como: procure ser mais flexível consigo mesmo e com os outros, ou seja, tente não ser perfeccionista, não rotule a si nem aos outros, concentre nos matizes, ouça as pessoas que pensam diferente de você; reveja sua metas e as possiblidades reais de alcançá-las; não perceba em você só o ruim; não pense mal de si mesmo; ame-se durante o maior tempo possível; aprenda a perder. Lembre-se você é um mecanismo especial dentro do universo conhecido, não faça mal a si mesma e nem se insulte. Para chegar ao sucesso não é necessário autopunição.
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REFERÊNCIAS
RISO. W. Rumo a um bom autoconceito. In: RISO. W. Apaixone-se por si mesmo; o valor imprescindível da autoestima. Tradução de Sandra Martha Dolinsky. São Paulo: Planeta, 2012. p. 14-24.
No início do ano, janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública em razão ao surto ocasionado pelo novo coronavírus, que deu origem a Covid-19 e ainda advertiu quanto ao grande aumento de contaminação pelo vírus em vários países do mundo e assim em 11 de março de 2020, disse se tratar de uma grave pandemia. No mesmo mês a maioria dos países já estava com pessoas contaminadas pela doença com vários números de mortes (OLIVEIRA, et. al 2020). No Brasil, em consonância com a OMS, o Ministério da Saúde, expediu a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, na qual declarou a emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, também em decorrência da infecção Humana, pelo novo Coronavírus (BRASIL, 2020).
A Covid-19, de acordo com Santos (2020), é uma patologia resultante de um vírus da família do Coronavírus. Os primeiros casos da doença ocorreram na cidade de Whuran, na China, sendo que posteriormente a Covid-19 espalhou-se por vários lugares do planeta, sendo classificada assim pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma pandemia, devido o alto nível de alcance dela.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2020), por mais que a pandemia ainda estivesse em fase de estudos, já era do conhecimento que o contágio ocorria pelo vírus resultante do contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse e catarro. Assim, as pessoas não deveriam procurar ter contato com outras pessoas, através de toque ou aperto de mão e ainda com materiais que poderiam estar contaminados, seguido ainda de contato com a boca, nariz ou os olhos.
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Apreensivas com o atual quadro de saúde da população, decorrente da pandemia, as Instituições de ensino Superior (IES) dos mais variados países e estados brasileiros seguindo orientação da OMS e consequentemente após medidas tomadas pelos seus respectivos governos, pararam suas tarefas acadêmicas de forma presencial. Isso em razão da possibilidade de transmissão do vírus decorrentes da aglomeração, tendo como consequência o distanciamento social de toda comunidade acadêmica da unidade escolar. (OLIVEIRA, et. al 2020).
No Brasil, devido a situação de caos instalada pela Covid-19, o Ministério da Educação em busca de uma alternativa, autorizou a utilização de meios de tecnologias de informação e comunicação em substituição as disciplinas presenciais. Com isso, os alunos se depararam com uma nova realidade em que além dos desafios já existentes, por estarem fazendo um curso superior, tiveram que se adequarem a um novo ambiente para aprendizagem, bem como se prepararem com estrutura tecnológica para tal fim, pois muitas instituições, principalmente as privadas se adequaram a modalidade remota.
Além disso, essa modalidade apresentou novos desafios, dentre eles de acordo com Cavalcante et al. (2020), os contrastes sociais no Brasil, tendo em vista que muitos discentes e docentes não dispunham de condições para possuírem uma estrutura adequada para atuarem na EAD em suas residências; questões voltadas para gênero (no caso de mulheres, devido a necessidade de cuidar dos filhos e familiares); falta de estrutura domiciliar para as atividades educacionais; necessidade de complementar renda (devido o afastamento das atividades sem vínculos); peculiaridades cognitivas e de aprendizado dos alunos.
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Percebe-se que a pandemia trouxe ainda aos universitários alterações no estado emocional, psíquico, associados a vários outros fatores. De Acordo com Martins et al. (2020), em março foi realizada uma pesquisa numa universidade privada e filantrópica localizada no município de Fortaleza, tendo como objetivos identificar a prevalência do sentimento de angústia autorreferido e seus fatores relacionados, bem como a adesão ao isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19, sendo os alunos com maior proporção da faixa etária entre 19 e 29 anos. Os participantes eram alunos dos cursos de Educação Física, Psicologia e Estética e Cosmética.
Dos dados levantados do total de 541 universitários que participaram da pesquisa, 59,3% disseram ter conhecimento suficiente sobre a doença; 93,9 tinham envolvimento com as notícias; 90,4% eram favoráveis ao isolamento social e 93,5 aderiram ao isolamento social como combate a Covid-19. Os impactos na formação educacional 75,7 %; em relação a questões financeiras 97,4 % e emocional 88,5 %. Quanto as rotinas de estudos virtuais 71,5% e de atividades físicas em casa como estratégias para enfrentar o isolamento social foi de 52,8%. Quanto aos sentimentos 89,5% disseram estar angustiados e 91,7 % preocupados com a pandemia em relação ao mundo 91,3% e em relação ao próprio estado 91,3. Ainda sobre a pesquisa verificou-se que o sentimento de angústia era associado ao envolvimento com as notícias, a preocupação com o mundo e com o Estado do Ceará. (MARTINS et al. 2020, p. 5)
De uma forma geral, a crise resultante da pandemia trouxe grandes impactos em vários setores da sociedade e com o meio universitário isso não foi diferente. O isolamento social exigido como uma das medidas preventivas, e todas as outras questões que envolveram a pandemia, como por exemplo notícias trágicas disseminadas pelos meios de comunicação, provocaram medo, ansiedade e estresse na população em geral e para os docentes e discentes, isso não foi diferente. Além de tudo isso, os universitários ainda tiveram os desafios da nova modalidade online, para aqueles que continuaram suas atividades e a falta dela para aqueles que não foi possível dar continuidade nos estudos. Toda essa problemática trouxe consequências para o ensino aprendizagem, além de várias situações de sofrimento psíquico e emocional para os estudantes universitários.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, ed. 24-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 04 fev. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388>. Acesso em: 05 dez 2021.
CAVALCANTE, et. Al. Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à crise do novo coronavírus no Brasil. Revista UNAL, 2020. Disponível em: <https://revistas.unal.edu.co/index.php/avenferm/article/view/86229/75046>. Acesso em: 05 dez 2021.
MARTINS et al. Sentimento de angústia e isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Periódicos UNIFOR, 2020. Disponível em: <https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/11444/pdf>.Acesso em: 05 dez 2021.
OLIVEIRA, et. al. Estratégias para retomada do ensino superior em saúde frente a COVID-19, Revista Enfermagem Atual, 2020. Disponível em: <http://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/803>. Acesso em: 05 dez 2021.
SANTOS, V. S. Coronavírus (COVID-19). Brasil Escola, 2020. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/doencas/coronavirus-covid-19.htm>. Acesso em: 05 dez 2021.
Durante todo esse tempo na Universidade, passei por vários desafios, mas em meio a isso vivi muitas experiências que fizeram tudo valer a pena. Assim, gostaria de deixar aqui registradas algumas palavras de gratidão. Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de está concluindo este curso. Ao longo desses anos, foram muitas lutas que precisaram ser vencidas, perdas a serem superadas, questões para ressignificar. Por outro lado, tive a oportunidade de viver momentos inesquecíveis, aprendizagens riquíssimas e amizades construídas valiosíssimas. As boas risadas com os colegas, porque não os chamá-los de amigos (as), as discussões acaloradas sobre os temas propostos, os momentos de ansiedade dos trabalhos, tudo isso fez parte da minha história universitária e diz um pouquinho do que sou hoje.
Como parte desse processo, não poderia deixar de agradecer muitas pessoas que marcaram minha trajetória, louvo a Deus por tê-las comigo, pois foram indispensáveis para que eu pudesse chegar até aqui, lembrando que acima de tudo “até aqui me ajudou o Senhor”. À minha família, em especial minha mãe Solange Félix de Oliveira, meu pai João Chaves de Oliveira(in memoriam) que sempre estiveram ao meu lado, meus irmãos (ãs), sobrinhos (as), cunhados (as) e ainda aos demais da família, os quais tanto amo e me fizeram prosseguir, acreditando que estava no caminho certo. Com certeza o apoio, amor, carinho, compreensão, atenção, incentivo, aconchego de todos vocês foram indispensáveis para que eu chegasse até aqui.
Aos meus professores e professoras, foram tantos durante esta jornada que ficaria difícil citá-los, mas a todos Senhores e Senhoras o meu respeito, admiração e carinho. Muito obrigada pelos ensinamentos preciosos, com certeza os levarei para sempre durante minha trajetória. A disposição e o empenho de vocês em cada vez fazer o melhor, o amor pela profissão, tudo isso nos momentos difíceis, trazia-me motivação, gerando em mim o desejo de ir à universidade para mais um dia de aprendizagem, pois além de tudo sabia que ali encontraria alguém disposto (a) a dar um pouco de si e ensinar com tanta sabedoria e esmero. Representando todos vocês querem citar aqui o Me. Sonielson Luciano de Sousa, que além da sala de aula, criou um grupo de estudo e isso tem contribuído muito com minha aprendizagem. Obrigada pela sua disponibilidade em tão nobre missão Professor.
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As Professoras da minha banca do TCC, Dra. IrenidesTeixeira, Me. CristinaD’OrnellasFilipakis, obrigada por aceitarem o convite e por tudo o que representaram durante o tempo desse trabalho. Na realidade, não somente nessa situação, pois ao longo do curso, além de me ensinarem, as Senhoras foram pessoas que sempre me apoiaram e direcionaram minha vivência acadêmica, tornando assim meus dias mais fáceis, fazendo tudo valer a pena. Meus agradecimentos, minha admiração, meu carinho e minha amizade.
A minha orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso Profa. Me. Thaís Moura Monteiro, que esteve comigo durante esse processo, incentivando-me em todos os momentos, mesmo naqueles em que eu não conseguia fazer quase nada. Como minha professora a Senhora já era excelente, agora como minha orientadora, descobri uma amiga, uma terapeuta, alguém que eu confiava e que sabia que podia contar. Seu profissionalismo, sua empatia, seu reforço positivo, sua compreensão me fizeram seguir em frente, acreditando que poderia chegar até aqui. Não tenho palavras para lhe agradecer, a vitória desse trabalho é sua também, o meu muuuuuiiiiito obrigada.
As minhas supervisoras de estágio Prof. Me. Izabela Querido e Psicóloga Rayana Rodrigues Lira que com dedicação, excelência, empatia, amizade, orientaram-me em todo esse tempo, com certeza aprendi muito com vocês. Nunca vou esquecer os momentos de aprendizagem e trocas de experiências vivenciadas. Na realidade, sonhamos juntas, aprendemos juntas e agora teremos a vitória juntas. Serei eternamente grata por esses momentos de disponibilidade, dedicação, profissionalismo e companheirismo de vocês, minha amizade, meu respeito e apreço às Senhoras.
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A toda equipe do SEPSI que com toda competência nos auxiliou em tudo, durante os estágios naquele lugar. Naqueles dias que, em algum momento era penoso devido toda sobrecarga de final de curso, encontramos em vocês empatia, força, disposição e motivação para seguirmos em frente acreditando que tudo aquilo contribuiria na nossa caminhada, nos fazendo cada vez melhores, por isso valeria a pena continuar.
Aos demais amigos (as) da universidade, aqueles que ainda estão ou que já passaram por lá, que foram muitos, impossível de citá-los. Na realidade, foram diversas amizades construídas, trocas de experiências, aprendizados e ajudas mútuos, fé e companheirismo compartilhados, alegrias e tristezas misturados, devido os desafios da pandemia e da própria vida, enfim juntos vencemos e sem isso não teríamos condições de chegar até o fim. Assim, o meu muito obrigada, gratidão por tudo, nos momentos bons e difíceis pude contar com muitos de vocês, sem palavras para lhes agradecer. Perdoem-me se em algum momento deixei algum de seus corações triste, minha vontade era de acertar, saibam que poderão contar comigo, mesmo depois de tudo.
Aos irmãos e irmãs da minha igreja, aqueles que sonharam comigo durante todo esse tempo e ainda as demais pessoas amigas, o meu muito obrigada, sem a torcida, a ajuda e as orações de vocês seria impossível chegar até aqui. A Bíblia diz que em tudo devemos dar graças, assim muito obrigada por tudo o que vocês têm sido em minha vida. Se hoje estou alcançando esta vitória é porque Deus está comigo e tenho pessoas também como vocês nesta jornada, assim o êxito é de todos nós. Gratidão por tudo. Representando todos vocês, quero citar aqui o Renato Schaidhauer , esposo da minha amiga Elaine Schaidhauer, que não media esforços e sempre que precisava estava me auxiliando, nas questões da informática, nunca vou esquecer da sua colaboração viu amigo Renato. Você, Elaine, sua família, estiveram sempre comigo, são também precisos para mim, obrigada pela contribuição, companheirismo e amizade de vocês.
Acima de tudo, mais uma vez a Deus minha gratidão, por ter me guardado durante esta pandemia e com isso ter a oportunidade de está concluindo mais uma etapa na minha vida, a Ele toda honra, toda glória e toda adoração. Por fim a todos e a todas que, de forma direta ou indiretamente compartilharam comigo este precioso tempo, fica aqui meu abraço fraterno! Sentirei saudades de quase tudo e de todos.
Na atual conjuntura em que se vive muitos momentos de ansiedade motivados por vários acontecimentos, principalmente da pandemia, pensei de deixar algo sobre o assunto, para tanto me deparei com um livro muito interessante. Em ansiedade tóxica, capítulo do livro “Emoções Tóxicas”, o autor Bernardo Stamateas faz nos lembrar de que a ansiedade, assim como as demais emoções, não pode nos tirar do foco e nem mesmo daquilo que almejamos. Para tanto sugere técnicas e estratégias simples de como lhe dar com esse sentimento.
O capítulo do livro é subdividido em 06 partes. Inicialmente o texto traz uma discussão do que é ansiedade, posteriormente ressalta em que se está pensando, questiona por que dizem que somos ansiosos, questiona se ansiedade e estresse são as mesmas coisas e ainda dar sugestão de algumas atitudes que nos levarão a grandes mudanças, bem como ressalta que tudo começa no nosso interior. Os capítulos são bibliográficos, cita pesquisa e usa fábula para melhor entendimento daquilo que deseja expressar, estes últimos não farão parte deste texto.
De início o autor argumenta que a ansiedade é a emoção que surge quando se sente a aproximação de alguma ameaça, quando se visualiza o futuro de forma negativa e com isso se prepara para enfrentá-lo. Ela se manifesta primeiramente na nossa mente e posteriormente no nosso corpo. A exemplo, antes de algo ficamos inquietos e depois surgem as dores de cabeça, o mal-estar no estômago, o suor, dentre outros.
A ansiedade como algo normal nos instiga a enfrentarmos uma pressão externa, os temores que surgem nos preservam diante de uma ameaça ou perigo. Mas o que ocorre quando saímos de momentos de ansiedade e vivemos ansiosos? O ansioso em cada situação nova, cada mudança, vive uma tortura com grande sofrimento interior. Isso dar origem a ansiedade crônica, sendo vista como tóxica, podendo levar ao desânimo, tristeza e ainda a depressão, ou viver sempre acelerado. Par tanto a ansiedade é um estado emocional tóxico que faz a pessoa se tornar inquieta e temerosa.
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O autor afirma ainda que a ansiedade na espera de alguma coisa dar origem ao desânimo e ainda leva a pessoa a pensar que nada tem sentido ou vale a pena. Ela não somente traz impedimento a experimentar emoções positivas, como alegria ou amor, como também impede que desfrutemos de forma plena a vida. Tudo começa nos pensamentos, estes o cérebro de maneira errada interpreta como reais. Mesmo que a nossa razão nos mostre que não são verdadeiros, acreditamos nesses pensamentos em nível emocional, ou seja, sentimos que são reais. Se o nosso cérebro achar que vai acontecer algo ruim, dar início ao envio de sintomas de ansiedade. Assim evitemos aquilo que não nos serve, descartando assim tudo o que intoxica nossas emoções.
Outro ponto defendido pelo autor é que a ansiedade é uma emoção tóxica muito comum atualmente. Quando somos ansiosos não somente nossa mente é emoções ficam afetadas, mas também nosso corpo. É possível que esteja passando na nossa cabeça decisões que precisamos tomar, escolhas para fazer, palavras a serem ditas, ou ainda estejamos fugindo de situações ou de pessoas que precisamos encarar. Nosso corpo é consciente disso, mesmo que queiramos negar ou ocultar a verdade. O ansioso procura todas as formas de acalmar essa emoção tóxica, para isso, recorre a coisas como comida, trabalho em excesso, ou ainda, automedicação. De uma forma geral os sintomas mais comuns da ansiedade são: medo ou temor, preocupação, insegurança, apreensão, dificuldades para tomar decisão, problemas de concentração, insônia, sensação de perda de controle da vida ou do meio que o rodeia, perda de interesse, hiperatividade, gagueira, movimentos bruscos, tiques nervosos.
Com o passar dos dias se a ansiedade não for tratada de maneira apropriada, pode comprometer seriamente a saúde, dando origem assim aos transtornos de ansiedade, nestes estão inclusos pânico, obsessão-compulsiva e variados tipos de fobias. Dentre os sintomas mais graves da ansiedade estão as palpitações, sensação de falta de ar, pressão arterial alta, problemas digestivos, náuseas, tensão muscular, diarreia, dor de cabeça, suor excessivo, dentre outros. Pensando nisso, nossa mente necessita de um descanso, devemos oferecer-lhe um pouco de paz, quando conseguirmos relaxar, todas as coisas que instigava uma ansiedade ilimitada em nós, retornará a estar sob nosso controle.
Outro ponto em destaque pelo autor é quando se fala em ansiedade e estresse, será se está falando a mesma coisa? De uma forma geral todos necessitamos ser pressionados em nossa vida, isso não tem nada de tóxico, como ser humano precisamos de uma tensão básica. No entanto, quando a pressão ou os estímulos são muitos e todos juntos ou poucos, mas por um grande período, ou a combinação de ambos, produz-se um desequilíbrio, surgindo daí o estresse. A situação dependerá do tempo e da intensidade que é vivida. Vivenciar um momento estressante não é a mesma coisa de viver estressado. Um instante de estresse é normal, inesperado e ocasionado pelo meio externo, enquanto viver estressado é tóxico, procurado e ocasionado por nós mesmos, que passou a ser um hábito e “não conseguimos” viver de outra forma.
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O estresse surge quando há questões externas de forma demasiada e o nosso organismo não consegue enfrentá-las. É uma tensão, uma coação física e mental, que termina rompendo o equilíbrio. No momento em que o corpo recebe um estímulo, dois hormônios são ativados a adrenalina e o cortisol. A adrenalina gera energia e força, fazendo que nos sintamos imortais, a energia aumenta, acelera o nível de excitação, desejo e entusiasmo. Quando acontece algo e isso é ativado em doses altas e de forma frequente, isso torna-se um veneno. O cortisol é um hormônio bom, no entanto quando aumenta de maneira excessiva o nível de açúcar no sangue, isso pode ocasionar um aumento de peso e perda de cálcio, magnésio e potássio nos ossos. Todos temos uma reação os estímulos de forma diferente, os acontecimentos de nossas vidas dependerão de como interpretamos cada um deles.
O autor ressalta ainda que está livre da toxicidade da ansiedade é algo alcançável por nós. Assim sugere algumas atitudes que nos levará a mudanças que ficarão enraizadas em nossos costumes e ainda servirão para reduzirmos o estresse, ficando assim livres da ansiedade tóxica. Dentre as sugestões estão começar verificando quais as fontes da ansiedade; tomar a iniciativa de abandonar as coisas que nos tiram a paz; desfrutar da vida de forma plena e calma; desenvolver hábitos que levem a sentir a paz de espírito, alma e corpo; evitar notícias ruins todo tempo, dedicar-se a um bom livro; aprender algo novo diariamente; cuidar da saúde e do corpo; procurar dormir e comer bem; incluir rotina de atividades físicas; distanciar-se de gente tóxica; aproximar-se de pessoas com mentalidade positiva; mudar o foco; falar de forma positiva; manter um registro escrito; rir um pouco todos os dias; esperar sempre o melhor; visualizar-se como uma pessoa de sucesso.
Para finalizar o autor afirma que todas as coisas começam dentro de nós, se estivermos em paz conosco e com os demais nada nos tirará do nosso lugar. Assim é indispensável buscarmos a paz, batalharmos para consegui-la e decidirmos mantê-la, independente do que ocorra ao nosso redor. Viemos a este mundo para sermos livres, não devemos ser escravos de coisa alguma nem de ninguém. Devemos nos atentar para as coisas importantes, que aumentam nossa energia; as secundárias nos retiram. Ninguém pode retirar a felicidade de nós, não a roubemos de nós mesmos através de emoções tóxicas. Nos permitamos ser felizes, festejemos a vida, podemos nos livrar da ansiedade.
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REFERÊNCIA
STAMATEAS. B. Ansiedade tóxica. In: STAMATEAS. B. Emoções tóxicas. 2010. p.11-19. Disponível em: <https://fliphtml5.com/fckra/uxec/basic>. Acesso em: 01 dez 2021.
Quando falamos sobre a covid-19, sabe-se que é uma infecção respiratória, ocasionada pelo coronavírus (Sars-Cov-2), com potencial grave, de alta taxa de transmissibilidade e distribuição mundial. A infecção pode mudar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves, para quadros moderados, graves e críticos. Algumas manifestações mentais e neurológicas podem estar constantemente relacionadas a patologia, como delírio, agitação, acidente vascular, ansiedade, depressão, dentre outros. Assim, devido todo esse contexto o Ministério da Saúde-MS, indicou algumas medidas para enfrentamento da doença, como distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização das mãos, uso de máscaras, isolamento, quarentena, dentre outros (BRASIL, 2020a).
A disseminação do vírus teve início na China e em razão da presença do vírus daquele local, a Organização Mundial de Saúde – OMS (2020), em 30 de janeiro de 2020, declarou que o surto de novo vírus constituía-se em uma emergência de saúde pública de importância internacional. Na declaração, o Diretor Geral da OMS, disse que já existiam 7.834 casos confirmados com o coronavírus, incluindo 7.736 na China e que 170 pessoas havia falecidas com o surto naquele país. Ressaltou ainda que a única forma de acabar com o vírus, seria todos os países trabalharem de forma conjunta, com um espírito de solidariedade e cooperação (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2020).
No Brasil, em consonância com a OMS, o Ministério da Saúde, expediu a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, na qual declarou a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, também em decorrência da infecção humana, pelo novo Coronavírus (BRASIL, 2020b). Em 11 de março de 2020, o Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde-OMS, Tedros Adhanom, mudou a classificação da doença ocasionada pelo novo coronavírus para pandemia, tendo em vista a rápida disseminação da covid-19 (UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS, 2020).
Assim deu-se origem umas das piores epidemias ocorridas em todo mundo, com inúmeros impactos em todos os setores da sociedade e repercussões alarmantes em vários países, bem como, em todas as regiões e consequentemente em estados do Brasil. De acordo com a Fundação Osvaldo Cruz – FIOCRUZ (2021), a pandemia não trouxe somente implicações de ordem biomédica e epidemiológica em nível mundial, mas também impactos sociais, políticos, culturais e históricos na história recente das epidemias. Neste contexto, além das consequências sobre os sistemas de saúde, na estabilidade econômica do país e da população, houve prejuízo ainda na saúde mental das pessoas, com temor pelo risco de adoecimento e morte, bem como no acesso a bens necessários como alimentação, medicamentos, transporte, dentre outros.
Em se tratando da questão da saúde mental, devido a pandemia da covid-19, surgiram os impactos sobre a saúde da mulher, decorrente da necessidade do isolamento social. Um estudo realizado por um pesquisador do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), no período entre maio e junho de 2020, com homens e mulheres de várias regiões do país, mostrou que mesmo antes de completar seis meses da declaração de emergência em Saúde Pública, em decorrência do Coronavírus, pelo Ministério da Saúde, as mulheres foram as mais impactadas emocionalmente, nesse período, tendo assim respondido por 40,5% dos sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse (FERREIRA, 2021).
Um dado que mereceu destaque da pesquisa, foi o fato do maior número das alterações na saúde, dos aspectos investigados, ter sido em mulheres que moram sozinhas. Para o responsável pelo estudo, esse resultado poder ser reflexo da vulnerabilidade deixada pela pandemia para esse grupo. Isso caracterizado pela falta de perspectiva e ainda incertezas quanto ao futuro, que geraram nessas mulheres sensações de desconforto, angústia, ansiedade e desamparo (FERREIRA, 2021).
Dentro desse contexto, para se somar aos demais estudos, realizou-se uma pesquisa, como atividade prática de estágio, para coletar dados referente ao impacto da saúde mental das mulheres em resposta ao isolamento social, no período da pandemia, no mês de abril/2021. A pesquisa foi realizada através de um questionário pela plataforma Google Forms, com informações sobre idade, estado civil, escolaridade, ocupação, condições gerais das participantes diante da pandemia, problemas de relacionamento, mortes de parentes e de pessoas próximas ou relevante, interferência na saúde mental, o que mais afetou, condições financeiras, dentre outros.
Das 200 (duzentas) mulheres que responderam a pesquisa, 43,5% são casadas, 37% tem pós-graduação completa, 49% foram ou tiveram pessoas próximas acometidas com a covid-19 e 64,5% sofreram interferências na sua saúde mental, em razão da pandemia. Quanto ao isolamento, 90% apresentaram ansiedade, 78% estresse, 77,5% tristeza, 72% medo, 64,5% frustração. Os pontos que mais lhe afetaram, 62,5% as incertezas da patologia, 57,5% necessidade de isolamento, 53,5% perder entes queridos e 46% sobrecarga de tarefas. Quanto à autoestima, 54% está oscilante e ainda quanto a intensidade das emoções, 42% encontra-se muito intensa.
De uma forma geral, a pesquisa demonstrou que as mulheres estão enfrentando, nesse período da pandemia, sérios impactos na saúde mental, sejam eles ansiedade, estresse, tristeza, medo ou frustrações. O processo da pandemia e isolamento social lhes afetaram em diversas áreas, como incertezas da doença, perdas, necessidade de se manter isolada e ainda na sobrecarga de tarefas, dentre outros. Percebe-se com os dados levantados, que as mulheres não tiveram respostas positivas e adaptativas à pandemia.
Independentemente da abrangência das duas pesquisas citadas e do número de mulheres alcançadas, pelos resultados obtidos, percebeu-se que a pandemia e consequentemente o isolamento social, ocasionaram grande impacto na saúde mental das mulheres, resultando assim em sérias consequências para o seu bem-estar em geral. Assim é necessário que os serviços públicos estejam preparados para enfrentar essa grande demanda e ainda os novos casos que surgirão, com destaque às mulheres.
BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus – covid-19. MS, 2020. Disponível em:< https://coronavirus.saude.gov.br/>, acesso em: 02 maio 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, ed. 24-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 04 fev. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388>. Acesso em: 02 maio 2021.
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. Organização Mundial de Saúde declara pandemia do novo Coronavírus. UNA-SUS, 2020. Disponível em: unasus.gov.br/noticia/organizacao-mundial-de-saude-declara-pandemia-de-coronavirus#:~:text=Tedros%20Adhanom%2C%20diretor%20geral%20da,Sars-Cov-2)>. Acesso em: 02 maio 2021.
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“O Primeiro da Classe”: vivências de uma pessoa portadora da Síndrome de Tourette
Você já ouviu falar sobre a Síndrome de Tourette? Esta patologia vista pelos estudiosos como um distúrbio neuropsiquiátrico é destaque de um filme denominado “O Primeiro da Classe”. O episódio protagoniza uma história real de um professor americano, chamado de Brad Cohen, interpretado pelo ator Joseph Wolk, que desde criança convive com a Síndrome de Tourette (ST). O filme retrata toda a trajetória do preconceito sofrido por Brad e suas conquistas, como portador da referida síndrome.
Desde a infância, Brad era incompreendido, sofria humilhações e preconceitos em razão do problema que tinha; nem mesmo seu pai aceitava a condição dele, para as pessoas, Brad tinha condições de controlar os movimentos causados pela Tourette. Sua mãe que o apoiava e reconhecia nele um problema, cansada de presenciar o sofrimento do filho e por não encontrar respostas nem mesmo dos profissionais da saúde da época, começou a pesquisar e descobriu que Brad tinha uma doença chamada Síndrome de Tourette, portanto os movimentos que ele fazia, diferentemente do que muitos pensavam, era involuntários, assim não podia controlá-los.
Na escola Brad era oprimido pelos demais colegas e ainda incompreendido pelos professores, que muitas vezes o chamava atenção e o fazia prometer que não iria mais fazer os barulhos e se comportar de tal forma. Um dia, em uma determinada escola, durante uma palestra, em que todos os alunos estavam presentes, o Diretor chamou Brad ao palco e ao perguntar por que ele fazia barulhos estranhos, Brad respondeu que tinha Síndrome de Tourette e que gostaria de ser aceito, assim todos entenderam sua situação e foi aplaudido pelos presentes.
Na idade adulta, após concluir seus estudos, Brad teve o desejo de dar aulas, assim participou de várias entrevistas em busca da realização desse sonho. Em quase todas as escolas foi reprovado, devido sua condição de saúde, no entanto uma delas resolveu dar-lhe uma chance. Assim a escola organizou o ambiente para recebê-lo e deu-lhe uma turma de crianças para dar aula. Com isso, ele realizou aquilo que muito desejava e ficou em paz e feliz. Tudo isso contribuiu para seu maior enfrentamento da síndrome, pois naquele lugar ele era reconhecido pelo seu trabalho e não pela sua condição de saúde. A sua dedicação foi tanta que ele ganhou um prêmio como melhor professor do ano.
Nessa mesma época, Brad conheceu uma garota, pela internet, com quem se casou e viveu bons momentos da sua vida. Posteriormente recebeu aceitação do seu pai, chegando até mesmo a ganhar estantes para a escola na qual ele trabalhava. Quanto a síndrome, nas suas falas, Brad disse que ela foi sua “companheira” desde os seis anos, sendo a principal razão para ele se tornar um professor de verdade.
Quando se pesquisa sobre a Síndrome de Tourette, percebe-se que ela tem seu início na infância e resulta-se numa série repentina de vários tiques motores somados a um ou mais tiques vocais; ocorrendo assim num período mínimo de um ano, com início antes dos dezoito anos. Para tanto, teve sua primeira descrição como uma patologia neuropsiquátrica, em 1825. (Teixeira et al. 2011, apud AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION, 1994; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000; PETERSON, 2001; PAULS, 2003). Os tiques são classificados comomotores e vocais, subdivididos em simples e complexos. As pessoas inicialmente apresentam tiques simples e com os anos evoluem para complexos, mas isso depende de cada pessoa. (Teixeira et al.2011, apud LECKMAN, 1995; MERCADANTE, 2004).
De acordo com Hounie e Petribu (1999), dentre os tiques motores simples estão as caretas faciais, piscar de olhos, desvio do globo ocular, levantar os ombros, tensão da parte do corpo, sacudidelas da cabeça. Quanto aos complexos são gestos de mãos, empurrar, estiramento de língua, movimentos de arrumação, dobrar-se, retorcer-se, beliscar, morder a boca, bater a cabeça, ecopraxia e copropraxia etc. Quanto aos vocais, dentre os simples estão coçar a garganta, cuspir, fungar, gritar, sorver inúmeros sons; no que se refere aos complexos são proferição súbita de sílabas inapropriadas, palavra “êpa”, ops”, frases curtas e complexas, incluindo palilalia, coprolalia e ecolalia, dentre outros.
Para se caracterizar a síndrome é necessário a presença de tiques motores, um ou mais vocais, em um dado momento, durante o processo da doença, não necessariamente acontecendo ao mesmo tempo; ocorrência de vários tiques em quase todos os dias ou algumas vezes, durante um período de mais de um ano, não havendo para tanto nenhum período superior a três meses com faltas dos tiques. Nos últimos anos, há um crescente aumento de diagnósticos da Síndrome, tendo em vista o número maior de informações levantadas por equipes de saúde e grupos de pesquisa (HOUNIE; PETRIBU, 1999).
De acordo com Loureiro (2005), entre as patologias associadas à síndrome está o transtorno de déficit de atenção, somados a hiperatividade e sintomas obsessivo-compulsivos. Muitas crianças que apresentam o distúrbio e tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e podem também apresentar prejuízos na aprendizagem (apud ROBERTSON E YAKELY, 1996; MERCADANTE et al., 2004 ARZIMANOGLOU, 1998).
Ainda segundo Loureiro (2005), após a percepção dos sintomas, são indispensáveis o diagnóstico e o tratamento precoces, pois com isso evita-se prováveis prejuízos psicológicos para o paciente. Para cada pessoa com a síndrome, existe uma forma de tratamento, destacando assim abordagens farmacológicas e psicológicas. Esta última além de oportunizar terapias ao paciente, ajudando-lhe no enfrentamento do problema, garante aos pais e familiares mais próximos, instrução de como ocorre a doença e ainda como deve-se lhe dar com a pessoa portadora da síndrome (HOUNIE e PETRIBU, 1999; MERCADANTE et al., 2004).
Em se tratando do filme, percebe-se que o mesmo é muito interessante, pois trata da vivência de uma pessoa com uma patologia ainda não muito conhecida na atualidade para a área científica, bem como para o público em geral, como a Síndrome de Tourette. Outra situação levantada no episódio refere-se a questão da inclusão e ainda a força de enfrentamento de alguém que tem um objetivo e mesmo diante dos desafios da vida não se rende a eles e com isso consegue alcançar aquilo que verdadeiramente lhe dar sentido à vida.
Durante toda trajetória do filme, foi possível perceber o quanto as pessoas que possuem Síndrome de Tourette enfrentam aos mais variados tipos de dificuldades, isso muitas vezes motivado pelo desconhecimento sobre a síndrome. Até mesmo nas famílias elas são incompreendidas; quando crianças, vistas como sem limites e adultas como mal-educadas. Para Brad foi muito difícil conviver com toda essa situação, pois por onde passava as pessoas o tratavam como estranho e ainda se recusavam entendê-lo. Na escola por exemplo, em vez de perceber o seu potencial, os professores o corrigiam, maltratavam e ainda o expunha na sala, trazendo vergonha e constrangimento para ele.
Outro tema tratado no filme refere-se a inclusão, no caso de Brad a exclusão. Durante toda vida, Brad foi excluído devido sua condição. Infelizmente isso ainda é muito presente em nossos dias, nem sempre as pessoas estão preparadas para aceitar aquilo que é diferente da maioria e com isso agem com indiferença, preconceito e discriminação, como se pessoas assim não tivessem os mesmos direitos. Para muitos ainda é difícil entender que uma demonstração de empatia, amor ao próximo, tolerância, respeito, equidade, são indispensáveis para a construção de relações saudáveis e ainda reafirma a dignidade das pessoas, independentemente de suas diferenças.
Ainda sobre o filme, o que nos chama atenção também é a perseverança de Brad. Independente de circunstâncias ele rompeu com o preconceito, as indiferenças, a exclusão, a falta de aceitação até mesmo de seu pai e conseguiu realizar seus sonhos, tanto profissionalmente como familiar, tal como diz Viktor Frankl, um Austríaco, visto como pai da Logoterapia “a pessoa humana tem dentro de si ambas as potencialidades; qual ser concretizada, depende de decisões e não de condições” (FRANKL,1987, p. 74).
Assim finaliza-se o filme que conta a vida de um homem que foi além daquilo que lhe foi apresentado e com isso conseguiu realizar seus sonhos e ser feliz, deixando para todos nós uma lição de que mesmo diante das adversidades da vida não devemos desistir, pois temos um lugar ao sol para conquistarmos e isso nem sempre ocorre da forma mais fácil, mas, mesmo assim, devemos prosseguir ou seja, “dizer sim a vida, apesar de tudo”( FRANKL,1987, p. 75).
Elenco: Sarah Drew, Treat Williams, Dominic Scott Kay, Jimmy Wolk, Patricia Heaton, Joe Chrest, Johnny Pacar, Mike Pniewski, Charles Henry Wyson, Charlie Finn, Dianne Butler, Helen Ingebritsen, Laura Whyte, Kathleen York, Michael Cole
Duração: 95 minutos
Referências:
FRANKL, V. Em busca do sentido: um psicólogo no campo de concentração. Tradução de Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline. São Leopoldo:Sinodal, 1985. 174 p.
LOUREIRO, et al.; Tourette: por dentro da síndrome. Scielo, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n4/26056.pdf >. Acesso em: 16 de abr. de 2021.
HOUNIE, A. PETRIBU, K. Síndrome de Tourette – revisão bibliográfica e relatos de casos. Sciello, 1999. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000100011>. Acesso em: 16 de abr. de 2021.
TEIXEIRA et al. Síndrome de La Tourette: revisão de literatura. Sciello, 2011. Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-487> Acesso em: 16 de abr. de 2021.