Saúde física e psicológica do Policial Penal

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As vivências e enfrentamentos de um Policial Penal. Marcondes Marques Marciano, policial penal (segundo à direita da foto)

Marcondes Marques Marciano é bacharel em direito, pós-graduado em direito administrativo, atualmente é Policial Penal desde 2017, hoje é lotado no núcleo de operações com cães – NOC da Polícia Penal do estado do Tocantins (@noc.oficial). O Portal (En)Cena o convidou para responder algumas perguntas sobre o impacto do trabalho dos policiais penais de forma geral.

 (En)Cena – Tendo em vista que a realidade do Sistema Prisional brasileiro é de superlotação e dentro disso uma sobrecarga além da exposição à violência, quais são os principais desafios que os profissionais do sistema penitenciário enfrentam em relação à saúde mental no ambiente de trabalho?

Marcondes Marques: Os profissionais do sistema penitenciário enfrentam desafios significativos em relação à saúde mental, incluindo altos níveis de estresse devido à natureza do trabalho, exposição a situações traumáticas, falta de recursos e apoio psicológico adequado, além do risco de burnout devido à sobrecarga de responsabilidades. A violência no ambiente de trabalho e principalmente a falta de reconhecimento também contribuem para a deterioração da saúde mental desses profissionais, que deixam suas casas para se expor à realidade por vezes difícil de compartilhar com as pessoas próximas, assim causando também isolamento.

(En)Cena: Quais medidas estão sendo implementadas para garantir o bem-estar psicológico dos funcionários do sistema penitenciário?

As medidas para garantir o bem-estar psicológico dos funcionários do sistema penitenciário incluem programas de apoio psicológico, como a oferta de aconselhamento e serviços de saúde mental. Além disso, treinamentos regulares para lidar com situações estressantes, a implementação de políticas de prevenção ao estresse ocupacional e o fornecimento de recursos para gestão do estresse são estratégias comuns. Algumas instituições também promovem uma cultura de apoio entre colegas e incentivam a comunicação aberta sobre questões relacionadas à saúde mental. No entanto, é um desafio contínuo melhorar e expandir essas iniciativas para abordar as complexidades do ambiente penitenciário.

                                                            Fonte: Acervo Pessoal 

Núcleo de operações com cães da Polícia Penal

(En)cena: No estudo da psicologia, o estresse está relacionado à exposição prolongada a fatores que geram estado de alerta, desafios e ameaças, sabendo da sobrecarga física e contínua que enfrentam e da exposição ao perigo, como o estresse ocupacional afeta a saúde física dos Policiais Penais? Quais são os impactos mais comuns?

O estresse que enfrentamos no sistema penitenciário pode afetar nossa saúde física de várias maneiras. Alguns efeitos comuns incluem problemas para dormir, pressão alta, questões no coração, dores musculares, dores de cabeça frequentes e um sistema imunológico comprometido. Lidar constantemente com situações de pressão e tensão pode ser a causa desses problemas de saúde, aumentando o risco de desenvolver condições crônicas. Além disso, o estresse prolongado pode prejudicar os hábitos alimentares e a atividade física, o que piora ainda mais os impactos da saúde física dos Policiais Penais.

(En)cena: Quais recursos estão disponíveis para promover a saúde mental dos profissionais do sistema penitenciário e como eles são acessados?

Existem recursos como: Programas de Aconselhamento e Psicoterapia, treinamentos de resiliência e gestão de estresse que equipam os profissionais com habilidades para lidar com pressões do trabalho, grupos de apoio entre os próprios colegas, aqui se tem um ambiente solidário para compartilhar experiências. Políticas de licença e descanso adequadas, que fomentam períodos de descanso necessários para recuperação, além do próprio trabalho com os animais do NOC promover certo alívio, o vínculo com os animais propicia certa descontração que por vezes não acontece devido ao tipo de função exercida.

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“Beleza Oculta” – cartas para a morte, o amor e o tempo

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A Fusão e a Desfusão Cognitiva no Filme Beleza Oculta e uma perspectiva da Terapia de Aceitação e Compromisso.

Beleza Oculta é um filme de drama lançado em 2016, dirigido por David Frankel. A trama gira em torno de Howard Inlet, interpretado por Will Smith, um publicitário bem-sucedido que sofre uma grande tragédia pessoal, a perda de sua filha. Em sua dor, Howard se isola e escreve cartas para três abstrações: o Tempo, o Amor e a Morte. O inesperado acontece quando as três abstrações começam a responder as cartas e interagir com ele, personificadas por três artistas de teatro, que com ajuda de amigos entram em cena para ressignificar a vida de Howard.

As cartas são expostas ao decorrer do filme, em uma delas o personagem escreve “Querida morte, inevitável. Talvez mais distante para quem administra o tempo amando a vida. Reforça a certeza de agirmos em vida para não lamentarmos a sua presença.”, como também uma carta para o amor “Querido amor, eu continuo te esperando, por favor, não demore.” Em outra ocasião, o tempo responde Howard alegando “Eu sou abundante, eu sou um presente e você está me desperdiçando.” É possível captar que o personagem principal está envolto no luto, e encontra na troca com os personagens e em suas respostas, uma forma de superar a morte precoce da filha, o filme abre a interpretação psicológica de como um indivíduo diante de uma experiência de perda, pode se fundir psicologicamente com o ocorrido, de forma a fugir da aceitação e das emoções envolvidas no processo.

                                                                                                               Fonte:https://www.planocritico.com

A morte, o amor e o tempo

 

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) baseia-se na teoria da Flexibilidade Psicológica, composta por seis processos interligados. Um desses processos é a Desfusão Cognitiva, que envolve a quebra da Fusão Cognitiva, na qual as pessoas estão fixadas em seus pensamentos e sentimentos, considerando-os como verdades absolutas. A Fusão Cognitiva dificulta a diferenciação entre eventos privados e circunstâncias externas. Essa fusão tem raízes na evolução e na capacidade humana de classificar, prever, explicar, comparar, preocupar e julgar, desempenhando papéis de proteção e adaptação.

O personagem de Will Smith, se encontra fusionado ao luto, em ACT a problemática não está na fusão, pois como exposto, ela está a serviço das funções cognitivas, mas sim em outras palavras Em outras palavras; a cognição pode nos proteger de eventos passados, inexistentes, ausentes no presente ou incertos quanto ao futuro. Como afirmou Hayes(2007), “quando aderimos literalmente aos nossos pensamentos, ficamos à mercê de todas as experiências da vida”. Portanto, o desafio não está na existência da fusão cognitiva (pois ela tem seu propósito), mas sim na nossa capacidade de discernir quando essa fusão é ou não benéfica para guiar nossas vidas em direção ao que realmente importa.

A fusão cognitiva refere-se à ideia de que, muitas vezes, estamos “fundidos” com nossos pensamentos, o que significa que nos identificamos tanto com eles que eles se tornam nossa realidade. No filme, Howard Inlet (interpretado por Will Smith) está profundamente “fundido” com sua dor e luto pela perda de sua filha. Ele se tornou incapaz de separar sua identidade da tristeza e do sofrimento que sente. Ele está completamente imerso em sua fusão com a dor, o que o leva a se isolar e se afastar de seus entes queridos.

Howard dá início à sua desfusão cognitiva no filme, quando começa se relacionar com os personagem representando o Tempo, o Amor e a Morte, pois começa a se separar desses pensamentos e comportamentos privados, e percebem que eles não definem sua identidade. Eles o desafiam a encarar suas emoções e pensamentos de maneira mais objetiva. Com o tempo, Howard começa a perceber que ele não é seus pensamentos de dor e luto, mas sim alguém que está experimentando essas emoções. Por tanto a desfusão cognitiva é o processo de se separar dos pensamentos e emoções, percebendo que eles não os definem.

Beleza Oculta é uma história emocionalmente carregada que destaca a importância de encontrar significado nas experiências de vida mais difíceis e a conexão entre as pessoas. O filme também aborda como lidar com o luto e seguir em frente, mesmo quando a vida parece insuportável.

Sites consultados

Compreendendo a Desfusão Cognitiva

https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/beleza-oculta-une-drama-e-fantasia-em-historia-sobre-superacao.ghtml

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Bissexualidade: quando sair do armário vira algo da vida toda e mesmo assim o próprio grupo inviabiliza a existência de parte da comunidade

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Na vivência da bissexualidade, as orientações sexuais são uma maneira de dar sentido a comportamentos, gostos e desejos humanos. No entanto, a compreensão predominante das sexualidades tende a ligar biologia, gênero e atração, enfatizando categorias binárias tradicionais como feminino-masculino e heterossexual-homossexual. Isso cria normas rígidas que limitam as relações afetivas e sexuais a papéis de gênero convencionais. Nesse cenário, pessoas que desafiam essas classificações são marginalizadas, incluindo indivíduos bissexuais. Eles enfrentam formas específicas de preconceito e, muitas vezes, não encontram apoio adequado na comunidade LGBTQIAP+.

Nas entrelinhas desta problemática levantada, mergulhamos no complexo mundo das orientações sexuais e como elas se entrelaçam com as normas da heterossexualidade. Aqui, somos testemunhas da marginalização sofrida por formas de sexualidade que desafiam o status quo, com destaque para a discriminação que atinge as pessoas bissexuais dentro da comunidade LGBTQIAP+.

Embora tenham desempenhado papéis fundamentais na luta pela diversidade sexual e de gênero, as pessoas bissexuais enfrentam um olhar desconfiado que as acusa de ameaçar a coesão do movimento, aparentemente por sua proximidade com a heterossexualidade. Mas a verdade é que o conceito de bissexualidade se expandiu ao longo do tempo, abraçando uma riqueza de identidades de gênero, indo muito além de uma atração por apenas dois sexos. No entanto, ainda falta à bissexualidade símbolos e estereótipos que a tornem mais facilmente reconhecível.

                                                                                                        Fonte:https://medium.com

Sou bi. não estou indecisa!

A discriminação que paira sobre as pessoas bissexuais, conhecida como bifobia, é uma tentativa de manter intactas as categorias monossexuais, preservando o confronto entre heterossexualidade e homossexualidade. Isso se manifesta de diversas formas, incluindo a ideia errônea de promiscuidade e a crença de que a bissexualidade é uma fase temporária de experimentação. Esse estigma cria uma pressão constante sobre as pessoas bissexuais, forçando-as a fazer uma escolha definitiva em relação à sua orientação sexual, algo que acaba por impactar profundamente sua qualidade de vida e relacionamentos.

O renomado jornal americano The New York time, publicou uma matéria (O “armário duplo”: por que algumas pessoas bissexuais lutam contra a saúde mental) sobre a revisão de 57 estudos, e descobriu que, quando comparadas com pessoas heterossexuais, as pessoas bissexuais apresentaram taxas mais elevadas de depressão e ansiedade, e taxas mais elevadas ou equivalentes dessas condições, quando comparadas com aquelas que se identificaram como gays.

A bifobia, uma violência silenciosa, insinua-se em várias esferas da vida daqueles que a enfrentam diariamente, gerando sentimentos de solidão, confusão, vulnerabilidade e insegurança. Diante dessa realidade, um indivíduo bissexual se encontra em um eterno sair do armário, mesmo que seja só para si mesmo. Heterossexuais não precisam se assumir, gays se assumem um par de vezes. Bissexuais vão se assumir por uma vida inteira.

Sites consultados:

https://medium.com/mulheres-que-escrevem/quem-tem-medo-de-se-dizer-bissexual-a313ce3a9180

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Casa das estrelas: O mundo narrado pelo olhar das crianças e uma perspectiva psicológica da experiência infantil

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Casa das estrelas: o universo pelo olhar das crianças

“Casa das Estrelas” é uma obra cativante escrita por Javier Naranjo que nos transporta para um mundo de imaginação e criatividade. O livro, composto por neologismo, é um convite para explorar o universo da linguagem de forma lúdica e poética. Naranjo brinca com as palavras e as ideias de maneira única, criando uma atmosfera mágica e nos convida a ver o mundo com olhos de criança. Com sua escrita envolvente e criativa, o autor nos presenteia com um livro que celebra a magia da linguagem e a capacidade sincera das crianças de se expressarem.

Javier Naranjo, um professor e poeta colombiano, ao longo dos anos, coletou definições dadas por seus alunos do primário a palavras, objetos, ideias, lugares e sentimentos. Reunidos no grande sucesso “Casa das Estrelas”, esses pequenos neologismos oferecem uma ampla perspectiva de interpretações, variando entre o poético, o lúdico, o melancólico e o revelador.

A obra apresenta definições singelas, porém profundas, como por exemplo, “poesia”, que é descrita como “É como estar cantando”, ou “amor”, definido como “É quando batem em você e dói muito”. Além disso, os neologismos abordam questões sociais e políticas, como a definição de “guerra” que diz: “Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz”.

“Casa das Estrelas” também revela uma visão crítica e perspicaz das crianças, como na definição de “adulto”: “Pessoa que, em toda coisa que fala, vem primeiro ela.” Através dessas definições, Naranjo nos lembra da desenvoltura e da simplicidade das crianças ao abordar temas complexos, oferecendo uma obra que nos convida a refletir sobre a natureza da linguagem e da sociedade.

                                                                                                                           Fonte:www.delivroemlivro.com.br

Adulto: Pessoa que, em toda coisa que fala, fala primeiro de si. (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)

“Casa das Estrelas” é uma obra que encanta leitores de todas as idades. É um convite para nos perdermos nas palavras e nos deixarmos levar pela beleza das histórias que habitam o céu noturno. Naranjo nos lembra que a literatura tem o poder de nos transportar para mundos desconhecidos e nos fazer questionar a realidade que nos cerca. É um livro que nos convida a olhar para o céu com uma perspectiva renovada e a encontrar estrelas cadentes em nossos próprios pensamentos; uma obra poética e inspiradora que nos convida a explorar as maravilhas da linguagem e da imaginação.

Em uma perspectiva psicanalítica, a nomenclatura de palavra se dá pela técnica de associação livre, desenvolvida por Freud para que seus pacientes expusesse sem influência do terapeuta seus pensamentos a respeito de uma palavra, dessa forma conteúdos vinha à tona; Já segundo a teoria de Jean Piaget do  desenvolvimento psicossocial,  as crianças passam por estágios de desenvolvimento cognitivo, cada um com características psicossociais específicas. Durante a segunda infância, a criança está no estágio operacional concreto, onde desenvolve habilidades de pensamento lógico e começa a interagir com os outros de maneira mais cooperativa. Piaget acreditava que o desenvolvimento moral e social se baseia na capacidade cognitiva da criança para compreender as regras e normas sociais. Assim, o desenvolvimento psicossocial na visão de Piaget está fortemente relacionado ao desenvolvimento cognitivo e à interação com o ambiente social.

Parafraseando o conceito de estímulo e resposta em Análise do Comportamento, as palavras são estímulos e sua significação as respostas, que surgem a partir do repertório das crianças, a partir de suas experiências e comunidade verbal, que  auxiliam os indivíduos na nomeação de seus eventos privados e sensações corporais. Assim fica possível ver que ao expressar o significado das palavras, as crianças expressam assim como citou Skinner “O fato da privacidade não pode, é claro, ser questionado. Cada pessoa está em contato especial com uma pequena parte do universo contida dentro de sua própria pele.” (1963/1969)

Sites consultados

https://www.planetadelivros.com.br/livro-casa-das-estrelas/282464

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452005000200009

http://www.delivroemlivro.com.br/2018/10/resenha-casa-das-estrelas-de-javier.html

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O que é a Primeira Infância?

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Lei que institui o Mês da Infância é aprovada. Fase do desenvolvimento deu nome a Lei n° 14.617. Por que investir nessa fase é lucrativo para o futuro?

 Talita Marques Teixeira: talitampsi@rede.ulbra.br

 

A primeira infância é uma fase crítica no desenvolvimento humano, que compreende desde o nascimento até os seis anos de idade. Durante esse período, o cérebro das crianças passa por um crescimento e desenvolvimento acelerados, estabelecendo as bases para a aprendizagem, saúde emocional, habilidades sociais e cognitivas ao longo da vida. Portanto, investir na primeira infância é fundamental para garantir o pleno desenvolvimento das crianças e para promover uma sociedade mais justa e igualitária, pautada nos princípios dos direitos humanos.

Surge aqui a necessidade de garantia de direitos, visto que o não incentivo e déficit no investimento na primeira pode acarretar em baixos índices de desenvolvimentos futuros. A intervenção precoce, que consiste em oferecer suporte e estimulação adequados às crianças desde os primeiros anos de vida, desempenha um papel crucial nesse processo. A pesquisa científica tem demonstrado repetidamente que as experiências vividas pelas crianças na primeira infância têm um impacto profundo em seu desenvolvimento futuro. Isso inclui sua capacidade de aprender, tomar decisões, resolver problemas, manter relacionamentos saudáveis e contribuir de maneira positiva para a sociedade.

Diante disso, é sancionada a lei a Lei nº14.617, que fica instituído o mês de agosto como o Mês da Primeira Infância, para promoção de ações de conscientização sobre a importância da atenção integral às gestantes e às crianças de até 6 (seis) anos de idade e a suas famílias, em todo o território nacional. A lei vem como forma de garantir os direitos de 20,6 milhões de crianças de 0 a 6 anos que no último DataSUS de 2021 foram registradas nos informes de saúde, a iniciativa conta com poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. São medidas como oferta de atendimento integral e multiprofissional, promoção dos vínculos afetivos, da nutrição, imunização, direito de brincar e prevenção de acidentes e doenças.

Fonte:https://revistacrescer.globo.com/criancas

Congresso aprova projeto de lei que cria o Mês da Primeira Infância

Quando os investimentos públicos são direcionados para programas de intervenção precoce, uma série de benefícios se desdobra. Primeiramente, esses programas ajudam a identificar e tratar precocemente qualquer problema de desenvolvimento, como atrasos na fala, déficits cognitivos ou questões emocionais, que, quando não tratados a tempo, podem se agravar e causar dificuldades ao longo da vida. Isso não apenas reduz o sofrimento das crianças, mas também economiza recursos a longo prazo, uma vez que o custo de intervenções tardias é muito maior.

Além disso, ao investir na primeira infância, estamos fortalecendo os alicerces da igualdade de oportunidades. Crianças que recebem apoio adequado desde cedo têm maior probabilidade de atingir seu potencial máximo, independentemente de seu contexto socioeconômico ou étnico. Isso é essencial para promover os direitos humanos, que incluem o direito à igualdade de oportunidades para todas as crianças, independentemente de sua origem.

Os investimentos públicos na primeira infância também têm o potencial de reduzir as desigualdades sociais. Crianças que crescem em ambientes desfavorecidos muitas vezes enfrentam barreiras adicionais ao seu desenvolvimento. Portanto, programas que oferecem educação de qualidade, serviços de saúde acessíveis, creches de qualidade e apoio emocional podem ajudar a nivelar o campo de jogo, permitindo que todas as crianças tenham a chance de prosperar.

Além disso, investir na primeira infância é uma estratégia eficaz para a prevenção de violações dos direitos humanos, como o abandono, abuso e negligência infantil. Quando as famílias recebem apoio e recursos para cuidar de seus filhos desde cedo, as chances de problemas graves de proteção à criança são reduzidas significativamente.

Em resumo, os investimentos públicos na primeira infância, com foco na intervenção precoce e na promoção dos direitos humanos, são fundamentais para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Ao proporcionar às crianças as condições necessárias para o desenvolvimento pleno, estamos investindo em um futuro mais promissor para elas e para a sociedade como um todo. Isso não é apenas um imperativo ético, mas também uma estratégia inteligente que gera benefícios duradouros para todos.

Fonte:https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes 

Pacto Nacional pela Primeira Infância

De acordo ao PNPI (Plano Nacional pela Primeira Infância) junto da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, o investimento direcionado à primeira infância representou 0,41% do Produto Interno Bruto (PIB) e 0,92% do Orçamento Geral da União (OGU). A análise das despesas por área temática revelou que quase 94% do GSPI se concentraram em saúde, assistência social e educação, enquanto menos de 1% foi alocado em habitação, saneamento, proteção e defesa dos direitos humanos, esporte e cultura.

A disponibilidade de recursos também desempenhou um papel importante, já que áreas como saúde e educação têm repasses obrigatórios, enquanto a cultura pode sofrer contingenciamentos sem grandes consequências. A assistência social enfrentou desafios devido a não aprovação da dotação inicial e à insuficiência de créditos adicionais. Portanto, a análise destaca a necessidade de repensar a alocação de recursos e a implementação de políticas específicas para a primeira infância no Brasil.

Em conclusão, a primeira infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano, com um impacto profundo no futuro das crianças e da sociedade como um todo. Investir nessa fase da vida é essencial para garantir o pleno desenvolvimento das crianças, promover a igualdade de oportunidades e prevenir violações dos direitos humanos. A recente instituição do Mês da Primeira Infância no Brasil é um passo importante nessa direção, buscando conscientizar sobre a importância da atenção integral às gestantes e crianças até seis anos de idade.

Os investimentos públicos na primeira infância devem ser direcionados com sabedoria, considerando a eficiência na execução e a priorização de áreas que impactam diretamente o desenvolvimento infantil, como saúde, assistência social e educação. Além disso, esses investimentos têm o potencial de reduzir desigualdades sociais e garantir que todas as crianças, independentemente de seu contexto, tenham a oportunidade de prosperar. Em suma, investir na primeira infância não é apenas uma questão ética, mas também uma estratégia inteligente para construir um futuro mais promissor para a sociedade como um todo, e a garantia de economia futura.

SITES CONSULTADOS:

https://revistacrescer.globo.com/fique-por-dentro/noticia/2023/07/agosto-passa-a-ser-o-mes-da-primeira-infancia-define-lei.ghtml

https://www.unicef.org/brazil/relatorios/medicao-do-gasto-social-com-primeira-infancia-em-2021 

https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pacto-nacional-pela-primeira-infancia/

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Erika Hilton: a força e a representatividade da mulher trans e negra

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Deputada Federal, Mulher negra e Transexual, com uma oratória que marca sua presença; filha de uma mãe evangélica que a expulsou de casa e depois a acolheu por amor.

Erika Hilton fez história ao se tornar a primeira Deputada Federal negra e trans eleita no Brasil. Sua expressiva conquista de 256.903 votos em São Paulo ressalta seu impacto. Já em 2020, ela se destacou como a vereadora mais votada do país e ocupou, durante dois anos consecutivos, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo. Sua trajetória é marcada por uma luta incansável por representatividade e direitos humanos, tornando-se um símbolo inspirador de progresso e mudança.

Nascida no interior de São Paulo, de família religiosa e matriarcal como a mesma já citou em entrevistas, Erika viu na educação o caminho para sair da prostituição compulsória que se viu, após ser expulsa de casa, situação essa gatilhada pelo radicalismo religioso que sua família estava envolta, entretanto Erika não vê a religião como rival, hoje defende o direito de expressão de fé, alinhado com os Direitos Humanos e com foco nas minorias, cabendo destacar que se posiciona contra o uso da religião como mecanismo de invalidação de pessoas lgbtqia+, por ser uma mulher transexual em um ambiente de maioria masculina tem que lidar com a transfobia, racismo, sexismo e situações afins a crimes.

Em entrevista por meio de podcast ao jornalista Reinaldo Azevedo, Erika narrou sua vida, e iniciou citando Carolina de Jesus “O que levou a onde levou, não era sorte, era audácia e coragem”, assim a Deputada Federal também se definiu. Em continuação, Erika conta da infância, e de como saiu de sua cidade natal, e foi encaminhada para outra cidade, retirada do convívio de seus amigos e origens em Franco da Rocha – SP, após sua mãe se ver pressionada pelo sentimento de culpa por não ter “corrigido” sua sexualidade não normativa já existente, conta ela que isso se deu através do fundamentalismo religioso que afetou sua família, e destaca que nada disso teve haver com fé, é possível captar em suas falas o respeito pela diversidade religiosa, citando a mãe como referência.

Com 15 anos de idade se vê sem alternativas e sai de casa, ficando exposta às ruas, onde se encontra com as mazelas da prostituição, mas também se recorda da educação que teve na infância, pois já na escola sofria preconceito por não peformar o esperado, encontrou nos estudos a fuga das violências que era alvo, por volta de seus 20 anos sua mãe à busca nas ruas, Erika narra a mãe como sendo atravessada pela religiosidade, mas que à resgatou não por discurso ideológico ou religioso, mas por amor e questionamento, com isso ela vai para a faculdade incentivada pela mãe, cursou Gerontologia e Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde além de começar a questionar a elite acadêmica, abre um cursinho para travestis e transexuais e por conta de ter seu nome social recusado em uma passagem de ônibus, ingressa de vez junto aos movimentos estudantis no ativismo que hoje a levou para a carreira política como Deputada Federal.

(Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=aT57A2FWlKc&t=159s)

Em entrevista no Podcast ReConversa. Erika Hilton fala sobre sua história e seu papel na Câmara dos Deputados

 

Cabe aqui destacar que no cenário brasileiro, travestis e mulheres trans, incluindo muitas de origem negra, têm se engajado em movimentos organizados e, nos últimos tempos, vêm ocupando cada vez mais espaços em ambientes universitários e pesquisas acadêmicas. Esse engajamento tem promovido a visibilidade do feminismo transexual, cujo objetivo é expor os impactos da transfobia, do racismo, do sexismo e do heteropatriarcado na vida das pessoas que se identificam como trans femininas. Além do mais, essa abordagem busca ressaltar a importância central das dinâmicas de construção e desconstrução de gênero no contexto das pessoas trans.

Diante dessa observação, Erika se destaca e personifica em (Oliveira, 2022) “quando se fala em travesti, muita gente escuta “perigosa, piranha, puta, criminosa, vulgar” e outros adjetivos negativos, que eu faço questão de demarcar e lembrar a essas pessoas que eu posso ser tudo isso, mas sou doutora e professora universitária, pesquisadora. Essa categoria precisa passar por um processo de ressignificação. […] Eu me recuso a pedir licença para ocupar o mundo, eu chego chegando, porque é assim que tem que ser”.

Fonte:https://revistaafirmativa.com.br/peticao-criada-por-erika-hilton-pela-cassacao-de-nikolas-ferreira-e-assinada-por-mais-de-200-mil-pessoas-em-24-horas/ )

Erika cria petição pela cassação de Nikolas Ferreira, após esse proferir comentários transfóbicos no plenário da Câmara.

Sua oratória, parece ser construída para sustentar respostas de todos os lados dentro da câmara dos Deputados Federais, além de contribuir com a acessibilidade ao conteúdo acadêmica para quem não tem acesso a ele, além de ser digna do questionamento provocador de Letícia Carolina Nascimento (2021), “Quem pode se tornar mulher?”.

A deputada por meio de seu ativismo, concisão nos discursos e coligações passíveis de diálogos, vem alcançando expressivos números de eleitores, mas não só isso, a sua existência vem quantificar e respaldar o básico na vida da comunidade lgbtqia+, além de buscar frear a violação de Direitos humanos básico, como o direito de ir e vir sem ser molestado, pois visto que ao tempo que se tem incerta informação de que o Brasil é o país que mais mata, informação essa vinda por meio do Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras da -Associação Nacional de Travestis e Transexuais- (Antra) percebesse que a figuras como Erika se faz necessário de quantificar e destacar, para que não seja mais necessário contabilizar mortes mas sim lugares na sociedade, e ao pontuar o números de mortes de pessoas travestis e transexuais como incerto é na certeza de que se não importar quantificar e qualificar em vida, irá importar menos ainda em morte.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Nascimento, S. de S.. (2022). EPISTEMOLOGIAS TRANSFEMINISTAS NEGRAS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA MULHERIDADES MÚLTIPLAS. Estudos Históricos (rio De Janeiro), 35(77), 548–573. https://www.scielo.br/j/eh/a/DGJb8snh5xr44yXVwvgRDSB/

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