Alike é um curta-metragem que ganhou inúmeros prêmios, incluindo o Prêmio Goya de melhor curta-metragem de animação em 2016. Dos criadores Daniel Martinez e Rafa cano Mèndez, traz uma pauta sobre criatividade e imaginação, e como o sistema que a nossa sociedade está inserida sufoca ou desconsidera estas virtudes. A historinha demonstra o relacionamento entre um pai e seu filho, cujo pai, que já foi afetado pelo sistema, que não dá espaço para a criatividade, não explora os potenciais do indivíduo mas visa colocar o indivíduo em “caixas”, padrões, não respeitando a sua individualidade.
O filme não tem diálogo, mas é tão bom que nem precisa de palavras. Ele mostra a mudança de sentimentos com a ajuda de cores, o pai é identificado com a cor azul e o filho com amarelo. No desenrolar da história, fica evidente a sociedade triste e entediante na qual estamos inseridos, (indivíduos azuis) e que muitas vezes simplesmente cumprimos a rotina estabelecida sem nem saber o porquê, e como isso às vezes pode nos entorpecer um pouco. O pequeno protagonista da história tenta não seguir essa vida cinzenta e monótona, mas a sua maneira de entender o mundo não combina com a dos demais, pois andam como “zumbis”, no automáticos, alienados de suas próprias vidas.
Assistindo o filme, não têm como não fazer um paralelo com a Psicologia Social o tempo todo, pois mostra claramente a tentativa de suprimir a criatividade do pequeno, fazendo ele perder sua subjetividade, suas esperanças e sonhos, e começando a aceitar as regras e normas impostas pela sociedade onde está inserido.
Entende-se como Psicologia Social o estudo da experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais com os quais convive.
É a ciência que procura compreender os “como” e “porquês” do comportamento social, a interação social e a interdependência entre os indivíduos.
De acordo com Silvia Lane (1981), o enfoque da Psicologia Social é estudar o comportamento dos indivíduos e como ele é influenciado socialmente. Desde o momento em que nascemos, ou até antes disso, já somos influenciados histórico e socialmente. A cultura na qual estamos inseridos e o nosso grupo social são determinantes na formação da nossa visão de mundo, no nosso sistema de valores, e consequentemente nas nossas ações, sentimentos e emoções. Somos determinados a agir de acordo com o que as pessoas ao nosso redor julgam adequado, e nesta convivência, vamos definindo nossa identidade social.
Daí a importância da família no processo de formação das crianças para que não sejam meros reprodutores dos seus comportamentos, mas que respeitem a individualidade, os desejos e sonhos de cada um, e que incentivem a busca de sua própria identidade.
No filme mostra como o pai desse menino percebe que seu filho não está mais tão animado e alegre como antes, que está perdendo a sua cor, e assim ele leva o menino de volta para ver o violinista, ou seja, expõe ele à criatividade, a arte, para a cor e a alegria dele voltarem, pois dentro da rotina diária, por mais conturbada que seja, precisa haver um espaço para contemplação do mundo, da arte, da vida em suas diversas formas, para não cairmos neste marasmo de fazer o que nos é exigido, executar várias tarefas diárias no automático e quando percebemos o tempo passou e você percebe que você não estava presente em sua própria existência.
Além dessa relação entre grupos e família, o filme traz também uma reflexão acerca do processo de ensino aprendizagem, e a relação professor – aluno, e como faz falta no âmbito escolar o não vislumbramento do fator afetivo – emocional, pois o vínculo e as relações de afeto também são fundamentais para a aprendizagem, e também a importância do papel do professor para a não reprodução da alienação, para que seus alunos deem espaço à criatividade e à fantasia infantil, e possam se tornar adultos saudáveis e sujeitos autônomos, e protegê-los do ambiente massificador que a escola pode se tornar.
Finalizando já minha contribuição acerta deste filminho, ele nos faz pensar na criatividade, na imaginação e no afeto como caminhos para uma vida mais colorida. Nos transporta para a rotina de um pai e seu filho, parecidos demais um com o outro, mas com visões de mundo que estão se distanciando, trazendo de forma simples, mas poderosa, o nosso cotidiano da vida moderna: a rotina e a falta de cor no dia a dia, a forma como encaramos o mundo ao nosso redor, muitas vezes intoxicados pelos afazeres que nos cercam, vamos perdendo nossa essência , deixando de lado a imaginação e o afeto…
🙃 Vale a pena assistir e gastar 7 minutinhos com essa reflexão lindinha que aquece o 💛
FICHA TÉCNICA
Título: Alike (Original)
Ano produção: 2015
Dirigido por: Daniel Martínez Lara Rafa Cano Méndez
Estreia: 6 de Novembro de 2015 (Mundial)
Duração: 8 minutos
Classificação: L – Livre para todos os públicos
Gênero: Animação; Drama; Família
Países de Origem: Espanha
REFERÊNCIAS:
Lane, S. T. M. (1981). O que é Psicologia Social? São Paulo, SP, Editora Brasiliense.
Psicologia Social, Wikipedia, 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_social. Acesso em 10/12/2021.
Animação tocante mostra como a sociedade mata nossa criatividade e imaginação, Hypeness, 2017. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2017/04/animacao-espanhola-nos-lembra-o-quanto-a-sociedade-pode-acabar-com-nossa-criatividade-e-imaginacao/. Acesso em 10/12/2021.