“Como estrelas na terra”: uma história emocionante para professores, pais e alunos

No DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a dislexia é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade de leitura, escrita e soletração de palavras.

Soraia Fernandes – soraiaferanandes.fm@gmail.com

Toda criança é especial
Capa do filme: Como estrelas na terra

O filme “Como estrelas na terra” conta a história de um garoto de 8 anos chamado Ishaan Awasthi (Darsheel Safary), ele sofre de dislexia, estuda em uma escola normal e repetiu uma vez o terceiro período e está correndo o risco de isso acontecer de novo. O menino diz que as letras dançam em sua frente e não consegue acompanhar as aulas e nem prestar atenção. Seu pai acredita que ele é indisciplinado e o trata com rudez e falta de sensibilidade. Ele enfrenta muitos problemas na escola e é considerado um aluno problemático.

Quando o pai é chamado na escola para conversar com a diretora, ele decide levar o filho a um internato. O menino fica com menos vontade de aprender e de ser uma criança, ele acaba ficando deprimido, sente a falta da mãe, do irmão mais velho e da vida. A filosofia do internato é “Disciplinar Cavalos Selvagens”. De repente aparece um professor substituto de artes, este não era um professor tradicional, não seguia rigorosamente as normas da escola, tem uma metodologia própria.

Quando o professor conhece Ishaan, percebe que o menino sofre de dislexia e decide ajudá-lo. Este não era um problema desconhecido pelo educador que decide tirar o garoto do abismo no qual se encontrava. Segundo Fernandes (2015) aponta que a Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem, de origem neurológica. Acomete pessoas de todas as origens e nível intelectual e caracteriza-se por dificuldade na precisão (e/ou fluência) no reconhecimento das palavras e baixa capacidade de decodificação e de soletração. Essas dificuldades são resultadas do déficit no processamento fonológico, que normalmente está abaixo do esperado em relação a outras habilidades cognitivas.  

No DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a dislexia é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade de leitura, escrita e soletração de palavras. Há outros como cita cechella (2009) menciona que na Dislexia também apresenta alterações na memória imediata, alterações na memória de séries e sequências (por exemplo: dia da semana, meses do ano e analfabeto) orientação espacial direita-esquerda; linguagem, escrita e matemática.

 O professor de artes Nikumbh, ensinou Ishaan a ler e escrever, a partir desse momento o menino vai superando a opressão da família e suas próprias limitações, passa a ver a dentro da escola, um novo significado. O filme mostra a importância do professor e seu poder de transformação nos alunos. É necessário que o educador tenha sua própria metodologia de ensino, de forma a estimular a compreensão dos alunos, tornando a sala de aula, um lugar agradável e estimulante.

Na escola onde Ishaan estudava, os professores só corrigiam os erros gramaticais dele e não percebiam que ele era uma criança especial, que precisava ser compreendida, e junto com seu professor pudesse ampliar seus conhecimentos, desenvolvendo a habilidade de leitura e escrita.  O filme trata de forma delicada e inspiradora a importância da educação inclusiva que respeita as diferenças e oferece oportunidades para que cada aluno possa desenvolver suas habilidades e potencialidades. A educação inclusiva é fundamental para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, independentemente de suas diferenças e limitações. E a dislexia é um exemplo de uma condição que pode afetar o desempenho acadêmico de uma criança, mas que com as estratégias corretas pode ser superada. As crianças com dislexia podem apresentar dificuldades em compreender textos, memorizar palavras e letras, e escrever corretamente. Essas dificuldades podem levar a uma série de problemas escolares, acadêmicos, sociais e emocionais, como baixa autoestima, isolamento e dificuldades de aprendizagem. 

A dislexia é um transtorno genético e hereditário relacionado à linguagem.
Fonte: lourdesnique / pixabay

Nesse contexto, a educação inclusiva segundo Ferreira (2022) é uma abordagem que valoriza a diversidade, e que busca criar ambientes educacionais que sejam acessíveis e acolhedores para todas as crianças, incluindo aquelas com dislexia. Isso envolve o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que atendam às necessidades individuais de cada aluno, e que considerem as diferenças cognitivas e emocionais de cada um. Segundo Fernandes (2015) algumas estratégias que podem ser adotadas para ajudar crianças com dislexia na escola incluem o uso de materiais didáticos adaptados, o uso de recursos tecnológicos, como softwares de leitura e escrita, e a oferta de suporte especializado, como sessões de terapia ocupacional e fonoaudiologia. Também é importante oferecer um ambiente de aprendizagem seguro e acolhedor, que permita que a criança se sinta confiante para experimentar e aprender.

Sobretudo, a educação inclusiva é fundamental para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, independentemente de suas diferenças e limitações. E no caso da dislexia, é fundamental que sejam adotadas estratégias pedagógicas específicas para ajudar as crianças a superar as dificuldades de aprendizagem e desenvolver suas habilidades e potencialidades. Vale ressaltar que a psicologia escolar desempenha um papel importante na promoção da educação inclusiva, pois ela busca entender as necessidades individuais de cada aluno e desenvolver estratégias pedagógicas que atendam às suas demandas.

E segundo Bock (2013) a psicologia escolar pode contribuir para a educação inclusiva de diversas maneiras. Uma delas é através da avaliação psicológica, que permite identificar possíveis transtornos ou dificuldades de aprendizagem dos alunos, como a dislexia, o déficit de atenção, entre outros. A partir dessa avaliação, o psicólogo pode ajudar a equipe pedagógica a desenvolver estratégias de ensino que sejam adaptadas às necessidades específicas de cada aluno. Outra forma pela qual a psicologia escolar pode contribuir para a educação inclusiva é através do suporte emocional aos alunos, especialmente aqueles que possuem alguma limitação ou transtorno. 

O psicólogo escolar, tem o papel de promover a melhoria no aprendizado e detectar possíveis falhas no processo.
Fonte/pexels

Outro aspecto que merece destaque no filme é a forma como trata a relação entre pais e filhos. A história mostra como a falta de compreensão e a pressão excessiva podem prejudicar a autoestima e o desenvolvimento das crianças, mas também mostra como uma relação baseada em amor, compreensão e diálogo pode ser transformadora. O psicólogo escolar pode ajudar esses alunos a lidar com suas emoções, aumentar sua autoestima e desenvolver habilidades sociais, o que pode ajudá-los a se integrar melhor na comunidade escolar. Como também o psicólogo escolar pode mediar a relação entre pais e filhos nesse contexto e desafios escolares.

Contudo, o filme apresenta de forma muito realista os desafios que crianças com dificuldades de aprendizagem enfrentam, e como muitas vezes a falta de compreensão por parte dos adultos pode agravar ainda mais a situação. A psicologia escolar também pode ajudar a equipe pedagógica a desenvolver programas de prevenção de bullying e discriminação, que são práticas que podem prejudicar a inclusão escolar e a promoção de um ambiente educacional saudável e seguro para todos. O filme, “Como Estrelas na Terra” é emocionante e inspirador que deve ser visto por todos, principalmente por educadores e pais que buscam compreender melhor as dificuldades que as crianças enfrentam na escola e na vida. É uma obra que deve ser assistida por todos que se preocupam com a educação e com o desenvolvimento humano. 

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. DSMIV: Manual de  Diagnóstico  e  Estatística  das Perturbações  Mentais.  Lisboa:  Climepsi  Edi-tores; 1996

BOCK, A. M. B. Psicologia da educação: cumplicidade ideológica. Em M. E. M. Meira & M. A. M. Antunes (Orgs.), Psicologia escolar: Teorias críticas (pp.79-103). São Paulo: Casa do Psicólogo. 2003 . Disponível em <: https://www.scielo.br/j/pee/a/kFwV6k4ThTqNSNpp6NYmPft/?lang=pt >. Acessado em 21 março. 2023.

CECHELLA, C.; DEUSCHLE, V. P. O déficit da consciência fonológica e sua relação com a dislexia: diagnóstico e intervenção. Revista CEFAC, v. 11, supl. 2, p. 194-200, 2009. Disponível em <: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/205753/PLLG0755-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y >. Acessado em 21 março. 2023.

FERREIRA, Felipe. Educação inclusiva: quais os pilares e o que a escola precisa fazer?. São Paulo/SP. Disponível em <: https://www.proesc.com/blog/educacao-inclusiva-o-que-a-escola-precisa-fazer/ >. Acessado em 21 março. 2023.

FERNANDES WM, Lima RF, Azoni CAS, Ciasca SM. Neuroimagem e dislexia do desenvolvimento. In: Ciasca SM, Rodrigues SD, Azoni CAS, Lima RF, eds. Transtornos de aprendizagem. Neurociência e Interdisciplinaridade. São Paulo: Book Toy; 2015. p.339-54 

MENEZES, R. P. Intervenção psicopedagógica com uma aluna disléxica. Dissertação. (Mestrado em Educação). Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica, 2007. Disponível em <: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/205753/PLLG0755-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y >. Acessado em 21 março. 2023.