Educação sem distância

As tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem.

Lucas Nunes Barbosa – lucasnunesbarb@rede.ulbra.br

Com os avanços da tecnologia, a educação a distância vem ganhando muita força nos últimos anos, se estabelecendo como uma alternativa viável e importante ferramenta de aprendizado, uma vez que colaboraram também para o ensino tradicional. O livro “Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem”, de Romero Tori (2010) oferece insights importantes em relação à evolução da tecnologia nas práticas pedagógicas.

O livro é divido em três partes centrais, “A distância que aproxima”, “Distância e presença na medida certa” e “A presença da tecnologia”, levando seus leitores a refletirem sobre o uso da tecnologia como prática pedagógica, considerando o importante papel para a democratização do acesso à educação e suas possíveis adaptações.

No início do livro, o autor aborda o tema da Educação a Distância (EaD), que historicamente foi tratada como uma abordagem educacional distinta e muitas vezes vista como oposta ao ensino presencial tradicional. O autor destaca como persiste um estigma em relação a essa modalidade de ensino, uma vez que ela teve suas raízes em um período em que a tecnologia era limitada. Até recentemente, era comum que a EaD fosse menosprezada, e os profissionais formados nessa modalidade eram frequentemente julgados em comparação com aqueles que obtiveram uma formação presencial. Tori observa, no entanto, que atualmente não é difícil encontrar graduados da Educação a Distância com desempenho superior a seus pares formados no sistema tradicional.

O livro proporciona uma reflexão importante sobre a educação que vai além das limitações físicas da sala de aula, enfatizando a necessidade de uma conexão entre o aluno e o conteúdo para que ocorra um aprendizado significativo. Também destaca que mesmo no ensino presencial convencional, elementos da educação a distância já estão presentes, sob a forma de “lição de casa” e “trabalho extraclasse”. É totalmente possível que um aluno esteja fisicamente presente em uma aula com um professor, mas, emocionalmente, desconectado do conteúdo apresentado, ao passo que, através da internet, esse mesmo estudante pode estar presente e engajado.

Para que a aprendizagem ocorra, o autor acredita que deve haver uma proximidade entre o aluno, o conteúdo e o professor. Para alcançar essa proximidade, é essencial superar barreiras e reduzir distâncias, e a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse processo educacional. Apesar da importância dos métodos de ensino tradicionais, faz todo o sentido utilizar recursos avançados, ferramentas e métodos disponíveis para enriquecer a experiência educacional, independentemente do ambiente de ensino.

                                                                                                                       AbouYassin/Pixabay  

                                                 A tecnologia como aliada do aprendizado

Ainda nessa parte do livro, o autor traz a discussão sobre como a tecnologia interativa pode beneficiar a aprendizagem virtual e convencional, trazendo a ideia de educação híbrida. As tecnologias interativas estão possibilitando um aumento na sensação de proximidade pelos aprendizes, que seja através de videoconferências e chats. Para Cortelazzo (2000, p. 43), “as novas tecnologias computacionais interativas […] permitem que homens e mulheres desenvolvam colaborações mútuas mesmo estando distantes espacialmente”.

No capítulo intitulado “Distância e Presença na Medida Certa”, o autor aborda o tema da distância e da presença sob uma perspectiva educacional, psicológica e cognitiva, relacionando-os à tecnologia. Tori argumenta que é totalmente viável que os alunos sintam proximidade com o professor e se envolvam no processo de aprendizado, mesmo que não estejam fisicamente próximos.

O autor enfatiza a importância da proximidade com os colegas, pois esse vínculo desempenha um papel crucial na motivação dos estudantes e fornece um suporte valioso para o aprendizado. Nesse capítulo, Tori apresenta uma variedade de conceitos e ilustrações que sustentam a ideia fundamental de “distância” e “proximidade” no contexto educacional, proporcionando uma visão abrangente sobre como esses fatores influenciam a eficácia do processo de ensino e aprendizado.

Seja online ou offline, precisamos compreender o complexo aspecto humano […]. Mais que sistemas, redes são pessoas que anseiam por conversar, se apresentar, compartilhar conhecimentos tácitos, pensamentos críticos, conhecimentos científicos ou se unir para alcançar maior influência. (PASSARELLI, 2009, p. 325).

No último capítulo “A presença da tecnologia” Tori fala sobre a educação baseada em tecnologias interativas, sobre suas características e sobre pontos que precisam de melhores adequação para que haja tecnologias que favorecem uma melhor padronização, armazenamentos de dados e recursos educacionais.

Neste capítulo o autor mostra como os softwares podem auxiliar no ambiente de aprendizagem, tecnologias que podem armazenar dados, criar estatísticas, gerar avaliações, enquetes, fóruns e diversas outras aplicações que podem aumentar a proximidade dos alunos com a instituição, os professores e os colegas, sem que eles precisem está geograficamente próximos.

Ainda nesse capítulo o autor trás a relevância da realidade virtual (RV) como ferramenta de interação e aprendizagem, atuando como um meio de reduzir a distância entre o aluno e o conteúdo, possibilitando uma maior imersão ao conteúdo proposto, logicamente essa experiência não desvalida a interação In loco, no entanto, oferece ao usuário um possibilidade de se aproximar da experiência real, e de resgatar coisas do passado, e cenários como o sistema solar, por exemplo.

                                                                                                                             YohoprashantPixabay

Realidade aumentada

Em um passado não muito distante, a utilização da realidade virtual era predominantemente viável apenas para grandes empresas devido aos custos envolvidos. No entanto, à medida que a tecnologia avançou, tornou-se possível, por meio de um smartphone e um dispositivo de visualização simples, mergulhar nessa experiência, tornando-a cada vez mais acessível e disponível para um público mais amplo. A experiência com a realidade virtual vai além de meras imersões superficiais; atualmente, existem tecnologias capazes de proporcionar aos usuários uma experiência que se assemelha muito à realidade.

Em seu livro, Tori (2016) oferece um exemplo relacionado ao treinamento odontológico. Antes de aplicarem seus conhecimentos em pacientes reais, os estudantes de odontologia costumavam praticar em manequins e objetos de treinamento. No entanto, com a realidade virtual, esses alunos agora podem vivenciar simulações que reproduzem com precisão pacientes, consultórios e diversos instrumentos, permitindo que eles se aproximem muito mais da realidade. A partir deste exemplo, é possível perceber a ampla gama de possibilidades que essa ferramenta oferece, não apenas no campo da odontologia, mas em diversas áreas do conhecimento e da prática profissional.

Consideramos ainda que as discussões trazidas por Tori são muito importantes para que possamos compreender o uso da tecnologia na educação e fazer melhor uso dela, para que possamos ter uma educação que se faz próxima ao aluno, desmistificando alguns conceitos, e estando aberto para as ferramentas de aprendizado que a tecnologia pode contribuir para a educação.

 

 Referências

CORTELAZZO, I. B. C. Colaboração, trabalho em equipe e as tecnologias de comunicação: relações de proximidade em cursos de pós-graduação. 2000. Tese (Doutorado)—Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

PASSARELLI, B. A aprendizagem on-line por meio de comunidades virtuais de aprendizagem. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. V. 1. p. 325–331.

TORI, R. et al. Treinamento odontológico imersivo por meio de realidade virtual. In:

Anais do XXVII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, 2016