No primeiro capítulo do livro “Psicologia da Saúde” de José A. Carvalho Teixeira, de início é abordado o conceito de saúde de acordo com a Organização Mundial de Saúde- OMS. De forma objetiva, é apresentado como sendo “um estado positivo de bem-estar físico, social, psicológico, econômico e espiritual, e não apenas uma ausência de doenças”. Destacando que há fatores de interferências como: contexto social, econômico, sexo, hereditariedade e condições de trabalho. O texto relata a importância das experiências individuais do sujeito no processo saúde-doença.
O autor traz uma definição para Psicologia da Saúde, como sendo: “A aplicação de técnicas e conhecimentos psicológicos à saúde, doenças e aos cuidados de saúde”. Um dos seus objetos de estudo é o sujeito psicológico e suas relações com a saúde e doença, ou seja, essa ciência visa compreender os impactos dessa interação do indivíduo psicológico com esse processo saúde-doença, como se dá essa relação, e a compreensão do indivíduo dentro desse processo, buscando compreender a maneira como isso pode afetar sua vida e seu bem-estar. Levando em consideração que à Psicologia da Saúde procura compreender como as intervenções psicológicas podem proporcionar melhorias e qualidade de vida desse sujeito e da comunidade como um todo.
Desse modo, o autor destaca que à Psicologia da Saúde não é uma mera aplicação de técnicas da psicologia clínica, mas uma união de saberes da Psicologia, com intuito de melhorar a relação do ser humano com o processo de adoecimento, na sua busca por saúde, bem-estar e a manutenção dessa condição.
Diante disso, o autor traz uma abordagem de duas perspectivas da Psicologia da Saúde: perspectiva tradicional e a perspectiva crítica. Dentro da perspectiva tradicional, o nível dessa análise é intrapessoal e interpessoal, ou seja, o foco da intervenção é individual. Enquanto que à crítica vem trazer uma proposta qualitativa, o indivíduo como ser social, afetado por ele, o foco da intervenção está nas competências pessoais e sociais dos utentes.
A perspectiva crítica defende alguns valores, assunções e práticas. Assim, entende-se que deve haver uma preocupação com a autonomia do sujeito, com sua participação e envolvimento social. Como assunções, é possível compreender que o sujeito é interpretado como um ser participativo na constituição do processo de saúde, levando em consideração à subjetividade desse indivíduo, não retendo e limitando as determinações e conhecimentos dos profissionais de saúde. Quanto às práticas dessa perspectiva, o autor destaca a importância de serem voltadas para intervenções proativas, considerando os contextos nos quais os usuários estão inseridos.
O envolvimento da comunidade reforça a cidadania valorizando o indivíduo, tornando-o protagonista do processo “fazer saúde”. Teixeira (2007) ressalta muito bem isso ao decorrer do capítulo, valorizando o Homem como ser participativo de todo o processo saúde-doença, abordando de forma qualitativa essa relação, transportando-nos do patamar reducionista para um “fazer psicologia” humanizado e participativo.
Em paralelo a isso, Teixeira (2007) aborda algumas possibilidades de atuação do psicólogo da saúde. O texto fala das possibilidades de atuação no âmbito privado e público, sendo equiparado com outras atuações como: médicos, enfermeiros, técnicos sociais e demais profissionais do campo. Universidades, formação, setores do Ministério da Saúde ligados ao planejamento e gestão, são algumas das possibilidades de atuação que o autor salienta. Porém, ressalta que a consulta psicológica ainda é o pilar fundamental da intervenção com usuários.
Em continuação, o autor relata sobre avaliação psicológica em saúde, destacando que o papel fundamental dessa metodologia é: promover saúde e orientar as pessoas e identificar futuros passos para continuação do atendimento ao usuário. Desse modo, deve se ater durante a avaliação à fatores como, por exemplo, o modo como o indivíduo lida com a situação, os fatores de risco que permeiam o processo de adoecimento. Essas atitudes profissionais são de muita relevância no atendimento, pois, possibilita ao profissional visualizar amplamente as possibilidades de inter-relações múltiplas.
O texto demonstra que entre as múltiplas tarefas do psicólogo em saúde, a intervenção psicológica de gestão em stress, treino em autocontrole, eficácia no coping e técnicas de relaxamento são primordiais para o processo de enfrentamento ao tratamento por parte dos usuários. As intervenções psicológicas clínicas devem ter por base as três áreas significativas, sendo elas: promoção e prevenção à saúde, na qual se destaca a prevenção ao tabagismo, álcool e outras drogas, comportamento sexuais de riscos, hábitos alimentares saudáveis. Outro ponto importante é: os efeitos do stress sobre a saúde, sendo o profissional responsável por promover estratégias melhorias e/ou condições com procedimentos médicos, gestão do stress, adaptação do processo de adoecimento, atenção, cuidados e aceitação do tratamento.
Por último, Teixeira (2007) propõe a prestação de cuidados psicológicos a indivíduos com perturbações mentais, orientando o acesso em programas de reabilitação, estilo de vida saudáveis, aconselhamento psicológico, entre outros meios que possibilite este indivíduo a obter melhores condições de vida.
Outras formas de intervir são relatadas no texto. Para ele, o profissional pode trabalhar de forma individual, familiar e social, com objetivo sempre de prestar a atenção ao indivíduo e ajudá-lo no enfrentamento do processo saúde/doença. O psicólogo em saúde deve ser um facilitador de desenvolvimento de estilos de vida saudáveis, a ele deve-se o papel de levar informações que dê suporte às pessoas a compreender o processo de adoecimento, e a desenvolverem ferramentas para combater às adversidades do momento.
A esse profissional espera-se uma compreensão da gênese e manutenção dos comportamentos da saúde, estudos de relações entre comportamentos e doenças, além de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Esses métodos de investigação podem ser qualitativos ou quantitativos. No entanto, essas investigações devem colaborar com os demais profissionais de saúde e centrar nas necessidades dos serviços, priorizando a análise do discurso e das narrativas. Em continuidade o autor faz uma correlação com outras atividades já existentes, como: prevenção de doenças isquêmicas do coração, hipertensão arterial, diabetes e demais doenças crônicas, destacando que tais projetos de prevenções dessas doenças são importantes, mas os profissionais ainda devem se atentar para aspectos psicológicos existentes ligados a prevenção de tais doenças.
Em um dos seus últimos tópicos Teixeira (2007) vem abordar as questões de organização e qualidade de vida em psicologia da saúde, a existência de diferentes contextos de intervenções, e a necessidade de estabelecer prioridades na organização. Desse modo, é importante que o psicólogo de saúde estabeleça meios de contribuição para os profissionais da área descobrir suas próprias motivações para o trabalho, e entre outros, meios de compreender as frustrações, flexibilidades e capacidade de trabalhar com situações mais complexas.
Ainda é de responsabilidade do psicólogo promover meios que facilitem a comunicação entre profissionais e usuários do sistema. Sendo assim, é preciso garantir o cuidado dos aspectos psicológicos dos utentes, prestados nos serviços de saúde. É necessário que esses cuidados se prendam com base nos princípios de melhorias contínuas que é composto por quatros aspectos importantes: papel profissional, plano de atividades, formação contínua e melhoria contínua da qualidade.
Logo em seguida, Teixeira apresenta o papel do profissional, como sendo importante para um bom funcionamento das organizações, contribuindo significativamente aos objetivos dos serviços de saúde. É imprescindível que o plano de atividades de intervenções psicológicas atenda aos recursos dos profissionais do serviço
Por fim, o autor conclui dizendo o quanto é importante o exercício da psicologia em unidades de saúde. Ressaltando que serviços em comunidades, escolas, locais de trabalho, e unidades de saúde são grandes mecanismos e oportunidades de promover saúde, comunicação em saúde, cuidado e atenção aos grupos mais vulneráveis. Por tanto, torna-se importante que o psicólogo em saúde estabeleça meios que proporcionem humanização e qualidade nos serviços de saúde.
FICHA TÉCNICA DO LIVRO
Título: Psicologia da Saúde Contextos e Àreas de Intervenção
Autor: José A. Carvalho Teixeira
Editora: Climepsi Editores
Ano: 2007
Páginas: 269
REFERÊNCIA:
TEIXEIRA, José A. Carvalho. Psicologia da Saúde: Contextos e Áreas de Intervenção. Lisboa, Portugal: Climepsi Editores, 2007. 269 p.