Bate papo com Nayjla Lane Ramos Gonçalves: descobrindo o fazer psicopedagógico

Ana Carla Olímpio Soares  (Acadêmica de Psicologia)  – anacarlaolimpio@rede.ulbra.br

 

(En)Cena entrevista Nayjla Lane Ramos Gonçalves, psicóloga pela Ulbra Palmas, atuando com foco na Terapia Comportamental, psicopedagoga pela Universidade do Estado do Para – UEPA, mestre em educação pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, pós-graduanda em Neuropsicologia e Psicologia e Desenvolvimento da Aprendizagem.

(En)Cena: Nayjla, é um prazer entrevistá-la, neste primeiro momento gostaria de compreender como surgiu o interesse na psicologia após a graduação em psicopedagogia. Apesar de não atuar diretamente na psicologia escolar, como você vê essa subárea da psicologia?

Nayjla: Sempre foi um desejo cursar Psicologia por suas implicações no desenvolvimento humano, e como Pedagoga ter um olhar ampliado para este desenvolvimento era imprescindível, o que se concretizou na graduação em Psicologia. Apesar de não atuar diretamente na Psicologia Escolar como Função, percebo como a Psicologia Escolar é importante para compreensão no desenvolvimento da aprendizagem, das habilidades sociais, relacionamentos dentro da escola, que para muitos alunos se tornam em um grande desafio e por vezes incide até em sofrimento. O universo escolar é eivado de muitos desafios.

(En)Cena: Diante da sua experiência na área educacional através da psicopedagogia, qual a principal lacuna na educação? Que estratégias é possível adotar para amenizar tais circunstâncias?

Nayjla: A história da Educação é extensa e como disse anteriormente, é acometida por muitos desafios, sejam pessoais, corporativos, estruturais, organizacionais, a política pública quando se trata de educação é complexa. No entanto para não aprofundar na história da Educação, quem sabe em outro momento, percebo que muitas lacunas ainda existem na educação, espaços de atenção que precisam ser preenchidos, compreendidos, um deles é a urgência em compreender que além do ensino e aprendizagem teóricos, catedráticos, faz-se imprescindível um olhar real, sério para as demandas emocionais de todos que compõe o universo escolar, não banalizar essa urgência de atenção Psicológica. Importante  entender por que o aluno não se desenvolve, valorizar suas potencialidades, um olhar para a pessoa como um todo, e não só em aprendizagens específicas do currículo.

(En)Cena: Além das problemáticas no campo educacional, qual a maior dificuldade que permeia as salas de aula (professores e alunos) no processo de aprendizagem?

Nayjla: Dentre muitas, posso citar com veemência, a participação da família na vida escolar dos filhos, a compreensão clara de que a escola tem um papel preponderante no desenvolvimento, mas que não substitui o ambiente, a responsabilidade, o papel que cabe a família, não é um lugar para deixar os filhos, mas um lugar para aprimorar, aperfeiçoar o ensino e aprendizagem e que precisa contar com uma base que vem de casa, embora, sabe-se que a escola também precisa estar preparada para intervir, em situações que faltem este alicerce, e aqui seria fundamental a intervenção do Psicólogo Escolar, no sentido de ajudar no desenvolvimento das potencialidades deste alunos, através de um trabalho de alcance  e descoberta da capacidade de aprender.

(En)Cena: Levando em conta as suas graduações e especializações, há importância do papel do psicólogo escolar? Qual seria?

Nayjla: Fundamental para dar direção coerente ao processo de aprender, de orientação aos alunos quanto a importância das habilidades sociais nos relacionamentos, que dentro de uma escola, para alguns, além de ser desafiador, causa muitos sofrimentos, desenvolver debates, palestras que mostrem a capacidade que cada um tem de se desenvolver no processo, no caminho que envolve o ensino e a aprendizagem, dar significado a vivência escolar, através de estratégias, como projetos, rodas de conversa e etc.

(En)Cena: Em algumas escolas, por muitas vezes esperam que o psicopedagogo realize o trabalho do psicólogo e vice-versa. Perante o seu conhecimento enquanto psicopedagoga, qual/quais a/as diferenças nessas atuações?

Nayjla: A diferença principal está na especificidade da função do Psicopedagogo, que é um profissional que conhece o processo de ensinar e aprender, que aliado a isso, tem uma noção das funções psicológicas que potencializam ou dificultam este processo, a escola não é um consultório, e nem este profissional é o terapeuta dos alunos, mas é através de seus conhecimentos e estratégias próprias de sua formação que promove meios adequados de dar significado às vivências no ambiente escolar, bem como viabilizar os meios para que os alunos consigam compreender como funcionam no que diz respeito ao seus processos de aprendizagem especificamente. Já o Psicólogo tem o domínio, ou espera-se que tenha, de conhecimento das funções psicológicas, dos processos mentais e comportamentais, e pode identificar situações e /ou mesmo transtornos que possam estar dificultando a aprendizagem.

(En)Cena: Como é possível a psicopedagogia e psicologia caminharem juntas na atuação do campo da aprendizagem/educação?

Nayjla: Na verdade não só é possível, como fundamental, pois são profissionais que atuam em situações e campos específicos no processo de aprendizagem dos alunos, o Psicopedagogo trabalha os métodos, estratégias no processo de aprender dos alunos, bem como tem um olhar mais amplo sobre as dificuldades quanto a aprendizagem, o Psicólogo dentro de suas especificidades tem a capacidade de diagnóstico melhor no que diz respeito ao  comportamento, emoções e processos mentais que podem estar inviabilizando a aprendizagem e a compreensão das estratégias propostas pelo Psicopedagogo. Assim, o privilégio de ter ambos os profissionais e em sintonia, contribuirá de forma efetiva e significativa no processo de desenvolvimento de cada aluno.

(En)Cena: Agradecemos a sua disponibilidade e para finalizarmos este momento, deixo livre para que você deixe uma mensagem ao nosso público do portal.

Nayjla: Prazer foi todo meu em participar, sou educadora e a mensagem que deixo para os leitores, público deste portal, é que se importem com a educação e que jamais esqueçam que o processo de ensinar e aprender, não é só eivado de primazia, mas tem em si uma mágica natural, afinal não tem quem não possa aprender e quem não possa ensinar. A vida em si é uma grande escola, e se no decorrer dela pudermos contar com os que facilitem e deem maior significado às nossas vivências dentro dela, será mais leve a caminhada.