O (En)Cena entrevista o psicólogo Plácido Lucio Rodrigues Medrado. Plácido é professor universitário, Especialista em docência do Ensino Superior e Psicopedagogia; e Mestrando em Ciências da Saúde da UFT em Palmas-TO. Atualmente é Psicólogo do CRAS Santino Dias de Alecrim em Luzimangues – Porto Nacional/TO.
(En)Cena: Como era o trabalho desenvolvido pelo(a) psicólogo(a) que atua no CRAS antes da pandemia?
Plácido: Então, o trabalho do CRAS é voltado para prevenção e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. O trabalho é interdisciplinar e pautado na questão psicossocial. Antes da pandemia, basicamente era atendimento de situação de vulnerabilidade social, de conflitos familiares e o atendimento de demandas encaminhadas do Conselho Tutelar, CREAS. Esse trabalho sempre através de visitas domiciliares, de grupos, de orientações e de atendimentos, antes da pandemia, o trabalho era feito dessa forma.
(En)Cena: Houve alguma intervenção voltada para demandas que vieram em decorrência desse acontecimento atípico? Se sim, quais as principais medidas que precisaram ser tomadas a partir das novas demandas emergentes?
Plácido: Com a chegada da pandemia de Covid-19, precisou ser ajustado às demandas do CRAS, principalmente no que se refere ao uso de EPIs como máscara, viseira e o uso de jaleco. E a questão que ficou muito forte com as demandas do CRAS foi o fato de que um dos principais instrumentos de trabalho do para o atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social é a visita domiciliar e com a pandemia, evitou-se ao máximo fazer essa visita domiciliar, em casos de extrema urgência de atendimento pela justiça ou alguma demanda bem urgente, a equipe técnica iria a casa dessas famílias utilizando os EPIs. Utilizou-se também na época da pandemia o atendimento remoto, tanto por videochamada, como videoconferência, mensagens no WhatsApp e ligações telefônicas. Então, teve que fazer toda essa mudança. Na pandemia também, alguns atendimentos do CRAS eram em salas com janelas abertas para permanecer ali a articulação de ar naquela sala. As demandas aumentaram, principalmente no que se refere às violências contra idoso, contra criança, contra mulher e os conflitos também aumentaram por conta da convivência de ficar em casa.
(En)Cena: Quais foram as suas estratégias de enfrentamento enquanto profissional?
Plácido: Foram diversas, tentando adaptar à realidade. Primeiramente, se adaptar nesse contexto de pandemia, cuidar primeiramente da saúde física, pensar também na qualidade do serviço que está sendo passado. Então, a questão da vacinação também, de procurar enquanto profissional tomar a vacina. Os profissionais da política pública da assistência não foram os primeiros a receberem a primeira dose da vacina, então, teve esse desafio de buscar. Direito à saúde como a vacinação.
(En)Cena: Na sua perspectiva, os gestores da política de Assistência Social tomaram as providências necessárias para lidar com essa nova realidade?
Plácido: Em grande parte foram implantadas medidas, mas faltou suporte, principalmente nas demandas urgentes de atendimento a possíveis violações de direitos.
(En)Cena: As mudanças adotadas no trabalho durante a pandemia permanecem até os dias atuais? Se sim, quais?
Plácido: Sim. Como por exemplo o uso de álcool, os cuidados com uso de máscara em caso de sintomas gripais.
(En)Cena: Quais mudanças você considera que foram positivas nesse novo cenário pós pandemia?
Plácido: A atenção direcionada ao cuidado com EPIs (máscara). A necessidade de fortalecer os vínculos familiares e a fortalecimento da socialização presencial.