Saúde mental de acadêmicos no último ano de curso

En(Cena) entrevista a psicóloga Adriele Freire

 “A reta final da graduação é marcada por mudanças, como o início dos estágios específicos supervisionados e da elaboração do trabalho de conclusão de curso que podem trazer sofrimento psíquico aos universitários’ ‘- Adriele. (Trecho retirado do artigo encurtador.com.br/ajAF p.7)

Adriele Freire, acadêmica egressa do CEULP/ULBRA, atualmente Psicóloga no Serviço Escola de Psicologia (SEPSI) do CEULP/ULBRA, teve como sua tese de conclusão  de curso “A SAÚDE MENTAL DE ACADÊMICOS NO ÚLTIMO ANO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO CEULP/ULBRA”, tema esse que se tornou base para uma série de reflexões.

Aproveitando o vasto conteúdo e a importância desse TCC para graduandos, trouxemos a presença  de Adriele Freire. A entrevista concedida nos proporcionou ainda mais conhecimento, nos fazendo sentir parte do processo, ao mesmo tempo que pode sanar curiosidades.

Fonte: Arquivo Pessoal

EN(CENA) – Comparando 2017 e o ano atual, você acha que o sofrimento psicológico dos alunos, estando na reta final da graduação ou não, é diferente?

Adriele Freire – Acredito que sim, principalmente por causa da pandemia, que trouxe várias outras preocupações aos acadêmicos junto com mudanças significativas em suas rotinas.

EN(CENA)- Atualmente a ULBRA não possui mais o Trabalho de Conclusão de Curso. Você acha que isso diminuiu o sofrimento psicológico?

Adriele Freire – Sim, pois foi um dos aspectos mais citados pelos acadêmicos como estressor nessa etapa do curso quando realizei a pesquisa. Alguns até sugeriram que fosse realizado em dupla como alternativa para diminuir o estresse.

EN(CENA)- Você acha que existe uma normalização do sofrimento, não só nas turmas de Psicologia mas no ensino superior como um todo?

Adriele Freire – No ensino superior como um todo penso que ainda existe certa falta de conhecimento e, consequentemente, preconceito em relação ao cuidado com a  saúde mental. Em relação às turmas de psicologia, em alguns momentos, parece que há negligência em relação ao autocuidado.

Fonte: encurtador.com.br/acA68

EN(CENA)- Essa questão do sofrimento aliada à pressa de se formar para entrar no mercado de trabalho e conseguir independência pode trazer diversos desgastes para o estudante. Desgastes dos quais resultam em transtornos como a ansiedade e a depressão. A transição brusca do ensino presencial para o remoto pode ter potencializado o surgimento desses transtornos?

Adriele Freire- Acredito que sim, pois a pandemia trouxe muitos temores e incertezas em relação ao futuro tanto profissional quanto pessoal e familiar.

EN(CENA)Aqui no CEULP/Ulbra nós temos o alteridade, que é o núcleo de atendimento educacional especializado em discentes universitários. O qual conta com servidores multidisciplinares entre eles  psicólogos e estudantes de Psicologia. Como projetos de extensão como esse contribuem de forma positiva aos acadêmicos? Como incentivar os alunos a buscarem esses serviços em suas faculdades?

Adriele Freire –É muito importante na vida do universitário, pois é um suporte social que auxilia nesse momento tão importante que é a formação profissional. Acredito que a divulgação desse serviço principalmente através das redes sociais pode ser uma forma de incentivo, uma vez que são cada vez mais utilizadas.

EN(CENA) Em seu artigo você nos traz a realidade dos sintomas psicossomáticos em acadêmicos, como  por exemplo privação de sono, estresse, angústias  e facilitadores de desequilíbrios hormonais. De que formas esses sintomas prejudicam os acadêmicos e como eles podem ser aliviados ou reduzidos?

Adriele Freire- Podem prejudicar em vários aspectos, como no desempenho acadêmico e até no dia a dia. Utilizar estratégias de coping, de autocuidado podem ajudar, são coisas que os acadêmicos geralmente esquecem-se de fazer, talvez devido à demanda da faculdade e mesmo a ansiedades relacionadas à formação.

Fonte: encurtador.com.br/mtBG6

EN(CENA)Existe um estigma de que  estudantes de Psicologia/ saúde cuidam dos outros, mas negligenciam sua própria saúde mental e física. Quais dicas você daria para que esses estudantes pudessem otimizar o tempo, mas sem se esquecer do autocuidado?

Adriele Freire- Acredito que a terapia é uma grande aliada nesse aspecto, mas na impossibilidade de fazer, o suporte de colegas que estão no mesmo momento ou passando por situações semelhantes pode ajudar bastante, um exemplo podem ser encontros em grupos para falar sobre as questões da faculdade.

EN(CENA) Entre o meio acadêmico de psicologia, muito se fala  e  se estuda sobre suicídio e depressão. Mas sabemos que muitos desses alunos fazem parte das estáticas de tentativa de suicídio. Em sua opinião como promover uma psicoeducação, além do exigido academicamente (palestras, trabalhos) para que de fato esses alunos se conscientizem?

Adriele FreireTalvez a partir de rodas de conversa sobre a saúde mental dos próprios acadêmicos de psicologia em que haja um momento de troca entre eles seja uma forma de verem em si mesmos o que estudam, de forma que consigam entender e agir de forma efetiva sobre si mesmos.