A Inclusão do Aluno Autista no Ensino Superior Brasileiro

Como o Brasil está promovendo a inclusão educacional no ensino superior para alunos com Transtorno do Espectro Autista, garantindo igualdade de oportunidades e acessibilidade conforme as diretrizes internacionais?

 Miliana Augusta Pereira Sampaio – nahandra@hotmail.com

A inclusão educacional tem sido uma pauta essencial nas políticas públicas de educação no Brasil, em consonância com as diretrizes internacionais de educação inclusiva. O acesso ao ensino superior por alunos com deficiências, transtornos e condições atípicas, como o autismo, é garantido pela legislação brasileira, que preconiza a igualdade de oportunidades e a oferta de recursos de acessibilidade para atender as necessidades específicas de cada estudante.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos transtornos do desenvolvimento e é caracterizado por déficits na interação social recíproca e comunicação, bem como por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O TEA é considerado um espectro porque engloba uma ampla gama de sintomas e níveis de gravidade, variando desde formas mais leves até formas mais severas (Dos Santos, Ferreira & Ferreira, 2019).

Geralt/Pixabay

Inclusão no ambiente acadêmico

O TEA é classificado como um transtorno do desenvolvimento devido aos seus efeitos nas áreas-chave do desenvolvimento infantil. As dificuldades de interação social e comunicação podem impactar o desenvolvimento de habilidades sociais, linguísticas e emocionais, que são essenciais para o crescimento saudável e para o funcionamento adequado em diferentes contextos, como na escola, em casa e na comunidade (Associação Americana de Psicologia, 2013).

No âmbito educacional, alguns dos desafios comuns que os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem enfrentar na escola incluem dificuldades na interação social e nas habilidades de comunicação. Eles podem ter dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos com colegas, interpretar pistas sociais sutis e compreender regras sociais não escritas. A comunicação pode ser um desafio, tanto na expressão quanto na compreensão verbal e não verbal. Isso pode afetar sua capacidade de se expressar, seguir instruções verbais e participar de discussões em sala de aula (Carvalho, 2022).

Nos últimos anos, tem-se observado um progressivo aumento na presença de alunos autistas no ensino superior brasileiro. Esse crescimento pode ser atribuído a uma maior conscientização sobre a importância da inclusão, bem como ao acesso a programas e políticas de suporte educacional (Aguilar & Rauli, 2020; Dos Santos et al, 2020; Shibuta & da Costa, 2021).

As instituições de ensino superior têm buscado adaptar-se para acolher esses estudantes, oferecendo recursos de acessibilidade, formação para professores e equipes multidisciplinares para auxiliar na integração e no desenvolvimento acadêmico e social dos alunos autistas. Contudo, embora existam avanços nesse contexto, a efetivação da inclusão no ensino superior demanda a superação de barreiras que ainda persistem (Barbosa & Gomes, 2019).

A inclusão do aluno autista no ensino superior brasileiro ainda enfrenta desafios significativos. Questões relacionadas à infraestrutura, formação docente, conscientização da comunidade acadêmica e adaptação curricular demandam atenção contínua. Além disso, é essencial fortalecer a cooperação entre instituições de ensino, pesquisadores e órgãos governamentais para aprimorar políticas inclusivas e favorecer a inserção plena do aluno autista no contexto universitário (Nascimento, Kador & Teixeira, 2022).

 

A inclusão do aluno autista no ensino superior brasileiro é um tema de relevância crescente, mas ainda enfrenta desafios significativos. A maioria das pesquisas existentes concentra-se na educação básica, revelando uma lacuna significativa na literatura acadêmica referente à inclusão de estudantes autistas no ensino superior brasileiro.

As evidências disponíveis indicam que as metodologias ativas podem ser ferramentas valiosas para a inclusão do aluno autista, pois se fundamentam em abordagens pedagógicas participativas e colaborativas, proporcionando maior interação e engajamento entre docentes e discentes. No entanto, a escassez de estudos direcionados ao contexto do ensino superior brasileiro dificulta a compreensão abrangente dos desafios específicos que esses alunos enfrentam nesse nível educacional.

As lacunas encontradas nesta revisão narrativa sugerem a necessidade urgente de pesquisas mais aprofundadas e específicas sobre a inclusão do aluno autista no ensino superior. É essencial que pesquisadores e educadores direcionem seus esforços para investigar os fatores que impactam o acesso e o desempenho acadêmico de estudantes autistas nesse contexto. Além disso, estudos longitudinais que acompanhem a trajetória desses alunos ao longo de sua experiência no ensino superior podem fornecer insights valiosos sobre as estratégias pedagógicas e de apoio que melhor atendem às suas necessidades.

Outra lacuna importante identificada é a falta de enfoque nas perspectivas dos próprios alunos autistas. Compreender suas experiências, desafios e percepções é fundamental para a criação de um ambiente acadêmico verdadeiramente inclusivo. Pesquisas qualitativas que envolvam entrevistas, grupos focais ou outras abordagens participativas podem fornecer uma visão mais holística e humanizada sobre a inclusão desses estudantes no ensino superior.

Por fim, é fundamental que as instituições de ensino superior adotem uma postura proativa ao implementar políticas e práticas inclusivas, garantindo que estudantes autistas tenham acesso a recursos e apoios adequados para que possam prosperar em suas jornadas acadêmicas. A criação de programas de formação para docentes e equipe administrativa também é crucial para a construção de um ambiente educacional acolhedor e empático, que valorize a diversidade e as necessidades individuais de cada aluno.

A promoção de uma educação inclusiva requer o compromisso conjunto de pesquisadores, educadores e instituições para fornecer um ambiente de aprendizado que valorize e respeite a diversidade, garantindo que todos os alunos, incluindo aqueles com autismo, possam alcançar seu pleno potencial acadêmico e pessoal.

Miliana Augusta Pereira Sampaio

Doutora em Educação na Amazônia – EDUCANORTE / UFT

Mestra em Educação – UFT

Esp. em Analise de Comportamento Aplicada (ABA) ao Transtorno do Espectro do Autismo

Neuropsicopedagoga Clínica

Esp. em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva

Psicopedagoga Clínica

Esp. em Psicomotricidade

Esp. em Ludopedagogia

Esp. em Educação Especial e Educação Inclusiva

Esp. em Planejamento e Docência para o Ensino Superior

Mediadora de PEI I – Programa de Enriquecimento Instrumental – CBM – Israel (Reabilitação Cognitiva)

Habilitada no Trabalho Psicopedagógico de crianças com Autismo pela Ciência ABA e Método PECS

SCREENER – Avaliadora da Síndrome de Irlen e Distúrbios do Processamento da Visão

Mediadora do Método Glia e Piafex (Funções Executivas)

Mediadora de Neurofeedback

REFERÊNCIAS

Aguilar, C. P. C., & Rauli, P. F. (2020). Desafios da inclusão: a invisibilidade das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no ensino superior. Revista Educação Especial36, 1-26.

American Psychiatric Association (APA). (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: DSM-5 (5th ed.). Arlington: American Psychiatric Publishing.

Carvalho, F. V. B., et al. (2022). Um olhar sobre o autismo e sua especificação na educação infantil. Em Autismo: Avanços e Desafios-Volume 3, 3(1), 83-95.

Dos Santos, L. B., de Oliveira Ferreira, L. M., & Ferreira, M. R. A. (2019). Autismo e inclusão: A percepção de um grupo de docentes acerca da inclusão do aluno autista na Rede Municipal em Teresina-Piauí. Em Editora Realize (Ed.), Anais do VI Congresso Nacional de Educação (CONEDU), Campina Grande.

Dos Santos, W. F., Santana, V. S., Dias, L. D. S. S., Teixeira, C. M. D. Á., & Pondé, M. P. (2020). A Inclusão da Pessoa com Autismo no Ensino Superior. Revista Entreideias: educação, cultura e sociedade9(3).

Nascimento, S. M. C., Kador, C. L., & Teixeira, C. S. S. (2022). Formação em ensino superior e inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista: uma revisão narrativa da literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde15(10), e11176-e11176.

Shibuta, V., da Costa, I. F., & dos Santos, F. P. (2021). Inclusão Do Autista No Ensino Superior Público. Psicologia e Saúde em debate7(2), 1-11.