Desnudando alguns mitos a respeito do uso da maconha

Bem, desde criança, ouço falar da possível legalização da maconha no Brasil, e sempre que esse assunto aparece na mídia, há vários debates sobre os seus possíveis malefícios e benefícios. Muitos desses debates sustentam-se em questões de saúde pública, onde, acredita-se que a maconha traria vários males à saúde. Por outro lado, os que defendem a liberação da mesma também tentam se basear em questões de saúde pública, afirmando que drogas liberadas, tais como o álcool ou o cigarro, causam mais malefícios à saúde que a maconha. Esses argumentos, em sua maioria, sustentam-se em mitos acerca da maconha sem nenhuma base científica.

Eu tenho minha própria opinião sobre a legalização da maconha, mas antes de falar, tentarei explicar os principais mitos acerca dessa planta tão polêmica.

Primeiramente, o que é a maconha?

Maconha é nome popular da planta Cannabis Sativa. Não se sabe ao certo quando a humanidade começou a utilizar essa planta, mas há relatos de sua utilização como medicamento desde o século XV a.C.

No Brasil, acredita-se que a planta foi trazida pelos escravos africanos por volta do século XV d.C.. Por muito tempo a maconha foi utilizada como medicamento, sendo inclusive seu plantio incentivado pela coroa portuguesa no Brasil. A maconha só foi legalmente proibida no Brasil no ano de 1930, quando foi proibido o uso recreativo e medicamentoso da mesma. A partir desse ano, começaram a surgir os grandes mitos acerca dos possíveis males e benefícios que a planta poderia proporcionar, e até hoje esses mitos são difundidos pela mídia, e a população, leiga, aceita como verdade científica. Então vamos aos principais mitos e verdades científicas por traz da maconha.

 

A maconha é menos prejudicial que o cigarro aos pulmões?

Muitos acreditam que a maconha, por conter menos “química” que o cigarro, cause menos mal ao pulmão quando fumada. Eis um grande mito difundido pelos que defendem sua legalização.

Por não ter filtro a fumaça na maconha e totalmente absorvida pelos pulmões; isso leva a um dano respiratório muito maior. Já se sabe que 1 cigarro de maconha equivale de 2,5 a 5 cigarros em termo de obstrução respiratória. Porém, diferente do que se acredita, não há relatos de enfisema (uma doença pulmonar que dilata e rompe a passagem do ar nos pulmões, levando a problemas respiratórios) causado pela maconha.

 

A maconha pode levar a câncer de pulmão?

Argumento que os contrários à legalização da maconha adoram usar. Bem, se o medo de câncer de pulmão é real, porque permitir o cigarro, onde o risco é maior?  Não há evidencias suficientes para crer que a maconha pode levar ao câncer, porém podemos de fato especular que isso é possível, já que a fumaça do cigarro de maconha contém substâncias irritantes e cancerígenas assim como o cigarro.

O uso de maconha pode levar a um infarto?

Este é um mito com fundo de verdade. De fato, um dos efeitos do uso agudo da maconha é elevar o trabalho do coração, além de que a sua fumaça é rica em monóxido de carbono, o que piora os danos ao coração.

Porém, o risco de enfarta com uso de maconha não é tão alto. Se você não tiver nenhum tipo de doença cardiovascular, o risco é realmente baixo. Agora, se você tiver alguma doença como Angina Pectoris ou Doença Coronária, é melhor evitar o uso, pois a chance de você enfartar após o uso aumenta em até 4 vezes.

O uso de maconha pode causar dano hepático igual ao consumo de álcool?

Não sei afirmar quem teve essa ideia, já até usaram esse argumento contra mim. Fiquei sem entender como a maconha pode causar dano no fígado. Após muita pesquisa cheguei a uma conclusão: a maconha só pode causar dano ao fígado se você a ingerir junto com álcool, e tem que ser um volume elevado de álcool. Há varias pesquisas que mostram que a maconha não causa dano hepático nenhum.

A maconha destrói os neurônios e te deixa “burro”?

Outro grande mito usado por quem é contra a legalização. Várias pesquisas provam que o uso de maconha não causa qualquer tipo de dano de cerebral e nem afeta seu QI. Contudo, essas pesquisas foram realizadas em adultos. O uso da maconha durante a adolescência pode sim levar a um leve dano cerebral, mas nada muito significativo. Já sobre as funções cognitivas, pesquisas indicam que o uso crônico da maconha pode levar a um declínio dessas funções.

A maconha pode causar doenças psiquiátricas, tais como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar e ansiedade?

Eis uma questão polêmica, e de constantes discussões entre a comunidade científica. Vale lembrar que todas essas doenças são multifatoriais e que o simples uso da maconha não pode desencadeá-las.

Várias pesquisas indicam que o uso da maconha na adolescência é um fator de risco para o surgimento da esquizofrenia na fase adulta, além de acelerar o inicio da doença. Vale lembrar que um dos efeitos da intoxicação pela maconha e a alucinação, conhecido entre os usuários como “má viagem”.

Um dos efeitos agudos é do uso de maconha, é uma crise de ansiedade, que acomete principalmente os usuários recentes da droga. Mas há pesquisas que mostram que o uso crônico da maconha pode levar a um quadro de ansiedade e/ou síndrome do pânico.

Sobre a depressão e o transtorno bipolar, não há provas que indicam que a maconha induza a esses quadros. Talvez o mito tenha surgido justamente pelo fato de que pessoas diagnosticadas com essas doenças tendem a usar mais drogas, principalmente a maconha.

A maconha pode levar a overdose e a dependência?

A maconha pode matar sim, mas só se um caminhão carregado com ela cair em cima de você. Brincadeiras a partes, não há relato que o uso de maconha pode levar a um quadro de overdose. Porém, a dependência, apesar de ser rara se comparada a outras drogas, é um risco real.

Bem, esses são os principais mitos acerca da maconha, essa planta tão polêmica que causa tantas discussões.

Minha opinião sobre a legalização da maconha?

Sou contra o uso recreativo dela, pois já bastam o álcool e o tabaco para complicar a vida do sistema público de saúde e o trânsito (a maconha reduz o reflexo igual o álcool, o que pode levar a um aumento de acidentes). Contudo, renegar totalmente a planta é um erro, pois ela tem um potencial para o uso medicinal. Nesse caso, sou a favor da liberação do seu uso medicinal.