Desvendando a diferenciação na sala de aula: estratégias para a Prática Pedagógica Inclusiva

A diferenciação é uma abordagem proativa para ajustes no conteúdo, processo ou produto de aprendizagem dos alunos.

Débora Gerbase – Professora e Autora de livros missgerbase@gmail.com – @deboragerbase

A diferenciação pedagógica, ainda que teoricamente simples, e que promove um ambiente inclusivo em uma sala de aula diversa, desafia educadores que, infelizmente, ainda não sabem como implementá-la de uma maneira eficaz suas práticas de ensino. Compreender e aplicar a diferenciação embora seja desafiador, é inegável que ela gera um impacto positivo na aprendizagem dos alunos. Apesar das barreiras enfrentadas, a prática constante e a dedicação são cruciais para superar os desafios e colher os frutos que a diferenciação produz na aprendizagem dos alunos.

Sabemos da importância, na sociedade contemporânea, da valorização das diferenças nas nossas práticas pedagógicas principalmente no contexto educacional atual. É de extrema importância atender às necessidades individuais dos alunos em uma sociedade em constante transformação. Ao nos depararmos com uma sala de aula diversa, com alunos com deficiências ou altas habilidades, a adaptação das aulas torna-se imperativa. Contudo, a implementação dessas adaptações, denominadas diferenciação, é frequentemente percebida como uma tarefa complexa e que causa muita angústia e confusão nos educadores.

O que é diferenciação?

Tomlinson (2015) nos ensina que a diferenciação é uma abordagem proativa para ajustes no conteúdo, processo ou produto de aprendizagem dos alunos. Tomlinson e Imbeau (2011) oferecem insights valiosos, esclarecendo que diferenciação não é um acréscimo ao planejamento regular, mas uma abordagem intrínseca à instrução. O planejamento diferenciado considera as diferenças de prontidão, interesse e perfil de aprendizado dos alunos, oferecendo caminhos diversos para atingir padrões compartilhados.

Quais estratégias de diferenciação podem ser utilizadas?

 Conforme Tomlinson (2014), elas podem acontecer na:

     Diferenciação no Conteúdo – Ajustando a complexidade das atividades para atender às necessidades individuais;

  1.     Diferenciação no Processo – Disponibilizando uma variedade de estratégias e materiais que contemplam diferentes estilos de aprendizagem;
  2.     Diferenciação no Produto – Permitindo diferentes formas de apresentação (oral, escrita, visual);
  3.     Diferenciação no Ambiente de Aprendizagem – Configurando e organizado visualmente o espaço para conforto e confiança.

 Entretanto, apesar dos benefícios da implementação da diferenciação nas práticas pedagógicas, algumas barreiras ainda precisam ser superadas. Educadores frequentemente apontam algumas dificuldades que não permitem que a diferenciação aconteça adequadamente, como:

  •         Ansiedade do Professor: A ansiedade em relação à implementação da diferenciação é uma barreira comum. Promover o conhecimento aos professores sobre a natureza flexível e adaptativa da diferenciação pode ajudar a reduzir esse receio.
  •         Falta de Recursos Adequados: Muitos educadores se veem limitados por uma falta de recursos, sejam eles materiais ou tempo. Explorar opções criativas e integrar a diferenciação ao planejamento regular pode superar essa barreira.
  •         Treinamento Insuficiente: A falta de treinamento específico em diferenciação é um desafio real. Investir em desenvolvimento profissional contínuo pode capacitar os professores a aplicarem estratégias diferenciadas com confiança.

 Estratégias para superar desafios

 Estimular a colaboração entre professores pode ser um catalisador poderoso para a implementação bem-sucedida da diferenciação. Compartilhar experiências, estratégias e recursos pode enriquecer a prática de todos. Reconhecendo que a diferenciação é uma jornada, os professores podem começar com adaptações simples e progredir gradualmente. Isso reduz a pressão inicial e permite uma transição mais suave.

 Além do que já foi dito, implementar um ciclo contínuo de avaliação e ajuste é fundamental. Wormeli (2017) destaca a importância de ajustar as estratégias avaliativas para refletir a diversidade de estilos de aprendizagem, níveis de prontidão e interesses dos alunos. Ao diferenciar a avaliação, os professores podem verdadeiramente capturar o progresso individual, indo além de uma abordagem única para todos.

 A complexidade da diferenciação pedagógica, apesar de sua simplicidade teórica, desafia muitos educadores que se deparam com a necessidade de promover um ambiente inclusivo. Ela não é apenas uma estratégia; é uma filosofia que reconhece e celebra a diversidade na sala de aula. No contexto educacional que está em constante transformação, compreender sua importância e implementá-la eficazmente requer um comprometimento contínuo por parte dos educadores. Ao desvendar os princípios e estratégias da diferenciação, os professores estarão mais bem equipados para criar ambientes de aprendizagem que atendam verdadeiramente às necessidades individuais de cada aluno.

 Maiores informações sobre como implementar a diferenciação em sala de aula podem ser encontradas no livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação socioemocional na escola”, no primeiro capítulo intitulado: A diferenciação na sala de aula diversa, escrito por mim.

Biografia:

 Débora Gerbase é uma professora e tradutora que atua nas áreas de inglês, português e português para estrangeiros. Atualmente, reside em São Paulo, onde concluiu sua formação em Letras – Tradução e Pedagogia e, posteriormente, obteve pós-graduação em Psicopedagogia e Formação de Docentes para o Ensino Superior.

Além de seu trabalho como educadora, Débora é autora dos livros “Sem pé nem cabeça – Expressões idiomáticas em português” e “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, e coordenadora e coautora do livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação Socioemocional nas escolas” e coautora do livro “Alfabetização Bilíngue: benefícios e mitos na formação de crianças bilíngues”. Tem paixão pelo ensino e aprendizagem, bem como por seu compromisso com o sucesso de seus alunos.

Referências:

 Tomlinson, C. A. The differentiated classroom: Responding to the needs of all learners. ASCD, 2014.

Tomlinson, C. A. “What Is Differentiated Instruction?” Reading Rockets, 2015. Disponível em: https://www.readingrockets.org/article/what-differentiated-instruction. Acesso em 03 de março de 2023.

Tomlinson, C. A. e Imbeau M. B. Managing a differentiated classroom: a practical guide. Scholastic, 2011.

Wormeli, R. “Fair Isn’t Always Equal: Assessing and Grading in the Differentiated Classroom.” ASCD, 2017.