Efeitos da Dificuldade de Aprendizagem

Tais dificuldades podem influenciar na baixa autoestima da criança e adolescente

São vários os fatores que podem influenciar no processo de Aprendizagem
Fonte: Foto de formulário PxHere

É importante mencionar que quando se fala de dificuldade de aprendizagem, considera-se qualquer fator que pode influenciar no aprendizado de uma criança ou adolescente, às vezes questões sensoriais, auditivas ou até mesmo alteração no comportamento, isso engloba o todo incluindo problemas emocionais que esse indivíduo possa estar sentindo.

Uma das maiores preocupações dos pais e professores é com a alfabetização da criança nas séries iniciais, é muito comum em sala de aula que algumas crianças apresentem dificuldades e nem sempre se trata de um transtorno específico e sim de déficit na aquisição de habilidades necessárias no processo de leitura e escrita. Essas habilidades são adquiridas por meio de estímulos, ou seja, o meio que a criança está inserida influencia muito no processo de aprendizagem de modo geral e é de fundamental importância que esse processo tenha uma parceria entre família e escola.

Existem diferentes metodologias de ensino, não necessariamente uma é melhor que a outra, mas algumas crianças e adolescentes se adaptam melhor a determinada metodologia, é necessário ter esse olhar voltado para o aluno com o intuito de auxiliá-lo a perceber a melhor maneira de absorver conhecimento, pois dependendo da dificuldade que esse indivíduo está se deparando no ambiente escolar, pode de certa forma desencadear problemas emocionais como: Insegurança, desmotivação e baixa autoestima.

Existem crianças que não apresentam dificuldade nenhuma e conseguem aprender com qualquer metodologia, mas vale ressaltar que cada indivíduo é único e apresenta mais facilidade em algumas coisas e outras não, e às vezes a expectativa que os pais projetam no filho, pode contribuir para uma dificuldade ou dissociação do desempenho da criança na expectativa dela e da família. 

Vygotsky fala sobre a importância da interação social no processo de aprendizagem
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Às vezes a criança não consegue lidar com alguns desafios, dentre aprender a ler e escrever no mesmo ritmo dos demais colegas de sala, e se não for bem entendido por ela, pode se tornar impotente frente a essa situação e começar a desencadear fatores emocionais, influenciando em suas relações e seu desenvolvimento. Para Fonseca, (1995) “o insucesso escolar é, de certa forma, a antevisão da desorganização social. Se falha em qualquer estágio da escolaridade, as hipóteses de sucesso na vida são amplamente diminuídas”.

Por motivos diversos o fracasso escolar pode começar ainda no período de alfabetização, por não conseguir ter sucesso na habilidade de leitura e escrita pode provocar exclusão, timidez, desmotivação, influenciando negativamente na construção da autoestima. Goulart (2007) afirma que a “incapacidade de ler e escrever textos válidos socialmente gera nos alunos sentimentos de incompetência e impotência que reforçam a sua desqualificação social”.

No ambiente escolar o professor deve olhar para cada criança e adolescente como um todo e procurar fortalecer o vínculo entre professor/aluno, pois a aprendizagem é construída com as relações, não está ligada apenas aos aspectos cognitivos inclui aspecto físico, social e emocional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, em seu artigo 22, Parágrafo único, afirma que “são objetivos precípuos da educação básica a alfabetização plena e a formação de leitores, como requisitos essenciais para o cumprimento das finalidades constantes do caput deste artigo”.

É importante enfatizar que a escola tem um papel especial na educação das crianças, mas a família também é peça fundamental nesse processo, pois o hábito de leitura é um comportamento aprendido e quando os pais são modelo e incentivam os filhos, contribui positivamente com a habilidade de ensino/aprendizagem. 

Estudos apontam que na menor parte dos casos de crianças/adolescentes que não são alfabetizados realmente se tem um transtorno de aprendizagem, mas na imensa maioria dos casos se tem algum outro fator externo e por isso é necessário uma investigação pontual para tentar sanar essa dificuldade para este indivíduo desenvolver seu potencial. 

Punições, críticas constantes, comparações de desempenho pode gerar na criança uma baixa autoestima. Ter boa autoestima é fundamental para lidar com os conflitos do cotidiano, ela é sinônimo de confiança, de acreditar que a gente é capaz de encarar determinada situação, de aceitar a si e aos outros.

A pessoa com boa autoestima tem condições de enfrentar os desafios que a vida lhe apresenta
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Para Brander (2000) “autoestima é a confiança na capacidade de pensar, confiança na habilidade de dar conta dos desafios básicos da vida e no direito de vencer e ser feliz”. Portanto valorize as conquistas da criança e adolescente por menor que seja, isso contribui para o senso de dedicação, de querer dá o seu melhor naquilo que faz, pois sabe que seu esforço está sendo notado.  

Referências

BRANDEN, N. Autoestima e seus pilares. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

FONSECA, V. da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.  

GOULART, C. Processos de letramento na infância: aspectos da Complexidade de processos de ensino aprendizagem da linguagem escrita. In: SCHOLZE e ROSING, Lia Tânia M. K. (Org). Teoria e Práticas de letramento. Brasília: INEP, 2007.

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. – 6. ed. – Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2022. Disponível em <: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/600653/LDB_6ed.pdf?sequence=1&isAllowed=y >. Acessado em 26 fev. 2023.

VYGOTSKY, L.S. Formação social da mente. Trad.: NETO, J.C. BARRETO L. S. M. AFECHE, S.C. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.