Esporte não é lugar de disputa de gênero, mas sim de talento e desempenho

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O feminino e a luta por reconhecimento e espaço mais igualitário no esporte brasileiro é uma temática que há décadas desperta questionamentos da imprensa e de grupos que defendem a presença da mulher nos mais diversos espaços, a militância é por oportunidades mais igualitárias.

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o esporte é uma prática fundamental para a promoção da igualdade de gênero e para o avanço no empoderamento de meninas e mulheres. A entidade em um documento intitulado “Carta Olímpica” declara, em sua publicação mais recente com base nos capítulos 1 e 8, que o Movimento Olímpico deve “incentivar e apoiar a promoção das mulheres no esporte em todos os níveis e em todas as estruturas com vista à implementação do princípio da igualdade entre homens e mulheres”, essa carta é citada em uma espécie de relatório elaborado pelo COB – Comitê Olímpico Brasileiro em parceria com a ONU Mulheres, com nome “IGUALDADE  E  INCLUSÃO  DA  MULHER  NO  ESPORTE:  mapeamento  das organizações esportivas nacionais e internacionais”.

Essas publicações provam que as organizações que representam oficialmente o esporte e defendem as mulheres estão cientes de que a participação feminina necessita de mais equidade, pena que, na prática, ou seja, nos campos, nos tatames, e até mesmo nas quadras das escolas, tanto no ensino fundamental quanto no médio, onde quase sempre nasce uma atleta, a realidade ecoa situações contrárias, sendo espaços com maior presença masculina. Dessa maneira, essa problemática nos convida à reflexão, talvez o que se deve melhorar é a lógica estruturada do machismo na mente da sociedade.

Essa é uma seara muito complexa e que esse artigo não se aprofundará. Vamos aos fatos, é necessário apontar, nesse mundo de complexidades e diferenças, ações, estudos, entre outras possibilidades que contribuam para furar bolhas. Talvez, um caminho de conscientização sejam abordagens ou intervenções psicossociais em grupos esportivos, educacionais, espaços de práticas e estímulo ao esporte. Estimular o pensar e os debates a respeito podem desempenhar papel crucial para transformar

realidades desiguais e/ou colaborar com o bem-estar de participantes com baixa estima e sentimento de exclusão.

Tais intervenções podem ser o pontapé para igualdade de gênero, como também fator de melhoria da autoestima e confiança das atletas. O preconceito estruturado, os estereótipos de gênero e desigualdades no esporte são campos férteis de estudo da psicologia social. A pesquisadora Silvia Lane, referência nesse campo de conhecimento, afirma em suas pesquisas e publicações que a psicologia social pode realizar transformações em nossa sociedade, para além de produzir conhecimento sobre o ser humano. Essa transformação social levaria as pessoas a romperem com práticas sociais que maximizam a desigualdade.

Ao abordar a importância da intervenção psicossocial, é fundamental ressaltar como ela pode contribuir para a construção de um ambiente esportivo mais inclusivo, respeitoso e empoderador para todos os participantes. Além disso, discutir a importância do apoio psicológico e emocional para lidar com desafios específicos enfrentados por atletas de diferentes gêneros, como a discriminação, o sexismo e a pressão por desempenho.

Por fim, é essencial ressaltar a importância contínua de pautar estudos e pesquisas sobre o gargalo, como também militar junto aos governos, nas diversas esferas, em prol de ações e políticas públicas perenes que minimizem o problema. Além disso, faz-se necessário o direcionamento de recursos para projetos esportivos que atendam diretrizes que de fato pensem a igualdade de gênero, somado a investimentos em ferramentas de intervenções psicossociais para promover a saúde mental e o bem-estar no contexto esportivo como um todo.

REFERÊNCIAS

BALASSIANO, Fábio. O basquete feminino brasileiro e sua crônica da morte anunciada. 2016. Disponível em: https://balanacesta.blogosfera.uol.com.br/2016/08/12/o-basquete-feminino-brasileiro-e- sua-cronica-da-morte-anunciada/. Acesso em: 09 set. 2024.

CNN BRASIL. Brasil conquistou Mundial Feminino de Basquete há 30 anos; relembre. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/esportes/basquete/brasil-conquistou-mundial-feminino-de- basquete-ha-30-anos-relembre/. Acesso em: 09 set. 2024

CAMPOS, Angélica da Fonseca; COCATE, Paula Guedes; FREITAS, Maria Eunice de Paiva; SOARES, Leililene Antunes; CRUZ, Lúcia Aparecida da. A QUESTÃO DE GÊNERO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, Minas Gerais, v. 3, n. 3, p. 79-88, set. 2008. Disponível em:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_ FISICA/artigos/genero_aulas.pdf. Acesso em: 09 set. 2024.

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