Estratégias de Intervenção de Transtornos do Neurodesenvolvimento

Os transtornos de neurodesenvolvimento envolvem déficits no cognitivo humano que trazem consequências e mudanças ao longo de toda a vida do indivíduo. Conforme Ramires e colaboradores (2009) existem milhares de crianças diagnosticadas com sintomas psicológicos que afetam o desenvolvimento englobando aspectos da aprendizagem, convivência social, perspectiva emocional, ocasionando ainda transtornos alimentares e dentre outros.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS (2019), acredita-se que pelo menos 20% das crianças e adolescentes do globo sofrem de algum transtorno mental. Uma das consequências associadas ao transtorno do neurodesenvolvimento é o suicídio e a ansiedade.

Ramires e colaboradores (2009) analisaram os problemas de saúde mental de crianças de 4 a 11 anos e o papel das clínicas-escola, identificando fatores de risco presentes na vida de 40 crianças avaliadas. Por meio de atividades como hora de jogo, testes projetivos, psicométricos e entrevistas com os pais para levantamento de anamnese foram identificados quadros de depressão, de ansiedade e problemas de conduta entre os participantes do estudo.

A partir deste estudo, Ramires e colaboradores (2009) destacaram alguns fatores de risco para a saúde mental das crianças, tais como: biológico; genético como o histórico familiar; anormalidades no sistema nervoso central que podem ser causadas por infecções, desnutrição, lesões, dentre outras doenças; fatores psicossociais ligados a estresse, vida emocional e social; condição de vida de crianças e adolescentes; fatores ambientais; além do nível socioeconômico.

Neste sentido, Thiengo, Cavalcante e Lovisi (2014) elucidam que apesar de grande parte de estudos e pesquisas relacionadas ao transtorno de neurodesenvolvimento serem em populações adultas, com base em estudos existentes, os autores acrescentam que os principais transtornos mentais que acometem crianças e adolescentes é a depressão, transtornos de ansiedade, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtorno de conduta, uso de substâncias e também fatores biológicos, ambientais e genéticos.

Fonte: encurtador.com.br/dfD04

A vivência da criança e/ou o adolescente, o local onde reside, a escola que estuda ou mesmo o fato de não poder estudar, a vivência social, o círculo familiar e de amizade interferem diretamente na saúde mental do indivíduo, pois crianças e adolescentes perpassam por um período de formação cognitiva, intelectual e de desenvolvimento físico e emocional como um todo.

Todas as experiências e vivências da criança e do adolescente podem contribuir para o desenvolvimento de problemas mentais e psicossociais, além de ocasionar estresse, decepções, ansiedades etc. Suas vidas devem ser analisadas e avaliadas dentro de todas as perspectivas e âmbitos possíveis a fim de identificar a causa do transtorno e para aplicação de intervenções eficazes.

Para o enfrentamento de doenças mentais, Ramires e colaboradores (2009) apontam a articulação entre a Educação, Saúde e ações sociais que devem reunir e associar estratégias em várias direções em busca de atender as necessidades em âmbito familiar, escolar, individual e comunitária de crianças e adolescentes, com diagnósticos e tratamento que englobem as situações de risco e de visem o suporte à saúde mental.

Como estratégias de intervenção, Barros, Piovesan, Sales (2016) destacam que a neurociência cognitiva é primordial para o tratamento de transtornos de neurodesenvolvimento, com um diagnóstico precoce para a prática de estratégias eficazes nos modelos cognitivos usados no contexto educativo.

A intervenção em casos de transtornos mentais não deve visar tampouco agir somente em uma direção, precisa ser multilateral abordando todos os aspectos e referenciais da vida do indivíduo a fim de verificar o que de fato ocasionou a doença e propor formas de reverter o quadro da doença com ações terapêuticas e reintegração do sujeito socialmente, de modo a favorecer suas potencialidades, para que assim, o indivíduo melhore sua qualidade de vida.

Fonte: encurtador.com.br/evyES

Referências:

DO NASCIMENTO BARROS, Sandy Nara; DE FÁTIMA PIOVESAN, Angelica; SALES, Tamara Regina Reis. Relações entre transtornos do neurodesenvolvimento, neurociência cognitiva e educação. Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional, v. 9, n. 1, 2016.

RAMIRES, Vera Regina Röhnelt et al. Fatores de risco e problemas de saúde mental de crianças. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 2, p. 1-14, 2009.

THIENGO, Daianna Lima; CAVALCANTE, Maria Tavares; LOVISI, Giovanni Marcos. Prevalência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes e fatores associados: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 63, n. 4, p. 360-372, 2014.