Diante de um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, o turismo vem aprimorando cada vez mais, através da inovação, a oferta turística utilizando estratégias de diferenciação que sejam sustentáveis e inovadoras.
A inovação induz a um novo modelo de gestão do turismo, onde os destinos turísticos se convertam em espaços inteligentes e sustentáveis, garantindo dessa forma a satisfação dos visitantes e melhoria da qualidade de vida dos moradores locais.
Acompanhando os avanços do mercado digital, o turismo caracteriza-se por ser o segmento que rapidamente se construiu digitalmente, devido às demandas do consumidor e do mercado. Esse cenário de necessidade de informação com inteligência se aprimora a cada dia e se expande no mundo gerando novas oportunidades para o mercado turístico.
São inúmeros os aplicativos de smartphones que proporcionam informação e serviços que facilitam uma viagem em todas as suas fases, desde o planejamento do destino a ser escolhido até o retorno a sua origem. Outra mudança é a busca pela interligação dos serviços turísticos, de forma inteligente, por meio de novos modelos de negócios, com o objetivo de satisfazer e customizar a demanda dos turistas, que a cada dia ganha mais espaço e faz surgir uma nova forma de viajar.
Essa produção é um estudo exploratório com abordagem qualitativa onde foram empregados os métodos bibliográfico e documental. Os dados bibliográficos foram obtidos por meio de periódicos científicos sobre o tema central, e os dados documentais foram extraídos de relatórios técnicos de âmbitos nacional e internacional disponíveis na internet.
DESTINOS TURÍSTICOS INTELIGENTES E INOVADORES
O conceito de Destinos Turísticos Inteligentes e Inovadores foi discutido pela primeira vez em 2013 pela Sociedad Estatal Española dedicada a la Gestión de la Innovación y las Tecnologías Turísticas (SEGITTUR) na Espanha. Foi apresentado uma proposta de modelo de Destino Turístico Inteligente que evidencia elementos-chave para a conversão de um Destino Turístico Tradicional em Destino Turístico Inteligente.
Para o Sebrae (2018) os Destinos Turísticos Inteligentes (Smart Tourism Destination) têm sua origem das Cidades Inteligentes (Smart Cities). Porém, há algumas diferenças entre eles, relacionadas aos limites geográficos, ao público-alvo e à interação com os visitantes. As cidades levam em conta competitividade, capital humano e social, participação, mobilidade, recursos naturais, qualidade de vida.
Para que o destino turístico inteligente seja inovador e se consolide de fato, de forma a sustentar suas ações inteligentes, é preciso criar um ambiente fértil para inovação e novas oportunidades de negócios na região turística (ZYGIARI, 2013). Desta forma, é necessário que ocorra uma reorganização do modelo tradicional de gestão do turismo, direcionando para uma eficiência organizacional com enfoque em destinos inteligentes.
Segundo Muñoz e Sánchez (2013) e Sánchez (2014), essa é uma maneira de alcançar vantagens competitivas, e os benefícios do setor turístico impactarem outros setores, aumentando a renda do território. A estrutura (Figura 1) desses destinos está fundamentada em dois elementos, denominados pilares: Novas Tecnologias da Informação e Comunicação e Desenvolvimento Turístico Sustentável, que contribuem para gerar quatro benefícios, que são: inovação na região, experiência turística, competitividade do local, qualidade de vida e desenvolvimento do território turístico.
Esses pilares só conseguem gerar tais benefícios a partir de um modelo de gestão de turismo que contemple a participação articulada entre todos os atores da cadeia do turismo. Esses atores são formados pelo governo local, empresas, instituições de ensino e principalmente pela comunidade. Para tanto, o Sebrae (2018) apresenta algumas iniciativas que são necessárias, são elas:
- Participação qualificada das lideranças empresariais nas governanças do setor;
- Ambiente de negócios favorável aos pequenos negócios de turismo;
- Competitividade dos destinos turísticos;
- Aproximação entre os elos da cadeia de valor, incluindo as empresas dos segmentos que não são líderes;
- Presença dos empreendimentos turísticos no mundo digital;
- Novos modelos de negócio;
- Soluções tecnológicas para os pequenos negócios e para os destinos turísticos;
- Conectividade e interatividade para ambos, pequenos negócios e destinos turísticos;
- Oferta de experiências turísticas que encantem os viajantes;
- Ocupação de espaços públicos; e
- Sustentabilidade dos destinos turísticos.
Pode se dizer então que o destino turístico inteligente é um destino turístico inovador também, consolidado sobre uma infraestrutura tecnológica, que garanta o desenvolvimento sustentável do território turístico por meio de alguns componentes considerados essenciais segundo a literatura. Esses componentes podem ser observados na Figura 2.
Portanto é importante ressaltar, com base no estudo realizado, que um destino turístico inteligente e inovador não se caracteriza apenas pela tecnologia digital. A sustentabilidade também agrega valor aos destinos e torna os produtos e serviços mais competitivos. Proteger o meio ambiente e respeitar as especificidades locais são formas de promover um turismo mais consciente, inteligente e sustentável.
CONSIDERAÇÕES
Este estudo partiu do interesse em explorar uma temática ainda pouco explorada no meio acadêmico, e contribuir para o debate acerca e um novo modelo de gestão sustentável e inovador como foco nos destinos turísticos inteligentes. Considera-se que a gestão exerce um papel importante em vários âmbitos que se interrelacionam, como a economia local, qualidade de vida, meio ambiente, e mobilidade.
Portanto, diante disso, com base no aporte teórico realizado nesse estudo, conclui-se que a consolidação dos destinos turísticos inteligentes dependem de algumas ações, dentre elas podemos citar: as parcerias público-privadas, com a finalidade de desenvolver a infraestrutura tecnológica dos locais; valorização do capital humano e do conhecimento, que pode ser feita por meios formais, informais, presencialmente ou virtualmente; e de uma participação mais efetiva da comunidade local, gerando entendimento e aceitação desse novo conceito de turismo quem se fortalecendo no mundo.
REFERÊNCIAS
MUÑOZ, A. L. Á, SÁNCHEZ, S. G. Destino Turístico Inteligente. Harvard Deusto Business Review. España. 2013.
NEIVA, D. N. Destinos Turísticos Inteligentes: um levantamento de práticas, barreiras e possíveis ações no contexto de Brasília (DF). Monografia (bacharelado) – Universidade de Brasília, Centro de Excelência em Turismo. Brasília, 2017.
SÁNCHEZ, A. V. (2014). Investigación Científica em Turismo: La experiencia Ibérica. Revista Turismo e Desenvolvimento. Univ. de Aveiro. Aveiro, Portugal.
SEBRAE. Destinos turísticos inteligentes. Disponível em <http://www.sebrae.com.br> Acesso em 03/10/2018.
SEGITTUR (Sociedad Estatal Española dedicada a la Gestión de la Innovación y las Tecnologías Turísticas). Turismo e Innovación. Destinos Turísticos. ¿Qué es un Destino Turístico Inteligente? Disponível em <http://www.segittur.es> Acesso em 05/10/2018.
SOUSA, T. C. G. de. SOUZA; M. J. B. de; ROSSETO, C. R.; BAIDAL, J. A. I. Análise da transformação de um destino turístico tradicional (DTT) em destino turístico inteligente (DTI) à luz do modelo da SEGITTUR (2013). CULTUR, ano 10 – nº 02 – UESC. Ilhéus, Jun/2016.
ZYGIARIS, S. (2013). Smart City Reference Model: Assisting Planners to Conceptualize the Building of Smart City Innovation Ecosystems. Journal of the Knowledge Economy, 4(2), 217–231.