Ao adentrar um ambiente escolar, enquanto estudante de psicologia, em busca de investigar as possíveis demandas psicossociais que poderão encontrar-se latentes, é possível que haja uma aproximação carregada de pré-conceitos quanto ao que poderia emergir de demandas comumente encontradas nas Escolas Públicas do Brasil. Nesse sentido, esse olhar imparcial certamente traria grandes prejuízos para uma avaliação qualitativa dessas demandas subjacentes. Por outro lado, pode-se escolher achegar-se a esse contexto com o olhar de um pesquisador-interventor, oportunizando assim o emergir das questões importantes para este grupo social, para assim iniciar o movimento de intervenção psicossocial.
Neste contexto, cabe ressaltar que oportunizar o emergir das demandas psicossociais no contexto escolar não consiste em o pesquisador-interventor adotar uma atitude de escuta passiva, posto que o papel desse pesquisador também é o de favorecer e oportunizar diálogos e refletir conjuntamente com todos os sujeitos envolvidos sobre o delineamento do que é comum ao grupo. Ao agir assim, sob a ótica da psicologia social sociológica, o pesquisador- interventor participa também da transformação da realidade destes sujeitos.
Uma outra postura necessária para se ter um olhar ampliado é a de não se permitir olhar o grupo como uma “massa”, antes, deve-se reconhecer e potencializar a individualidade de cada sujeito ali presentes. Assim, com base nesse delineamento, o foco principal da ação da intervenção psicossocial é a de dialogar com os membros do grupo para refletir e delimitar quais necessidades serão objeto de intervenção, agindo sobre os problemas atuais, de acordo com o contexto cultural, social, e de diversidade desse grupo.
Ademais, conforme pontuou Pereira (2001, apud Nunes et al., 2021), na prática do método psicossocial, é a participação dos sujeitos envolvidos na demanda que garante o êxito, já que a construção de dispositivos estratégicos para as resoluções implicará diretamente no cotidiano dos comunitários. E, ainda conforme Nunes et al. (2021), na prática da intervenção psicossocial, não há pessoas que detém o conhecimento mais que as outras. Por essa razão é que, pontuam os autores, os agentes internos (membros da comunidade) e os agentes externos (nós universitários) devem trabalhar em prol de um objetivo definido em comum acordo.
A partir das reflexões apresentadas, conclui-se que o pesquisador-interventor deve conhecer para, então, intervir no grupo, sempre tendo em mente que essas ações deverão ser co-construídas, a partir da relação com as pessoas, considerando o contexto social e também as subjetividades de cada sujeito.
REFERÊNCIAS
NUNES, Aline V. et al. Intervenção psicossocial no contexto escolar: um relato de experiência. Revista Amazônica, LAPESAM/GMPEPPE/UFAM/CNPQ, Vol. XXVI, número 2, jul-dez, 2021, pág.248-268.
Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/amazonica/article/view/9045/6609. Acesso em: 13 set. 2024