Desafio no âmbito das políticas públicas, ao retorno da visão medicalizante/patologizante que atribui a deficiências do organismo da criança as causas da não aprendizagem. Embora esses recursos da área da saúde e da biologia sejam fundamentais enquanto avanços na compreensão de determinados processos humanos, quando aplicados ao campo da educação, retomam a lógica já denunciada e analisada durante décadas, de que o fenômeno educativo e o processo de escolarização não podem ser avaliados como algo individual, do aprendiz.
Outro desafio que consideramos importante ressaltar refere-se, no âmbito das políticas públicas, ao retorno da visão medicalizante/patologizante que atribui a deficiências do organismo da criança as causas da não aprendizagem. De fato, é possível considerar que assistimos, a partir do ano 2000, o retorno das explicações organicistas centradas em distúrbios e transtornos no campo da educação. Temáticas tão populares nos anos 1950-1960 voltam com roupagem nova. Não se fala mais em eletroencefalograma para diagnosticar distúrbios ou problemas neurológicos, mas sim em ressonâncias magnéticas e sofisticações genéticas, mapeamentos cerebrais e reações químicas sofisticadas tecnologicamente (Conselho Federal de Psicologia, 2013)
Trabalhar com os educadores como forma de psicoeducação dos fármacos a fim de entender o contexto da farmacologia e as consequências do uso indiscriminado destes fármacos. Além do encaminhamento para psiquiatria e sua ação, um modo mais seguro e apropriado é um acompanhamento psicológico que visa intervir de forma mais abrangente a situação. Trazer nesta mesma oficina soluções alternativas de trabalhar a motivação, interesse e atenção dos alunos para as atividades propostas em sala de aula.
Uma ferramenta que pode ser usada no contexto para melhorar a demanda de atenção e motivação para tarefas é ambiente lúdico, pois jogos e brincadeiras para a crianças ajudam para elas a se desenvolverem satisfatoriamente, e desenvolver atividades que foram propostas pela própria criança chama atenção para o processo. “O professor deve levar a atenção da criança a seus projetos de brincar, fazendo com que a sua experimentação na atividade proposta pela mesma seja mais intensa.” (Pires; Falkenbach, 2008)
Há uma necessidade de intervenção educativa especial nas escolas e no social, podendo se estender a um acompanhamento especial com um profissional especializado, apropriado à demanda da criança e com habilidades para se responsabilizar pela criança “estimular constantemente a atenção da criança com TDAH, para que a mesma não se perca a qualquer novo estímulo do ambiente” (Pires; Falkenbach, 2008). O apoio da família é a principal via para facilitação do processo,com a orientação e acompanhamento psicológico com os pais da criança ajuda a obter maior informação da família sobre a falta de atenção, impulsividade, ansiedade e formas de como agir com estas demandas. Manter uma mediação de qualidade entre pais, filhos e professores no processo de ensino aprendizagem.
É papel da escola promover um ambiente escolar agradável, de confiança, compreensão onde a criança encontre apoio que precisa nesses educadores e na equipe psicopedagógica para desenvolver a zona de desenvolvimento proximal, proposta por Vigotsky. O professor e o aluno devem aprender juntos, ao invés gerar culpabilização das crianças por seus possíveis déficits, direcione a sua atenção a ela, aos seus projetos, ganhos e acertos. (Pires; Falkenbach, 2008)
Trazendo também atividades lúdicas, educativas que despertam o interesse nessas crianças. A escola deve oferecer apoio a professores e educadores de forma mais coerente ante o problema de cada um e as dificuldades de aprendizagem dentro de sala, fugindo do reducionismo biológico a fim de promover um olhar do ser humano como um todo.
RFERÊNCIAS:
PIRES, E; Falkenbach, A.P. A aprendizagem e o brincar de crianças com transtornos de déficit de atenção/hiperatividade. Buenos Aires, 2008.
Conselho Federal de Psicologia Referências técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica / Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2013. 58 p