O caráter da própria essência da (multi)territorialização na vida dos indivíduos e dos grupos sociais criou mecanismos que alterou a relação do tempo e espaço e levou o homem a percorrer cada vez mais caminhos diferentes e distantes, assimilando e transgredindo padrões e que por sucessivas evoluções se estabeleceu como raça dominante do planeta.
O processo de desterritorialização que o homem buscou durante milhares de anos, atinge hoje uma fase de pós globalização, onde a interatividade cibernética aproximou de uma forma inusitada, as diferentes formas de culturas, valores, governos e sociedades, expondo todos em uma vitrine, tornando pública a individualidade, validada pela mídia e pelas grandes redes sociais.
Desde a origem, o território tem uma conotação material e outra simbólica e tem a ver com a dominação da terra, com o poder no sentido mais concreto e que o distingue do simbólico, o poder no sentido de apropriação. Um espaço socialmente construído determina um território, com potencial de políticas inovadoras, com identidade coletiva e as mesmas características culturais.
Com a decadência deste modelo, surge uma infinidade de oportunidades para preencher o vazio deixado pela ordem e pela solidez. Agora a desordem é a regra e a ordem uma exceção e a liberdade na escolha dos caminhos ou opções fortalecem a individualidade e cria um cidadão preocupado com o espaço e sua condição existencial.
O tempo foi transformado em ferramenta e caminha com um laptop, um celular e uma mala de mão. Um capital volátil, mas ágil, onde as novas tecnologias permitem deslocamentos cada vez maiores e mais rápidos, bem diferente da era onde as pernas e os cavalos mediam as distancias e o tempo a ser gasto. A informação chega em tempo real e o cidadão pode interagir com o mundo todo através de vários tipos de mídias.
A informação e o conhecimento passados através de alguma forma sólida (a mídia, os veículos e as ações) se transformam em fluidos ao entrar em contato com os grupos sociais e se incorpora no cotidiano através das atitudes, comportamentos e pensamentos que representam uma unidade social.
A veiculação destes conteúdos pelos diferentes meios de comunicação torna o cidadão visível e participativo, saindo de sua condição de anonimato, mas ainda sem noção da força que tem nas mãos e inconsciente, se deixa levar e enganar pelo mesmo instrumento que lhe mostra a verdade e a realidade.
A democratização da informação e sua transparência nunca foram tão grandes e o poder teme esta liberdade e este excesso, afinal pode se ferir se não estiver preparado para vivê-lo.
O avanço das tecnologias vai transformando o trabalho do homem e com isto pode transformá-lo em um indivíduo produtivo ou descartável.
As mudanças tecnológicas muitas vezes introduziram o terror do desemprego ou da sensação de não ser mais útil, desatualizado ou então, simplesmente deixar de existir como aconteceu com os artesões, com profissões e sistemas produtivos, com objetos de uso, perspectivas de vida e ideologias.
Mas para a sociedade capitalista, comprometida com a necessidade da contínua expansão da produção, força motivadora do consumo, que acredita no principio do prazer e faz dos ídolos midiáticos referencias para a solução dos seus problemas e angustias, acaba deixando de lado os valores e as lideranças reais, para criar e viver um mundo que não é seu e que viaja na velocidade da luz para um paraíso que não existe.
Antes as memórias tinham uma duração, um tempo de existência, um sentido. Mas hoje, como tudo muda a cada minuto, não temos mais as lembranças, elas foram substituídas pela efemeridade de um conhecimento que amanhã poderá não existir.
Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina de Produção Jornalística II – Revista do curso de Jornalismo do CEULP/ULBRA