Os desafios à alfabetização da população brasileira

Comemorado no dia 14 de novembro, o Dia Nacional da Alfabetização, celebra a criação do Ministério da Educação e Cultura, na década de 30. Um fato que foi um divisor de águas à alfabetização de milhões de brasileiros. No entanto, dados da pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que existem 11 milhões de brasileiros que ainda não sabem ler e escrever.  Conforme o instituto, apesar do número ainda ser alto houve uma queda discreta de 2018, que era 6,8% dos analfabetos e passou para 6,6%, em 2019.

Segundo o IBGE, a Região Nordeste detém a maior taxa de analfabetismo no país, o que representa 13,9% da população, quatro vezes maior se comparado ao Sul e ao Sudeste. A região Centro- Oeste obteve a taxa de 4,9%, enquanto o Norte com 7,6 %, estando apenas à frente da Nordeste.  Ainda de acordo com a pesquisa realizada em 2019, o nível de instrução das pessoas com 25 anos ou mais, que completaram o ensino médio é de 27,4%, sendo o ensino médio incompleto 4,5%. Já o ensino superior completo 17,4% e incompleto 4%. Os números revelam um desafio, no sentido de diminuir a evasão escolar, e oferecer meios para o término dos estudos.

Nesse sentido, Viegas e Rebouças (2018) afirmam que analfabetismo é um dos mais custosos e permanentes problemas educacionais no Brasil. Enquanto o processo de alfabetização institucionalizada na infância tem sido um dos principais desafios do sistema educacional brasileiro. Viegas e Rebouças (2018) dizem que “o que acarreta um grave prejuízo ao desenvolvimento individual, social e humano”. Situação agravada pela pandemia da Covid-19, já que muitos alunos não tiveram um aparato tecnológico apropriado para as aulas online, ocasionado pelo fechamento temporário das escolas, para evitar a propagação do coronavírus. 

Fonte: Freepick

 

Segundo dados da PNAD (IBGE, 2018), 20,9% dos domicílios brasileiros não têm acesso à internet, o que equivale a 15 milhões de lares, além disso, 79,1% das residências que têm o celular como o meio mais utilizado, sendo que muitas famílias compartilham um único aparelho. Foi nessa realidade, que muitos estudantes se encontraram, quando as aulas passaram a ser à distância, confirmando as desigualdades sociais e de oportunidades no país. 

Souza (2020) relata que as casas das classes médias e alta têm uma estrutura privilegiada para o desenvolvimento de atividades escolares, enquanto “as residências das classes populares se configuram, em geral, com poucos cômodos onde convivem várias pessoas, tornando-se difícil a dedicação dos alunos às atividades escolares”. (Souza, 2020). Situação essa que foi relatada por diversas reportagens feitas pelos veículos de comunicação, alertando sobre as diferentes condições. 

A transformação social que o Brasil precisa, inicia pela educação, por isso é necessário oferecer um ensino público e gratuito de qualidade, para todas as regiões do país. “A educação é um ato de amor, por isso um ato de coragem” Paulo Freire (1968).  Para isso, é preciso engajar a sociedade, no sentindo, que o analfabetismo não é somente um problema do Estado, mas sim de toda sociedade brasileira.

Fonte: Freepick

 

Referência bibliográfica

Freira, Paulo. Pedagogia do Oprimido (1968)

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa. Pesquisa Nacional para Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) (2019). Disponível em < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101736_informativo.pdf> Acesso: 02, de nov, de 2021

Souza, Elmara Pereira de (2020) Educação em tempos de pandemia: desafios e possibilidades Disponível em < file:///C:/Users/Daniel/Downloads/7127-Texto%20do%20artigo-13846-3-10-20200904.pdf> Acesso: 02, de nov, de 21.

Viegas. E. R dos S, Rebouças, V,M. As políticas de alfabetização no Brasil no contexto de  ensino fundamental: aspectos normativos-legais(2018).