Pesquisas recentes apontam que ⅓ dos adultos relatam dormir menos de 7 horas por noite.
Lucas Nunes Barbosa – lucasnunesbarb@rede.ulbra.br
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Assim como se alimentar bem, se hidratar e praticar exercícios físicos, dormir é uma necessidade fisiológica fundamental para o nosso funcionamento. Noites mal dormidas podem gerar diversos problemas que são capazes de afetar todo o corpo, o humor e favorecer os surgimentos de condições patológicas.
É muito comum ver grandes empresários e influenciadores nas redes sociais justificarem suas poucas horas de sono com a necessidade de produzir cada vez mais, no entanto, isso parece ser uma ideia saudável a ser seguida. Isto porque uma baixa quantidade e qualidade do sono pode atrapalhar o bom funcionamento das pessoas em diversos cenários da vida.
A privação do sono se caracteriza quando o indivíduo dorme menos do que é necessário. Ao contrário do que é muito disseminado por aí, não existe uma quantidade fixa de horas ideal para todas as pessoas. Figueira (2021) essa privação quando aguda em pessoas saudáveis gera consequências a nível neurobiológico, podendo afetar o comportamento, a cognição, o apetite e outras alterações.
É importante considerar a idade e como a pessoa lida com a quantidade específica de horas dormidas por noite. Apesar de ser um fenômeno variável e individual, existe uma média que varia de 7 a 8 horas por noite. E novamente, não só a quantidade de horas importa, mas a qualidade do sono também, que deve levar o indivíduo a acordar de manhã com a sensação de que a noite foi restauradora.
Para Cirelli, (2021) Essa privação é entendida quando há no indivíduo uma deficiência na restauração do corpo e no bem estar subjetivo. Em uma pesquisa, foi levantado que 1/3 dos adultos que participaram dessa amostra constataram que dormem menos de 7 horas diárias.
Em pesquisa nos Estados Unidos, Chattu (2018) evidenciou que as poucas horas de sono aumentam o risco de mortalidade e tem sido associada com um pouco menos que a metade das principais causas de morte no país, como a diabetes, hipertensão e outras doenças. Em meio aos compromissos do dia a dia, dormir é visto como algo não tão importante para muitos, e com isso, utilizam da privação voluntária do sono um tempo extra que podem utilizar para se dedicarem cada vez mais às suas demandas, sem pensar nas complicações desse hábito.
Essa privação pode ocorrer em todas as fases da vida, desde uma mudança de rotina na gestação, ao excesso de exposição às telas de celulares e equipamentos eletrônicos, e até mesmo associados ao consumo abusivo de cafeína e outras substâncias estimulantes, fazendo com que as pessoas durmam menos, mas por um preço.
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A internet vem mudando a forma como nos relacionamos, e a partir dela temos uma vasta fonte de informações e possibilidades. Por mais que a internet trouxe diversos benefícios, Amra (2017) entende que o uso abusivo dessa ferramenta tem levantado preocupação a saúde, prejudicando a higiene do sono. É comum que em meio ao contexto social em que vivemos, onde assumimos diversas responsabilidades acadêmicas, sociais, de trabalho e relações, acabamos expostos a telas de smartphones, TV´s e outros meios de informação, onde o indivíduo por diversas vezes trocam por horas de sono.
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O abuso no consumo de cafeína ou outras substâncias estimulantes também são utilizados como uma tentativa de driblar o sono, mantendo os indivíduos mais ativos e dispostos para dedicarem horas de noite em claros em busca de cumprir com as diversas demandas de suas vidas, maratonar algum conteúdo de entretenimento e assim por diante (BOUER, s/d).
Embora a sensação de está em alerta, de ter aumentado a disposição e reduzido a sonolência, o uso de cafeína ou de outras substâncias estimulantes não são capazes de substituir uma boa noite de sono, ou seja, essa prática não deixa o indivíduo livre dos efeitos negativos da privação do sono, podendo então acarretar prejuízos no desempenho acadêmico e das atividades rotineiras.
A partir disso, podemos ter uma dimensão do quão prejudicial pode ser ter o hábito de dormir mal, e não se importar com a qualidade do sono. Não entender a importância de dormir bem, é se expor a alterações fisiológicas, mudanças de humor e desempenho de tarefas.
Referências
AMRA, B., Shahsavari, A., Shayan-Moghadam, R., Mirheli, O., Moradi-Khaniabadi, B., Bazukar, M., Yadollahi-Farsani, A., & Kelishadi, R. (2017). The association of sleep and late-night cell phone use among adolescents. Jornal de pediatria, 2017.
BOUER, Jairo. Cafeína não é suficiente para combater efeitos da privação do sono. Disponível em <: https://doutorjairo.uol.com.br/leia/cafeina-nao-e-suficiente-para-combater-efeitos-da-privacao-do-sono/ >. Acessado em 02 mar. 2023.
CIRELLI, C. sleep: Definition, epidemiology, and adverse outcomes. Disponível em <: https://www.uptodate.com/contents/insufficient-sleep-definition-epidemiology-and-adverse-outcomes?search=sleep%20deprivation&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1.>. Acessado em 01 mar. 2023.
CHATTU, V. The Global Problem of Insufficient Sleep and Its Serious Public Health Implications. 2018. Disponível em <: https://doi.org/10.3390/healthcare7010001>. Acessado em 01 mar. 2023.
FIGUEIRA, L. G.; ZANELLA, I. V.; FAGUNDES, M. .; NASCIMENTO, C. B. do .; SOUZA, J. C. de. Effects of sleep deprivation on healthy adults: a systematic review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 16, p. e524101623887, 2021. Disponpivel em <: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/23887>. Acessado em 28 fev. 2023.