Papel do Psicólogo e Cuidados Paliativos

Cuidados paliativos tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de pacientes que estão em estágios avançados de doenças terminais, para que haja diminuição da dor e do sofrimento e na geração de novos repertórios para lidar com a dor. É feito a partir de equipes multiprofissionais composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, conselheiros espirituais, entre outros profissionais que prestem assistência ao paciente e a seus familiares.

Para se definir a prática dos cuidados paliativos é fundamental que se tenha uma abordagem multidisciplinar que produza uma assistência harmônica, onde o foco é amenizar e controlar os sintomas de ordem física, psicológica, social e espiritual e não de buscar a cura de determinada doença. Trata-se de oferecer ao paciente qualidade de vida, enquanto vida houver (FERREIRA at al, 2011 apud OLIVEIRA & SILVA, 2010)

A contribuição do profissional psicólogo neste âmbito é de entender os sintomas, as patologias e as desordens psíquicas oriundas deste processo de adoecimento e empoderar o paciente para o seu tratamento e processo. A intenção é que o psicólogo trabalhe de forma a minimizar os efeitos causados pela doença, juntamente com o paciente, facilitando a reintegração desse paciente com a família, sua rotina, a sociedade, evitando assim o surgimento de maiores complicações. “Desse modo, evita-se o surgimento de complicações de ordem psicológica que possam interferir no campo profissional, afetivo e social tanto do sujeito em tratamento quanto na de seus familiares” (FERREIRA at al, 2011 apud SAMPAIO & LÖHR, 2008).

Neste processo é de suma relevância respeitar a espiritualidade do paciente, mesmo que não seja papel do profissional psicólogo influenciar neste processo, mas este deve perceber o fenômeno religioso como um recurso neste tratamento, pois ele proporciona ao paciente sentido à vida, suporte emocional, reforço para o paciente, tendo assim papel terapêutico. Existe o líder espiritual que vem somar neste processo, ele tenciona alívio de sintomas estressantes, sofrimentos que vão além do físico, estão em dimensão espiritual, cuidado este que apresenta a morte com a visão de um processo natural e não necessariamente a representação do fim de tudo (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009).

Fonte: encurtador.com.br/quQR5

Um exemplo de quadro adoecedor que se utiliza de cuidados paliativos é de pacientes oncológicos, neste quadro é importante que o cuidado promova respeito aos direitos do paciente, para que promova autonomia dele no processo, empoderamento e que ele tome as próprias decisões quanto ao seu tratamento. O papel da família é apoiá-lo neste processo enquanto a equipe multiprofissional oferece informações claras a respeito de suas possibilidades, a doença, seus sintomas, sua evolução, de forma a respeitar a compreensão do paciente sua tolerância emocional.

 Ainda sobre o processo é necessário entender que o paciente está todo o tempo sob o uso de fármacos, e nem sempre os sintomas que ele tem são exatamente da doença, mas podem ser efeitos colaterais das medicações para dor. Os opióides, por exemplo, causam mal-estar, cólicas intestinais, intestino preso causando desconforto para o paciente e dificuldade na sua alimentação. Então a medicação precisa ser entendida como uma extensão do tratamento e causadora de alívio e de sofrimento.

São comuns quadros de dependência de fármacos, mas em cuidados paliativos ela não é encarada de forma prejudicial ao indivíduo, ela faz parte do processo, uma vez que a pessoa está em dor e sofrimento, não é um problema estar sob efeito de medicação durante todo o tempo, é neste momento que cabe falar a respeito da bomba de ACP (Analgesia Controlada pelo Paciente), pois ela é uma ferramenta de uso do próprio paciente que é quem discerne o momento de usá-la e o papel da equipe terapêutica é ajudá-lo a se entender no processo, entender seu corpo e seus limites, para que assim ele se sinta apto a decidir quando usar a medicação e como.

Analgesia controlada pelo paciente (ACP) permite a titulação dos analgésicos de forma individualizada […] apesar de geralmente ser utilizado opióide, por via intravenosa ou epidural, qualquer analgésico administrado por diferentes vias pode ser considerado uma ACP, sendo administrado imediatamente após a solicitação do paciente. [..]Para que a ACP promova analgesia adequada a concentração sérica do opióide deve permanecer dentro da “janela terapêutica” (YASSUDA, 2018)

Fonte: encurtador.com.br/eksw9

Por fim, podemos concluir que a equipe profissional deve ajudar o paciente no enfrentamento e elaboração das experiências emocionais intensas vivenciadas na fase de terminalidade da vida. Tendo cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe multidisciplinar, mantendo como foco o doente (não a doença) e a melhora na qualidade de vida do paciente (não o prolongamento infrutífero do seu sofrimento).

REFERÊNCIAS

 ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS.  Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009. 320 p. Disponível em: <http://www.santacasasp.org.br/upSrv01/up_publicacoes/8011/10577_Manual de Cuidados Paliativos.pdf>. Acesso em: 29 out. 2018.

FERREIRA, Ana Paula de Queiroz; LOPES, Leany Queiroz Ferreira; MELO, Mônica Cristina Batista de; O Papel Do Psicólogo Da Equipe De Cuidados Paliativos Junto Ao Paciente Com Câncer. 2011. Rev. SBPH. Vol. 14 no.2, Rio de Janeiro – Jul/Dez – 2011.

YASSUDA, Heitor. Analgesia controlada pelo paciente (ACP). Disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=265&fase=imprime. Acesso 29 out. 2018.