A psicologia hospitalar é uma área de atuação da psicologia que busca entender e tratar o indivíduo e sua relação com o adoecimento, levando em conta os aspectos psicológicos que envolvem o adoecer sendo eles físicos, biológicos, psíquicos e subjetivos. O aspecto subjetivo pode ser expresso em sentimentos, pensamentos, falas e etc, o que pode reverberar em efeitos também nas suas relações com família, amigos íntimos e a equipe médica. A psicologia hospitalar fala sobre o adoecer subjetivo, tendo em vista que o biológico já está em evidência nos tratamentos de outras áreas da saúde como por exemplo a medicina e a enfermagem (TRUCHARTE; KNIJNIK; SEBASTIANI, 2003).
A psicologia hospitalar tem como seus clientes o paciente que está relacionado ao adoecimento, a família e os amigos íntimos desse indivíduo, e a equipe médica. O psicólogo hospitalar deve se atentar às demandas que podem surgir com o enfrentamento da doença no caso do indivíduo e de sua família, comportamentos alterados, emoções e sentimentos exacerbados, frustração, estresse, lidar com possíveis sequelas de tratamentos ou da doença, relacionamentos fragilizados e etc. Na equipe médica seu atendimento pode ocorrer em situações de sobrecarga, estresse ou mesmo sobre questões sobre como lidar com as escolhas do paciente ou de sua família. Ressalta-se ainda que o atendimento pode acontecer por uma solicitação ou quando o profissional perceber a necessidade de atender a alguma demanda (SIMONETTI, 2004).
O setting terapêutico do psicólogo hospitalar é dinâmico e exige manejo do profissional para lidar com as interferências e particularidades, pois o mesmo pode se encontrar em qualquer lugar dentro de um hospital, o atendimento ocorre quando necessário e no momento em que surge a demanda pois as mesmas são mutáveis e estão relacionadas aos acontecimentos ou a própria relação com a doença, levando em conta a necessidade por parte do paciente, família ou equipe médica. Preferencialmente o melhor horário para os atendimentos são durante o período vespertino devido a rotina hospitalar agitada durante a manhã, e respeitando o período de descanso e visitas à noite. A alta psicológica ocorre apenas quando não há mais demanda, ou quando o paciente recebe alta médica (SIMONETTI, 2004; TRUCHARTE; KNIJNIK; SEBASTIANI, 2003).
O adoecimento pode afetar o psicológico desencadeando doenças, inseguranças, medos, fragilidades, podendo também agravar situações que já estavam presentes como baixa auto-estima, depressão, ansiedade, crenças de valor. O campo psíquico também pode ser a causa da doença, como no caso das doenças psicossomáticas. Apesar disso, a doença também pode causar no psicológico a manutenção de pensamentos e enfrentamentos, pode tornar o indivíduo resiliente, e mudar seu modo de agir e suas perspectivas tanto nas suas relações, como sobre si e sua relação com todas as áreas da sua vida, e ser assim consequência de mudanças boas ou ruins (TRUCHARTE; KNIJNIK; SEBASTIANI, 2003).
O papel do profissional da psicologia hospitalar é auxiliar o indivíduo no processo do adoecimento, atendendo as demandas que surgem, podendo usar técnicas e estratégias a fim de promover a compreensão, o enfrentamento, ressignificar ou dar significados ao que se sente diante ao adoecer, trabalhando tanto com o sujeito como com as pessoas envolvidas nesse processo, com uma prática que evidencia o sujeito que está passando por um momento da sua vida e não o despersonaliza perante sua doença (SIMONETTI, 2004).
REFERÊNCIAS
SIMONETTI, A. Manual de Psicologia Hospitalar: O mapa da doença. Casa do Psicólogo, São Paulo, 2004.
TRUCHARTE, F.A.R.; KNIJNIK, R.B.; SEBASTIANI, R.W. Psicologia Hospitalar: Teoria e Prática. Augusto Angerami – Camon (org.), Pioneira Thomson Learning, São Paulo, 2003.