Até quando o sujeito capitalista colocara o lucro acima de tudo e todos?
No dia de hoje, 27 de agosto de 2019, a Amazônia queima. De acordo com a página de notícias da UOL (2019), até o dia 20 de agosto foram registrados mais de 23 mil focos de incêndio. Esse cenário de destruição tem preocupado pessoas no Brasil e ao redor do mundo, fazendo com que aqueles que ainda se importam com a preservação ambiental, iniciem campanhas em favor da defesa da maior floresta do mundo.
Mas o que tem colaborado para essa destruição em massa? Por que em pleno século XXI, com o conhecimento que se tem sobre aquecimento global, derretimento das geleiras, poluição do ar e extinção de animais, o ser humano insiste em agredir o planeta Terra dessa forma?
Muitas respostas podem ser dadas a tais perguntas, e a maioria delas se relacionam com um sentimento específico, a ganância, ou a avareza, um dos sete pecados capitais. O indivíduo avarento tem sido responsável por grandes prejuízos ao planeta, colaborando assim para a piora da vida humana.
É possível nomear o período em que a avareza acertou o homem em cheio, ele se chama Capitalismo. Soares, Navarro e Ferreira (2004, p. 43) trazem que “O capitalismo subsidiado pela ciência e pela tecnologia moderna consolidou processos de desumanização da natureza e desnaturamento do homem.”, deixando claro o quanto a obtenção de riquezas através da exploração natural se colocava como objetivo maior no coração dos seres humanos.
O capitalismo surgiu no século XV, quando o sistema econômico feudal faliu. Portanto, historicamente, ele possui mais de 400 anos de existência. 400 anos de existência baseados no ponto chave desse sistema, o lucro! Mas então, o que ficou de aprendizado desses 400 anos? Especialmente em relação a consciência ambiental, algo foi aprendido?
Quando se pensa em consciência ambiental, a primeira coisa que vem a mente é a preservação da natureza, o que não deixa de estar certo. Entretanto, o conceito de consciência ambiental é muito mais vasto do que isso, englobando e correlacionando muitas áreas da vida humana. Soares, Navarro e Ferreira (2004, p. 44) conseguem resumir muito bem dizendo
A relação campo e cidade, as desigualdades sociais, a consolidação de uma sociedade excludente estão associadas à corrupção ambiental, cujo resulto visível está nas favelas, na devastação ambiental, nas cidades problemáticas, nos refugiados ambientais, na violência urbana, no desemprego, na perda de valores associados ao trabalho e a construção de benefícios coletivos, na falta de credibilidade que é público, no abandono de crianças e adolescentes, fatores que configuram a busca de sobrevivências imediatas e dos valores descartáveis, descartáveis tais como os produtos expostos nas vitrines, produtos que consomem uma enorme variedade de recursos extraídos da natureza, que não são oferecidos como necessidades, mas como fetiche, como substitutos de egos, que se tornaram emblemáticos na sociedade de consumo que se traduz como democrática, pois teoricamente, todo esse poder ter está ao alcance dos ricos e dos pobres.
Dessa forma, ao pensar a existência humana no planeta Terra, entende-se que esta encontra-se diretamente relacionada às condições ambientais do lugar em que vive. E que a ganância em possuir mais riqueza, tem feito com que os indivíduos literalmente queimem suas próprias vidas.
No Brasil, as disputas de lados políticos tem cegado os cidadãos. Tal cegueira tem os impedido de verem que não importa se você é de direita, esquerda ou centro, no final, todos estarão sujeitos às consequências da destruição dos recursos ambientais.
Frente a isso, vale a pena observar-se as ações que já foram feitas contra o meio ambiente nesses 8 meses do novo governo. Começando pelo desmonte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que está sendo alvo constante das ações impensadas do presidente Jair Messias Bolsonaro. Tais atitudes de Bolsonaro tem colaborado para a diminuição das fiscalizações, o que consequentemente tem aumentado o desmatamento de áreas que antes estavam sob proteção do órgão.
Além disso, o presidente também iniciou uma liberação em larga escala de vários agrotóxicos que há muito tempo tinham seu uso proibido por causa da alta nocividade ao ecossistema e aos seres humanos. Essa decisão foi por ele justificada com a necessidade de impulsionar o agronegócio brasileiro, considerando tal lucratividade muito mais importante do que a saúde e bem-estar do povo brasileiro.
Como se não bastasse o estrago que já vem sendo feito, o governo trouxe a tona a questão do trabalho infantil como sendo bobagem, alegando que não existe trabalho infantil e que isso é só mais uma falácia de pessoas “vagabundas” que tem preguiça de trabalhar. Mais uma vez o lucro e o dinheiro são colocados como mais importantes, não importando o custo necessário para obtê-los.
Diante de tudo isso, a pergunta que precisa ser feita é “Até quando o sujeito capitalista colocara o lucro acima de tudo e todos?”. A resposta para essa pergunta envolve uma reflexão profunda, que acarretará na consciência de que se a destruição do meio ambiente continuar, a vida humana também será destruída. E qual o objetivo de tudo isso? Se o fim será falta de qualidade de vida, poluição e morte.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Bernardo Elias Correa; NAVARRO, Marli Albuquerque; FERREIRA, Aldo Pacheco. Desenvolvimento sustentado e consciência ambiental: natureza, sociedade e racionalidade. Ciências & Cognição, Ilha do Fundão, v. 02, n. 1, p.42-49, jul. 2004. Disponível em: <http://cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/29>. Acesso em: 26 ago. 2019.