Uma infância diferente que precisa ser entendida

A infância na contemporaneidade é muito diferente da de outrora, essa diferença de certa forma dificulta a interação dos adultos com as crianças, pois os adultos projetam suas infâncias onde brincavam nas ruas com muitas outras crianças, geralmente com pés descalços, se sujando e com muita interação social, como a infância ideal.

Essa idealização faz com que as crianças da atualidade sejam vistas de forma errada, causando até mesmo diagnósticos psiquiátricos errôneos, pois não levam em consideração a atual infância e sim a ideia de uma que hoje seria quase impossível existir.

As crianças hoje não vivem de maneira tão livre como antigamente, não passam mais horas diárias brincando na rua com os vizinhos, uma vez que essa atividade agora é vista como muito perigosa e de fato não se pode mais deixar os filhos na vizinhança sem vigilância pois o mundo não é mais tão seguro como antigamente.

Fonte: https://bit.ly/2DFEc9U

Dessa forma, o jovem que está com seu desenvolvimento tanto psicológico, físico e social a todo o vapor, acaba tendo um contato muito menor com a sociedade em comparação com as crianças de uma geração não muito distante. Portanto são muito mais influenciados por meios de comunicação que têm contato na segurança de sua casa, assim muitas crianças hoje são bombardeadas pela mídia por todo o lado e não sabem o que fazer com tanta informação.

O que é preocupante nesse cenário é que, tanto essa idealização que os adultos têm da infância, quanto esse contato reduzido com o outro e aumentado com a mídia podem acabar adoecendo as crianças. Dados publicados no jornal de Brasília neste ano de 2018, porém coletados em 2015 apontam que o suicídio de crianças e jovens de 10 à 14 no Brasil cresceu alarmantes 65%.

Para que esse quadro volte a diminuir teríamos que diluir o saudosismo que existe com o modelo de infância antigo, pois esse muitas vezes ao levar a diagnósticos errados faz com crianças em plena formação física e psíquica, comecem a tomar remédios pesados que causam dependência e também dificulta o desenvolvimento, principalmente o cognitivo, assim podendo levar esse indivíduo a desenvolver algumas doenças psíquicas e em casos extremos o colocar nas estatísticas apresentadas no parágrafo anterior.

Outra forma que se apresenta para que essas crianças não sejam erradamente vistas como doentes ou facilmente manipuladas pelas mídias é a educação, onde escola e pais teriam que pressupor que os pequenos não são tão ingênuos como eram antigamente e dessa formar tentar manter sempre uma relação mais horizontal onde o jovem também tem voz, assim desenvolvendo o relacionamento interpessoal deste tanto em casa quanto na instituição de ensino.

Fonte: https://eonli.ne/2Iq4oUZ

Se mesmo após todo este cuidado a mais que agora é necessário ter com a criança ela ainda for diagnosticada por uma equipe multidisciplinar com algum problema, nesse ponto sim se deve falar de tratamentos seja ele com ou sem medicamentos. Lembrando que os pais podem apenas querer que a criança tenha um acompanhamento profissional mesmo sem diagnostico, por prevenção ou qualidade de vida.

Por se tratar de crianças, ou seja, pessoas que ainda não possuem uma capacidade de expressão muito desenvolvida e que tampouco tem uma noção de que está indo a um psicólogo para falar sobre seus problemas, o lúdico é bastante utilizado no tratamento, pois nas brincadeiras e jogos eles recriam sua realidade para que assim essa possa ser analisada. A presença de ao menos um cuidador é necessária no começo do tratamento, variando de paciente a paciente o cuidador pode ser retirado do ambiente terapêutico com o tempo ou continuar acompanhando o tratamento.

Em grande parte dos casos o acompanhamento terapêutico ajuda tanto a criança tida como problemática a melhorar, quanto a desenvolver ainda mais uma criança que vai à terapia apenas por prevenção. Também existe casos de famílias que têm demasiada preocupação e que acabam cobrando muito de crianças, essa exacerbação tanto na preocupação quanto na cobrança faz com que as crianças se afastem dos familiares e por isso muito dos psicólogos ao tratar de crianças preferem utilizar a terapia familiar.

Fonte: https://bit.ly/2R8ItWd

Há alguns projetos que são especializados no tratamento psíquico na infância, como por exemplo o Centro de atenção psicossocial infanto juvenil (CAPSI) que está presente em várias cidades brasileiras e presta atendimento ambulatorial, individual e em grupo a crianças e adolescentes com transtornos psíquicos, como por exemplo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade, transtornos de conduta, transtornos de tique, transtorno de humor, psicoses, autismo e gagueira.

Os atendimentos prestados no CAPSi têm a presença de profissionais das seguintes áreas psicologia, fonoaudiologia, serviço social, neuropsicológica, neurologia, psiquiatria infantil, clínica geral e terapia ocupacional, tudo isso para se ter o melhor atendimento possível.

Fora os atendimentos feitos por esses profissionais uma coisa que chama atenção também no CAPSi é que em muitos deles são oferecidas diversas oficinas para incluir os jovens, algumas delas são de leitura, arte, atividade musical, de criatividade e várias outras, que ajudam muito essas crianças a serem estimuladas.

Pensando assim é necessário que os pais ou cuidadores procurem sempre mais de uma opinião de especialistas antes de passarem a medicar seus filhos, pois o mesmo pode ter grande perca no desenvolvimento cognitivo se ingerir uma medicação indevida.

Fonte: https://bit.ly/2xLcNyc

Além disso fica claro que para cuidar da saúde mental da criança é necessário, entender que a infância já não é a mesma que era pouco tempo atrás, que crianças precisam de alguma forma segura ter contato com outras crianças para aprender a socializar, também é preciso ter o conhecimento de que as elas já não são ingênuas como eram antigamente e por isso, mais do que nunca, precisam ser ouvidas e entendidas.

 

Referências:

http://www.saude.go.gov.br/?unidades=centro-de-atencao-psicossocial-e-infanto-juvenil-capsi,

https://www.holiste.com.br/saude-mental-infancia-adolescencia/, www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/suicidio-cresce-o-numero-de-mortes-de-criancas-e-adolescentes/,

http://www.revistaeducacao.com.br/a-crianca-contemporanea/.