Falta de atenção do parceiro, descaso, indiferença, ausência de carinho, desmerecimento, agressões verbais, instabilidade emocional e afetiva… Um tipo de VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER que também precisa ser combatido…
Eu preciso escrever sobre isso……
Quem nunca?…. Conheceu um “gentleman”… Ah! O príncipe dos nossos sonhos. Inteligente, gostos afins… Meu Deus! Ele até advinha nossos pensamentos. É conexão de outras vidas.
Não há outra explicação!
Então, nós, mulheres super bem resolvidas, até relutamos no início com indagações do tipo “Esse cara é muito perfeito! Tem alguma coisa errada”… “Melhor ir com calma!”
Mas é tanta felicidade quando estamos juntos que, aos poucos, vamos “baixando a guarda”… E… inevitavelmente, entregamo-nos de corpo e alma a essa nova relação.
Tudo bem! Estamos felizes!
O problema reside, em alguns e não raros casos, quando começamos a sofrer com um assédio, um tipo de violência velada que causa tanta dor e traumas quanto a violência física. E o enredo dessas histórias de agressividade parece muito previsível. Pois, o conto de princesas do início do relacionamento vai, aos poucos, sendo substituído por capítulos de novela mexicana. Não pela previsibilidade da tessitura narrativa, contudo pelas lágrimas jorradas motivadas pela tristeza que ocupa, sem pressa, o lugar que outrora era da euforia.
Tudo começa com “pequenos descuidos” materializados na demora para pequenas respostas, como a de um “bom dia!” no WhatsApp. Acrescido de esparsas ligações telefônicas … Depois, os carinhos se tornando escassos… Vem a irritabilidade com futilidades do cotidiano… A reclamação por bobagens… Dessa forma, você começa a “pisar em ovos”, mede minuciosamente suas palavras… Passa a viver em um constante ESTADO DE ALERTA. Esforço hercúleo para não magoar ou irritar o “dito cujo”
Logo, você passa a ponderar “Tem alguma coisa errada! Acabou o amor e afinidade que nos unia?” Esse é o ponto crucial. Porque enquanto fazemos essa pergunta, ainda estamos lúcidas para refletirmos acerca da realidade que nos cerca. Todavia, algumas vezes, permitimos a mudança desse questionamento para “O que EU estou fazendo de errado?”
Então, quando o parceiro percebe que está nas mãos dele “o controle” da situação, muitas vezes, o “príncipe” se transforma em nosso ALGOZ.
E ele não terá piedade em nos fazer sentirmos CULPADAS por essa mudança tão drástica e negativa no relacionamento. Como estamos apaixonadas, perdemos um pouco o senso da razão. Por isso, a partir disso, oprimidas e subjugadas, é comum nos sujeitarmos a situações, dantes nunca imaginadas.
Vamos “aprendendo” a nos conformar com o descaso com que passamos a ser tratadas, com as brigas constantes, com as humilhações, com as inseguranças e instabilidades que nos trazem um dos piores dos sentimentos: a angústia.
E se alguém nos pergunta “Por que você se permite viver assim?”
Temos medo de admitir que por ter sido “tão bom no início”, lá no fundo, ainda nutrirmos a esperança de que tudo volte a ser como antes…
Infelizmente, quase nunca volta!
Passamos a ter uns pensamentos bizarros do tipo “melhor estar com alguém a ficar sozinha”. Certo! Somos livres para fazermos nossas escolhas. Contudo, temos que nos questionar “Merecemos estar junto de alguém … Mas A QUE PREÇO?”
Se custar sua PAZ, sua AUTOESTIMA, seu AMOR-PRÓPRIO, sua LUCIDEZ… É UM PREÇO CARO DEMAIS.
Se você, mesmo assim, estiver disposta a pagar, todo meu respeito à sua decisão.
Mas se você decidir que o valor para estar ao lado desse alguém é alto demais pelo pouco, ou quase nada que você recebe, não tenha medo de colocar um ponto final.
Há sofrimento com essa decisão? Sim! E muito…
Afinal, dói desconstruir o “conto de fadas com final feliz” que idealizamos… Porém, a dor será muito maior se nos mantivermos em um relacionamento que VIOLENTA nossa essência de mulher que merece RESPEITO, inclusive e sobretudo, à integridade dos nossos sentimentos.
Não podemos nos contentar com migalhas de carinho, lapsos de atenção, restos de afetividade… Afinal, MERECEMOS um relacionamento em que haja reciprocidade.
Então, que tenhamos a sabedoria para rompermos as amarras de dependência afetiva que nos impedem de sermos plenas.
Que saibamos lutar contra toda forma de violência que nos agrida e aprisione.
A maturidade nos possibilita compreender um ditado antigo de nossas avós “Antes só (e feliz) do que mal acompanhada”!