Soraia Fernandes (Acadêmica de Psicologia) – soraiafernandes.fm@gmail.com
Atualmente, vivemos em um ritmo aceleradíssimo, com muito estresse, ansiedade e sem tempo para nada. E, infelizmente, as coisas que nos fazem bem ficam em segundo plano (saúde, família, amigos, hobbies, diversão e tempo livre!). Muitas pessoas sentem que precisam trabalhar constantemente e produzir mais do que nunca para se manterem competitivas em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo. No entanto, esse tipo de pressão pode ter um impacto negativo na saúde física, mental e emocional, como também, ocasionando a produção demasiada do hormônio CORTISOL “o famosinho hormônio do estresse”.
Em uma entrevista realizada pelo Jornal de Minas ao médico e endocrinologista Rodrigo Neves, relatou que um dos fatores que contribui para esse aumento do cortisol é a ansiedade, um transtorno mental cada vez mais comum na sociedade moderna. O estresse crônico relacionado a preocupações financeiras, pressões no ambiente de trabalho e a incessante demanda das redes sociais, agrava ainda mais essa elevação do cortisol.
Dalgalarrondo (2008) cita que o cortisol é o hormônio produzido e liberado pelo corpo ao perceber circunstâncias de estresse e tensão. Ele aumenta a frequência cardíaca e a sudorese, dilata as pupilas e diminui algumas atividades metabólicas, para poupar energia e manter o indivíduo em estado de alerta. Entre suas várias funções, a que mais se destaca é o controle do estresse. O cortisol é considerado um dos hormônios mais importantes para a manutenção da vida, pois tem ações fundamentais em processos homeostáticos, cognitivos, cardiovasculares e imunológicos.
O maior problema é quando as circunstâncias de nervosismo são constantes ou há a ocorrência de patologias como o estresse crônico e o transtorno de ansiedade, que podem causar a hiper estimulação da produção do hormônio.
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Quando o hormônio é produzido em excesso por um longo período, aparecem as consequências do cortisol alto.
Se o corpo é exposto cotidianamente a situações nas quais se sente ameaçado ou intimidado, ele irá produzir e liberar o cortisol. Quando esse crescimento do nível do hormônio ocorre por um longo período, as implicações negativas começam a aparecer.
O cortisol alto pode aumentar as chances do desenvolvimento de doenças como: depressão, fadiga crônica, diabetes e hipertensão arterial; intensificar sensações de irritabilidade e ansiedade; causar ganho de peso e problemas gastrointestinais; diminuir a libido; alterar o ciclo menstrual; além de gerar comprometimentos cardiovasculares e perda de massa muscular.
E não é só o aumento que causa problemas. O cortisol baixo também pode trazer implicações desfavoráveis ao organismo. Em baixas concentrações, o hormônio pode gerar pressão baixa, hipoglicemia, fraqueza em músculos e articulações, além de falta de apetite.
A partir desse panorama, é possível entender a importância do cortisol e por que é tão necessário regular as taxas desse hormônio, tanto suas elevações, geralmente mais comuns, como reduções que sejam significativas.
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“Stress não é algo que a gente deve tratar, mas sim prevenir”
Segundo o psiquiatra Pedro Katz, chefe de uma equipe de psiquiatria em São Paulo, relata que exposição a constante estímulos, informações e obrigações típicos da vida moderna desencadeia uma reação química no organismo, levando a uma sobrecarga mental e emocional. Katz explica que, para o corpo funcionar bem, é preciso ter equilíbrio entre a adrenalina hormônio relacionado ao estado de alerta, e a serotonina, neurotransmissor associado à sensação de calma. O excesso de estímulos e a resposta do corpo ao stress causam um aumento da adrenalina e de outro hormônio, o cortisol. Para equilibrar a balança, a serotonina precisa entrar em ação. Quando a adrenalina e o cortisol estão sempre nas alturas, a serotonina não dá conta de fazer o contrapeso da balança. Este é um aspecto crítico que requer atenção.
Alguns dos impactos negativos no cérebro devido o excesso do cortisol são notáveis e incluem:
- Dificuldades de concentração: O excesso de cortisol pode sobrecarregar o cérebro, resultando em dificuldades de concentração que afetam o desempenho no trabalho e nos estudos.
- Lapsos de memória: Indivíduos com altos níveis de cortisol frequentemente relatam lapsos de memória, prejudicando a qualidade de vida.
- Flutuações de humor: O cortisol em excesso pode causar alterações de humor, levando a sentimentos de irritabilidade, ansiedade e, em casos mais graves, depressão.
- Alterações estruturais no cérebro:Estudos sugerem que a exposição prolongada ao cortisol em níveis elevados pode causar alterações estruturais no cérebro, afetando regiões relacionadas ao controle do estresse e às emoções.
Manter os níveis normais de cortisol é fundamental para preservar o bom funcionamento das atividades cardiovasculares, do sistema imunológico e do metabolismo. Além disso, regulá-lo permite garantir uma recuperação mais tranquila após a realização de atividades físicas.
O psiquiatra Pedro Katz cita algumas práticas saudáveis para diminuir o estresse e consequentemente o nível do hormônio cortisol no organismo:
- Alimente-se de forma saudável – A nutrição balanceada ajuda a reduzir os níveis do hormônio do estresse, alguns alimentos probióticos (como: beterraba, iogurte, chucrute, picles, etc.) podem potencializar esse processo. Faça dietas, mas sem radicalismos e busque manter um peso adequado;
- Hidrate-se corretamente – A desidratação pode causar o aumento do cortisol. Por isso, tomar água regularmente e manter o organismo sempre hidratado é uma ótima maneira de reduzir os efeitos indesejados da elevação;
- Tenha uma rotina de exercícios – Construir uma rotina de exercícios é outra maneira de controlar o hormônio. As atividades aeróbicas, principalmente, ajudam a reduzir o nível de cortisol e também a quantidade de glicose no sangue. Exercícios mais intensos podem ocasionar um aumento do hormônio na sequência, mas contribuem com sua diminuição a longo prazo.
- Mantenha o sono regulado – A privação de sono está associada ao aumento dos níveis de cortisol. Para evitar que isso ocorra, é preciso criar um padrão de repouso, garantindo sua qualidade. Dormir por um período adequado, em ambientes com ruído reduzido, e evitar o uso de telas antes de adormecer e logo ao acordar são boas recomendações.
- Desenvolva passatempos – Os passatempos são fundamentais para garantir momentos de descontração e trazer mais bem-estar para o dia a dia. Nesse quesito, vale qualquer atividade que proporcione instantes prazerosos, como dançar, tocar um instrumento, ler ou realizar artesanato.
- Entenda as causas do estresse – Caso o problema seja a recorrência das situações estressantes, vale a pena tentar identificar quais são seus gatilhos e causas. Assim, é possível procurar por possíveis soluções para essas questões, que ajudem a diminuir sua reincidência, como o apoio psicológico.
- Descanse – Outra dica que pode ajudar a controlar o aumento de cortisol é ter momentos de descanso. Conseguir separar as atividades do trabalho das horas de lazer e autocuidado permite tornar o repouso mais tranquilo. O importante é se dar tempo para recuperar as energias, deixando as preocupações e o estresse um pouco de lado.
- Faça pausasem momentos atarefados – Entre uma atividade e outra se possível, respire fundo para oxigenar e relaxar o seu cérebro.
- Valorize suas férias e fins de semana – Aproveite o tempo livre e encontre os amigos para relaxar e conversar;
- Pratique atividades de relaxamento – Faça massagem, yoga, meditação e tenha contato com a natureza;
- Preserve momentos de liberdade e privacidade;
- Participe de ações e projetos solidários – Incluam na sua vida atividades que geram sensibilização e sentimento de amor ao próximo;
- Priorize assuntos e não tente resolver várias tarefas ao mesmo tempo;
- Se incluía na agenda – Estabeleça limites na sua agenda e não leve trabalho para casa;
- E procure manter ou ter relações saudáveis e de companheirismo ao seu redor.
Caso não consiga colocar essas estratégicas em práticas sozinho é importante buscar o auxílio de um profissional de saúde mental para auxilia-lo nesse processo e talvez o profissional até considere a necessidade de prescrever medicação.
Estas soluções e práticas de prevenção não só podem ajudar a reduzir os níveis de cortisol, mas também a preservar a saúde cerebral a longo prazo. A conscientização sobre o impacto do estresse crônico e da ansiedade no cérebro é vital para evitar problemas de saúde duradouros, garantindo uma mente saudável para o futuro. A busca por um equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e autocuidado é fundamental para enfrentar esse desafio crescente.
REFERÊNCIAS:
American Psychiatric Association. DSM IV: Manual de Diagnóstico e Estatística dasPerturbações Mentais. Lisboa: Climepsi Edi-tores; 1996
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. Porto Alegre: Editora ArtMed, 2008, 438 p.
Jornal de Minas Gerais – Saúde e Bem Estar. Minas Gerais, 2023 – Como o estresse afeta o cérebro? Médico alerta sobre danos do cortisol alto. Disponível em <: https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/10/30/interna_bem_viver,1584285/como-o-estresse-afeta-o-cerebro-medico-alerta-sobre-danos-do-cortisol-alto.shtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.
Marcella Centofanti. São Paulo. 2023. A síndrome do pensamento acelerado devido estresse. Disponível em <: https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/07/sindrome-do-pensamento-acelerado-o-que-e-a-condicao-que-afeta-o-sono-e-o-humor.ghtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.