Neste mês de maio, no CEULP/ULBRA ocorreram oficinas na área da saúde, com o tema “Acolhimento em Rede”. O evento foi promovido pela Política Nacional de Humanização – PNH do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e com o apoio do (En)Cena, possibilitou a vinda dos consultores e demais profissionais da área da saúde.
Acolhimento, gestão participativa e cogestão, clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos usuários e ambiência são as diretrizes que embasam a Política Nacional de Humanização (PNH) e se materializam nos serviços de saúde através de diferentes dispositivos para se melhorar o trabalho em saúde. Se, à princípio, analisarmos à distância, como leigos, podemos pensar que, por estar longe dos grandes centros do país, alguns estados da região norte estão aquém da capacidade de atendimento ao usuário. Mas, quem ao conversar com consultores, vemos que não é bem assim.
“A região norte avançou mais que a sudeste, pois apostou mais em referência coletiva de humanização”, disse Terezinha Moreira, consultora da Política Nacional de Humanização. Terezinha exerce a função em Belo Horizonte desde 2012, depois de trabalhar por 08 anos na região norte do país.
Patrícia Nienow, consultora da Política Nacional de Humanização – PNH, na região norte. (Foto: Walter Riedlinger)
“O acolhimento é uma demanda nacional. A região norte tem apenas uma participação em todo o cenário. Mas todas as regiões sofrem”, afirmou Patricia Nienow, consultora da Política Nacional de Humanização, na região norte.
Segundo Patrícia, o que mais preocupa e dificulta no acolhimento é que “os equipamentos estão mau distribuídos nas unidades públicas. Não dão conta da demanda e a falta de medicamento não podem impedir o acolhimento”. Ou seja, a rede pública também necessita de suporte em maquinário e suprimentos médicos. Para isso, alguns estados estão criando alternativas para tentar suprir as necessidades da população.
Rondônia e Acre
Em 2012, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho, Rondônia, em parceria com a Casa Militar do Estado de Rondônia e a Assembleia legislativa, disponibilizou seu barco hospital para realizar o atendimento para as populações ribeirinhas que fazem parte do Município de Porto Velho/RO, apesar de serem cobertas pela Estratégia de Saúde da Família que visita pelo menos uma vez ao mês essas comunidades que são distritos do município de Porto Velho.
Outra alternativa adotada pelos rondonienses é a “Rede Cegonha”.
“Rondônia está conseguindo descentralizar o atendimento com o auxílio da “Rede Cegonha”. Mas é apenas um passo”, disse Patrícia.
A Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde que visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, também assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.
No Acre, a demanda é a mesma. Por isso, é dada tanta importância às oficinas como o “Acolhimento em Rede”.
“O Acre está conseguindo uma melhora no acolhimento, na estrutura, mas falta equipamento também. Então, o “Acolhimento em Rede” é uma das alternativas. Mas tem que haver mais serviço e profissionais de qualidade. Tudo tem que ser feito de acordo com a realidade, não dá para improvisar”, enfatizou a consultora.
Ensino técnico
Escola Técnica de Saúde Dr. Gismar Gomes, em Palmas, Tocantins (Foto: RET-SUS)
O que pode melhor a capacidade no atendimento são os cursos técnicos e especializações oferecidas pela Escola Técnicas de Sáude (ETSUS) e universidades por meio de convênios. Estados como Acre e Tocantins já ofertam esses cursos aos seus profissionais.
“As escolas técnicas oferecem apenas cursos de nível técnico. Um mestrado ou doutorado são ofertados apenas se houver convênio, uma parceria. A Universidade Federal do Acre, por exemplo, oferece especialização. Então, há investimento do Ministério da Saúde, mas, ainda assim, tem que ser uma ação conjunta entre Saúde e Educação”, disse Nienow.
Terezinha Moreira, consultora da Política Nacional de Humanização – PNH, em Belo Horizonte, desde 2012. (Foto: Walter Riedlinger)
Referência
Quando falamos em rede pública de saúde, estamos tratando de uma organização governamental de extensão nacional que presta atendimento à população. Para que esta rede seja eficiente em seus procedimentos, além de parcerias ela precisa, de referências regionais. Essas referências são autoridades oficiais, tal como secretários de saúde, que intermediam o auxílio do governo com as instituições da área da saúde.
“No Pará, por exemplo, temos referências onde quer que formos. O que não acontece em Belo Horizonte. Lá não temos acesso aos secretários, isso complica os processos na área da saúde. Até porque, não há apoio dos gestores”, disse Terezinha.
Falando em referência O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é um órgão público descentralizada da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que oferta serviços e ações de proteção básica e possui a função de gestão territorial da rede de assistência social básica. Assim, podemos dizer que assitentes sociais também são referências profissionais no atendimento público. Para Millena, assistente social no Hospital Geral de Palmas, as oficinas “enriquecem a discussão e ajudam a entender o que é acolhimento. Porque a discussão é mais ampla do que se imagina”.
“O acolhimento tem que melhorar muito. Iniciativas como o “Acolhimento em Rede” abrem espaço para melhorias no setor”, disse a médica Terezinha Souza.
Entretanto, quando não há parceria ou referências, é preciso uma comoção público junto aos orgãos de saúde competentes, caso o contrário “o profissional sente muito quando se não houver apoio. Ele esmorece às dificuldades”, concluiu a consultora Terezina Moreira.