A mulher era sinônimo de beleza, sensibilidade e de inferioridade sexual e intelectual, cumprindo o seu papel natural na reprodução da espécie e no cuidado dos filhos, o que define, a mulher esposa, mãe e guardiã da casa.
Com a constituição de 1988, a mulher foi se libertando, tomando o seu papel na sociedade, e junto com essa evolução vieram a autonomia, as conquistas e as obrigações. A participação feminina no mercado de trabalho possibilitou o exercício da coragem em meio às conquistas e oportunidades, onde o dever moral masculino passou a ser ignorado.
Mulheres que por terem casamentos frustrados e viverem em situações humilhantes, acabam dando um jeito, sozinhas. Há aquelas que buscam na religião uma mudança, outras nos familiares, mas as que não viram outra saída, partiram para o ilícito.
Sabe se que o número de mulheres encarceradas é menor que dos homens, mas dados revelam que nos últimos anos a população carcerária feminina cresceu em relação ao universo masculino. Segundo o levantamento do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias feito em 2011, a maioria das mulheres encarceradas tem idades entre 18 e 24 anos (26%) e a minoria composta por mulheres com mais de 60 anos (1%).
“Não há uma única razão para que pessoas cometam delitos, há uma gama de variáveis envolvidas, podendo ser desde casos em que há o contato com o delito através de namorados, companheiros, até casos de busca de subsistência”, explica a advogada e professora universitária Luciana Avila. A advogada trabalhou na assistência a pessoas encarceradas por 10 anos.
Luciana Avila – Foto: Arquivo Pessoal
É cada vez maior a presença da mulher em delitos relacionados a entorpecentes e também a crimes interpessoais violentos, como roubos, seguidos ou não de morte, e sequestro. Algumas mulheres continuam a se envolver na criminalidade, devido a suas relações amorosas, e não encontram outra saída a não ser servir de cúmplice.
“São diversas as histórias, desde uma mãe que foi presa por furtar um caderno e dois lápis para que o filho pudesse ira a escola, até de uma moça que a menos de um a semana de ser liberada por indulto, fugiu da penitenciaria porque o seu companheiro que também encontrava preso estava fugindo”, relata Luciana.
De acordo com o livro “Falcão: Mulheres e o tráfico”, de Celson Athayde e MV Bille, mulheres estão chegando a posições de chefia nas bocas de fumo e realizam trabalhos de execução de pessoas.
De acordo pesquisa, 87% das mulheres encarceradas possuem filhos, a maioria vem de comunidades pobres e possui baixa escolaridade e qualificação profissional.
A maioria das presidiárias são “chefes de família”. As crianças já sem o referencial materno e por vez paterna são sentenciadas a perderem vínculos familiares, e acabam levadas ao sistema prisional. Dados estatísticos dizem que 78% dos que chegam a idade adulta viram presidiários antes dos 22 anos (fonte ONG Pró-Vida).
“Deve-se lembrar que a grande maioria das encarceradas do Brasil são pobres, com ensino fundamental incompleto, e não possuem recursos para contar com uma defesa jurídica de maior qualidade”, alerta a advogada.
A realidade é que grande parte das mulheres que ingressam no sistema prisional traz uma historia de violência sofrida, seja com a separação e a necessidade de oferecer o essencial para os filhos, seja pela falta de oportunidade diante da necessidade financeira, seja por relação afetiva ou amor bandido, o certo é que elas arriscaram e o resultado é que, a maioria cedo ou tarde, se dá mal.