Livro da Editora FGV mostra as transformações das classes CDE nos últimos 20 anos

Os últimos 20 anos foram de profundas mudanças na área socioeconômica para a população brasileira, especialmente para as classes C,D e E. Essas transformações foram observadas pelos pesquisadores Lauro Gonzalez, Mauricio de Almeida Prado e Mariel Deak e estão no livro da Editora FGV O Brasil mudou mais do que você pensa: um novo olhar sobre as transformações das classes CDE. Os especialistas do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (GVcemif) e do Instituto Plano CDE analisaram o período entre 1995 e 2015, e constataram transformações e mudanças de comportamento na vida dessas famílias. As áreas avaliadas na pesquisa e que geraram os dados do livro foram: Educação, Habitação, Posse de Bens, Inclusão Financeira e Digitalização.

Os trabalhos dos pesquisadores mostram houve notadamente mudanças positivas pouco conhecidas de grande parcela da população. Na visão dos organizadores do livro, a crise atual, embora traga desalento e tenha efeitos conjunturais negativos, não altera o fato de que novos patamares foram alcançados pelas classes CDE nas últimas décadas.

“Os dados apresentados no livro evidenciam avanços relevantes na vida das classes CDE no período entre 1995 e 2015. Olhando para o futuro, tanto o aprimoramento como a mudança de políticas e soluções que ampliem a inclusão devem levar em conta o aprendizado baseado no que já foi feito”, afirma Lauro Gonzalez, professor de Finanças da FGV EAESP.

Fonte: https://goo.gl/WPPXxp
  • Educação – Em 1995, pré-escola, ensino médio e superior eram realidade apenas para classes AB. Em 2015, o acesso à educação para crianças e jovens das classes “DE” supera o patamar de 80%. Destaque para crianças entre 6 e 14 anos, cujo atendimento escolar chegou a 98%.
  • Habitação – O número de cômodos das classes CDE cresceu durante o período pesquisado. Para as classes CDE, houve aumento de mais de 100% nas residências de 3 a 5 cômodos. Ao mesmo tempo, diminuição de mais de 30% nas residências de 1 A 2 cômodos.
  • Financeiro – Cresceu também o número de adultos com algum tipo de relacionamento com o sistema bancário. Em 1995, o crédito representava menos de 25% do PIB. Em 2015, a despeito da crise, o volume de crédito representava 46% do PIB.
  • Bens – Durante o período verificado, os bens de consumo como geladeira e máquina de lavar chegaram às classes CDE. Nas classes DE, a presença de geladeira passou de 40% para pouco mais de 90%. Já na classe C, esse percentual foi de quase 70% para 95%. A máquina de lavar praticamente não estava na casa dos brasileiros em 1995, enquanto que em 2015, esse número já estava em 35%. Em 1995, 10% da classe C tinha uma máquina de lavar e em 2015 mais de 50% já possuíam o produto.
  • Digitalização – A penetração de telefones celulares aumentou de 10% para quase 90% entre os membros da classe DE, já na classe C esse valor saltou de 20% para os mesmos 90%. O acesso à internet também foi avaliados na pesquisa e que teve uma forte alta. Em 2011, 5% dos brasileiros que ganhavam até um salário mínimo tinham acesso e passou para 20% quatro anos depois.

Cada tema corresponde a um dos capítulos que se dividem em quatro partes: “O que mudou” apresenta, por meio de diversos dados disponíveis e as suas principais transformações; “Por que mudou” analisa os dados apresentados e busca explicar as políticas públicas e os movimentos de mercado que engendraram as transformações; “Os efeitos na vida das famílias” traz histórias de vida que mostram as mudanças ocorridas dentro dos lares; e “Desafios para o futuro” busca sucintamente levantar as principais questões a enfrentar e recomendações de cada tema.