O Endomarketing na produção da Sustentabilidade Ambiental em empresas

Não é atual a preocupação acerca da preservação ambiental, no entanto, é absolutamente perceptível o crescente número de propagandas nas mídias de massa, ações voluntárias e/ou mutirões que chamem a atenção para a questão ambiental. Nesta maratona, as empresas também voltaram seus olhos para esta demanda, utilizando de estratégias cada vez mais sustentáveis e vendendo ideias econômicas para seus clientes e, é claro, para seus funcionários. Ora, para convencer os consumidores, é preciso contar com o apoio de seus próprios integrantes e, para isto, estes também devem comprar a ideia.

 

 

O que é o marketing ambiental?

Para Melo e Campos (2009), o marketing ambiental é voltado para a venda da ideia ou cultura sustentável da empresa através de mensagens sustentáveis e os benefícios decorrentes do uso de determinado produto ou serviço de caráter sustentável. A aplicabilidade do endomarketing visando a conscientização ambiental está voltada para a disseminação de uma cultura interna das empresas que produza estratégias que reduzam o desperdício e gerem educação ambiental. “Enfim, o endomarketing busca trabalhar de forma eficaz atos que necessitam de informação para se concretizarem” (MELO; CAMPOS, 2009).

Por que as empresas utilizam-se de estratégias para promover a sustentabilidade ambiental?

Conforme a Lei Nº 12.305 de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que possui em seu Capítulo I, do Objetivo e do Campo de Aplicação:

§ 1º Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos (Presidência da República, Casa Civil, 2010).

Por definição, entende-se por lei que os geradores de resíduos sólidos são aqueles que gerem resíduos sólidos por meio de suas atividades, incluindo o consumo, e seu gerenciamento se dá através do conjunto de ações que incluem a coleta, o transporte, tratamento e destinação final dos rejeitos, de acordo com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos exigidos nesta mesma lei. Vale mencionar ainda a definição de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, citado na mesma lei, que diz:

[…] conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta lei (Presidência da República, Casa Civil, 2010).

 

O que é o endomarketing?

Segundo definição de Bekin (2005) o endomarketing “é o marketing voltado para dentro das organizações, o qual auxilia a venda não somente de produtos e serviços oferecidos pela empresa ao primeiro cliente – o empregado, como também a venda da cultura, objetivos e metas” (apud MELO; CAMPOS, 2009). Desta forma, este pode ser meio, também, de divulgação de ideias sustentáveis e conscientização ambiental dentro da empresa, utilizando-se de simples argumentos como, por exemplo, a redução de desperdícios dos recursos físicos oferecidos aos funcionários, como papel, luz elétrica, água. Podemos inferir, pois, que “vender” um produto ou ideia para os próprios funcionários é tão ou quanto mais importante quanto vendê-lo para o cliente externo.

O endomarketing vem a ser uma estratégia muito válida ao pensarmos que o ambiente de trabalho, no caso da maior parte da população, torna-se o local onde passamos a maior parte de nosso tempo, e é também o lócus de produção dos nossos valores enquanto cidadãos. Conforme elucidado por Brum (2000), “sempre que uma empresa começa a fazer endomarketing, deve colocar-se diante do empregado da maneira como ambiciona ser percebida por ele” (apud MELO; CAMPOS, 2009).

 

 

Como o endomarketing pode ser trabalhado nas empresas?

Orientar quanto à compatibilidade dos processos produtivos da empresa, aplicar campanhas institucionais com destaque a ações de conservação e preservação da natureza, disponibilizar materiais informativos que demonstrem o empenho e compromisso empresarial com a área ambiental (MELO; CAMPOS, 2009).

Desde ferramentas de divulgação como, por exemplo, a utilização do e-mail corporativo para enviar a todos os integrantes mensagens ambientais, além de não gerar desperdícios (no caso de divulgação em panfletos impressos), é útil na ocupação das turbulentas atividades cotidianas, a estratégias mais criativas e dinâmicas, tais como intervenções em forma de teatro. A fim de exemplificar, podemos citar a empresa de saneamento do Estado do Tocantins, a Foz Saneatins, que realiza os Diálogos Diários de Segurança (DDS’s), e neste espaço os integrantes abrangem diversos temas pertinentes ao ambiente de trabalho, dentre eles a preocupação com a sustentabilidade ambiental.

Em entrevista com Diogo (segunda-feira vou procurar saber o sobrenome dele e demais informações), responsável socioambiental da empresa FOZ Saneatins, do grupo Odebrecht Ambiental, ao ser perguntado sobre a preocupação da empresa com o meio ambiente: “A Foz Saneatins preocupa-se em dar a destinação ambientalmente correta aos resíduos aqui produzidos. Encaminhamos o que pode ser reciclado para a empresa de reciclagem parceira.” Outrossim, podemos exemplificar esta preocupação com uso do e-mail corporativo como ferramenta de divulgação de mensagens com caráter sustentável, a fim de produzir a educação ambiental de seus funcionários.

 

 

 

E o que é a educação ambiental?

Desde a criação da lei Nº 9.795 de 1999, a educação ambiental tornou-se exponencialmente um elemento crucial na educação de forma geral.

Educar tem por caráter geral a definição de ser a partilha do conhecimento com o propósito que o recebedor ou educando aplique este conhecimento na vida real como forma de progressão da humanidade, de modo a melhorar a sociedade através do desenvolvimento do ser humano (MELO; CAMPOS, 2009).

 

Através da educação ambiental busca-se tornar o ser humano como responsável direto na preservação do meio ambiente, tornando-o parte deste. Objetiva promover uma reflexão nos indivíduos, levando-o a repensar conceitos e comportamentos destrutivos que ocasionam os desastres “naturais” que, na verdade, são consequência da ação humana. A lei supracitada institui, ainda, em seu Capítulo I:

V – às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente (Presidência da República, Casa Civil, 1999).

Em suma, entende-se que a preservação ambiental é responsabilidade de todos, pessoa física ou jurídica, e cabe às empresas a educação ambiental de seus funcionários através de estratégias criativas e interessantes, que despertem a atenção para a importância de realizar a coleta seletiva, bem como a destinação correta dos resíduos sólidos produzidos no ambiente de trabalho, visto que deve ser o lócus de disseminação de determinadas práticas cruciais para nossa sobrevivência, enquanto espécie pertencente à natureza, haja vista o tempo que nos dedicamos ao labor para proporcionar bens à nossa família. A proposta é, pois, chamar a atenção para a importância do endomarketing no trabalho como ferramenta para mudança de hábitos e conscientização ambiental, bem como educar os funcionários das maneiras corretas de servir a este fim.

 

Para saber mais:

MELO, J. G.; CAMPOS, I. S. Conscientização Ambiental nas Empresas através do Uso do Endomarketing.

PLANALTO, Presidência da República, Casa Civil. Lei Nº 12.305 Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2 de agosto de 2010.

PLANALTO, Presidência da República, Casa Civil. Lei Nº 9.795 Política Nacional de Educação Ambiental. 12 de fevereiro de 1999.