Janelas

Da janela observa-se tantas coisas… O céu nublado, ensolarado, estrelado também. Vê-se os pássaros, as plantas a balançar, as pessoas entre tantos haveres…

De dia, da janela eu ouço os pássaros, sinto o vento a tocar meu rosto, vejo a luz entrar, as nuvens passarem a cada instante de um jeito diferente até o cair da tarde quando a noite renasce, ainda posso admirar as estrelas.

Às vezes perdida em meus pensamentos, sorrindo ou chorando, de raiva ou de alegria, da janela eu sinto o turbilhão de sentimentos que faz morada na minha mente como se ali fosse sua casa, e de fato é!

Eu sinto tanto o mundo lá fora que muitas vezes me pego a sorrir diante das sensações que se alojam desesperadamente em cada ponto que marca a minha vida nesse lugar que chamam de globo terrestre que gira e gira sem parar.

Lá de fora pensam, riem, choram, lamentam, reclamam, agradecem entre tantos outros sentidos. Mas o que ninguém sabe é o que se passa dentro das janelas de cada um que compõem essa jornada.

Houve um tempo em que o respirar me parecia um sufoco, uma raiva que precisava ser contida e nas várias sensações e recordações de uma alma viva dentro de um corpo de ser humano.

Nas constantes transformações em que essa esfera se encontra, o que de fato o que se constrói? Eu sei que é muito importante sentir, difícil de entender para uns… às vezes eu também não entendo.

De dentro da janela subsiste a dor escondia, a palavra ocultada, silenciada, o riso forçado, o amanhecer deplorado, um entardecer sem sentido e uma noite que cai como uma folha seca de uma árvore qualquer, é muitos as vezes quem se compõe aqui.

Do lado de dentro quantas lembranças boas, quantas risadas, quantos choros e quantas dores marcam as essas almas?

Quantas pessoas estão conectadas na mesma sintonia? No mesmo choro, no mesmo sorriso ou imersa em sua solidão?

Várias escutando o mesmo som, amando, comendo ou odiando e vivendo em infinitas possibilidades.
Não sei, nunca saberei a realidade delas, me perco nas minhas próprias, mas lúcida estou e tenho certeza que nem muita gente tem a janela pra olhar por fora ou lá fora, mas com certeza entre os muros que as separam existem no íntimo tantas coisas que por dentro desses muros com janelas ou sem que o universo desconhece e que talvez nunca irá conhecer… Porém ruim ou bom encontram-se conectados na mesma reciprocidade dos seus sentidos.