Recentemente o Psicologia em Debate – apresentado pela psicóloga egressa do Ceulp, Fernanda Gomes de Oliveira – analisou a presença de estresse entre adolescentes concluintes do ensino médio. A pesquisa foi realizada numa instituição de ensino privado em Palmas-TO. Participaram dessa pesquisa 15 alunos (entre 16 e 18 anos).
A adolescência é compreendida como um dos momentos mais críticos do desenvolvimento humano. É um período envolto de crises, e uma dessas crises é a escolha de uma profissão. Tal escolha torna-se muito estressante, porque é uma das mais importantes que fazemos para a nossa vida. Além disso, o adolescente é envolto de expectativas, tanto próprias, como das pessoas que o cercam (família, amigos, professores…). No mais, o processo de seleção para entrar em um ensino superior atualmente é feito pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que é uma prova bastante complexa e possui uma grande concorrência.
O estresse é uma reação do organismo frente a estímulos externos ou internos; a partir do momento que o individuo se defronta com um evento estressor ele inicia estágios de estresse. O primeiro estágio é considerado de alarde ou alerta, quando o organismo passa por um evento estressor, então reage com algumas reações como pupila dilatada, tremor leve, coração disparado, e depois de algum tempo esses sintomas passam. Quando esses sintomas perduram ou se o evento estressor continua, entra-se no segundo estágio chamado de resistência, na qual o organismo passa a resistir a esse evento e utiliza todas as suas reservas adaptativas para conseguir se equilibrar novamente. Depois a autora Marilda Emmanuel Lipp, incluiu o terceiro estágio que corresponde a Quase-Exaustão, aqui o corpo começa a ter sintomas somáticos, biológicos, orgânicos, mas ainda consegue exercer as atividades diárias. Se esse evento estressor perdurar ou se o organismo continuar com tais sintomas, entra-se no quarto estágio chamado de exaustão, que é quando o individuo fica impossibilitado de conviver socialmente e realizar as atividades normalmente.
Os tipos de sintomas recorrentes ao estresse são irritação, tristeza, desânimo, impaciência, etc; em relação à parte cognitiva a pessoa experimenta baixo aprendizado, falta de concentração, problemas de memória; já os sintomas fisiológicos se apresentam sob a forma de dores de cabeça, dores nas costas, gripes constantes; no campo interpessoal o sujeito têm dificuldades de se relacionar, fazer parte de grupos.
Nesta pesquisa Fernanda concluiu que cerca de oitenta e seis por cento dos entrevistados foram classificados com a presença do estresse, em contrapartida de aproximadamente treze por cento sem estresse. Os questionamentos mais intensos dos alunos sobre o grande nível de estresse através das fontes externas são para o método escolar, pelo vestibular, pela escolha profissional, pela exigência ou repressão por parte dos colegas, pelo excesso de atividades, por uma mudança significativa ou frequente, conflitos com os pais e a família, morte na família, doença e hospitalização. Já as fontes internas do estresse foram o desejo de agradar aos outros, a ansiedade, a insegurança, desacordo entre as expectativas e as exigências do sucesso e o verdadeiro potencial, a autoestima baixa, medo do fracasso.
Entende-se que não se pode relacionar somente o processo seletivo como causador do grande estresse. Foram percebidos que diversas outras fontes também contribuem, porém os processos seletivos estão nas narrativas relacionadas a diversos eventos estressores.
Por isso é de grande importância a discussão sobre a inserção do psicólogo no contexto educacional, realizando intervenções que envolvam tanto os alunos quanto os demais participantes deste processo (pais, professores, coordenação dos cursos, etc.).