Os impactos da pandemia na assistência em saúde para a população indígena

Loianne Tavares, técnica de enfermagem, esteve na linha de frente do combate à pandemia no território indígena de Formoso-TO.

Bom, no início parecia um pesadelo, mas um pesadelo que com alguns dias se aproximou, algo que veio tão rápido que não tive tempo para me preparar, tempo para pensar em como agir.  Quando a pandemia chegou, ela chegou trazendo muitos desafios, muito medo, aflição, medo de perder familiares, amigos, pessoas próximas. Em julho de 2020, trabalhei na linha de frente no território Indígena no município de Formoso-TO, foi quando tive que deixar minha família em casa, e dá apoio para aquelas comunidades, onde vivi momentos inesquecíveis e momentos tristes com algumas perdas devido ao vírus, pessoas totalmente indefesas e com muito medo; medo de ir na cidade para comprar alimentos, medo de sair de dentro de sua casa e ter contato com alguém, pois aquele vírus parecia estar até no ar.

Sempre tentei dar o meu melhor, mas tinha dias que o medo tomava de conta, a saudade de casa, da minha família era muito grande, a vontade era de pegá-los e guardá-los dentro de um pote  até tudo aquilo finalizar, mas logo no dia seguinte era preciso erguer a cabeça e ir à luta, trabalhar com poucos equipamentos, EPI’S De segurança sempre contatos,  com medicações muitas das vezes poucas, mas que sempre se resolvia e na maioria das vezes tudo deu certo. Foram momentos tristes e marcantes onde até hoje tenho lembranças, e medo também, medo de todo aquele pesadelo retornar. Foram dias longos, noites sem dormir, tentando sempre ajudar aqueles que mais necessitavam, e ainda buscava forças para passar segurança para os meus familiares. Cheguei a precisar dormir em quarto separado do meu esposo, fiquei sem contato físico com o meu filho e meus pais, pois não sabia ao certo se tinha contraído o vírus.

                                                                                                  Fonte: Acervo Pessoal

Em dias atuais ainda tenho muito medo, mas atualmente estou mais preparada para lidar com toda essa situação e realidade, tentando manter a calma e sempre focando em ajudar o próximo, a curtir mais momentos  com meus familiares, aprendi que temos que cuidar do próximo, porém, em primeiro lugar cuidar da nossa saúde física e principalmente a mental, pois não é fácil você ver pessoas morrendo devido a um vírus que estava se espalhando pelo mundo. Atualmente faço acompanhamento psicológico, e penso que deveria ter feito ainda  no ano de 2020, teria me ajudado bastante. A COVID-19, foi algo que trouxe muito medo, tristeza, pânico, porém, trouxe aprendizado, sabedoria e junto o amor e empatia pelo próximo.