Dentre as muitas e preciosas palestras das quais eu tive a alegria de participar durante a 1ª Semana Acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, realizada dos dias 22 a 26 de Agosto, resolvi partilhar um pouco da experiência vivida no dia 24 de Agosto. A mesa-redonda desse dia teve como titulo “O Psicólogo Hospitalar e o sofrimento na atualidade”.
A conversa começou com a exposição de Izabela Querido, Psicóloga hospitalar na UTI do Hospital Geral de Palmas. Na fala de Izabela me chamou atenção a realidade vivida numa unidade de terapia intensiva: pacientes em estado grave e com risco imanente de morte; o estereótipo de sofrimento, dureza e dor; internações que ocorrem às vezes de forma abrupta ou pelo agravamento de doenças base; um ambiente estressor e impessoal.
A realidade psíquica de medo; insegurança com relação à cura; ameaça iminente de morte, mas também de esperança e de luta pela vida. Nesse ambiente a presença do profissional de psicologia junto aos pacientes muitas vezes é de ouvir suas angustias e medos numa escuta ativa e empática, e muitas vezes de ser a única presença amiga, quando a família é totalmente ausente de uma voz de esperança nos ouvidos de pacientes em coma ou sem possibilidade de fala. A próxima fala foi da Marília Pahim, psicóloga hospitalar no hospital materno-infantil Dona Regina. Marília narrou as peculiaridades de seu trabalho junto a mães no pré-parto, parto e pós-parto. Acolher as angústias, os medos, as ansiedades e ajuda-las na elaboração destes momentos tão importantes para muitas mulheres.
Fonte: http://www.amib.org.br/simposio-psicologia/repositorio-de-noticias/single-geral/noticia/comunicacao-na-uti-sera-tema-de-simposio-de-psicologia-1/
O último a falar foi o psicólogo hospitalar Roniery Santos, que atua também no HGP com pacientes em estágio terminal e portadores de doenças sem cura. Um dos slides tinha escrito: “quando se esgotam os recursos terapêuticos e principalmente na fase final da vida, evidenciam-se os limites da vida dos pacientes, mas também dos saberes e das práticas médicas e dos profissionais da saúde”. Essa frase me fez refletir… Estamos imersos num mundo onde se tenta a todo custo driblar a finitude do ser humano.
A tentativa imanente do homem de dominar a natureza é no fim a tentativa de se achar uma cura para o grande mal: a morte. Lembrei-me então das experiências vividas na equipe de humanização da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, quando acompanhávamos esses pacientes terminais desde a descoberta até a morte. A dor de saber que a vida estava no fim, o sentimento de impotência dos profissionais e dos pacientes. Acompanhei por diversas vezes o processo desde a negação até a aceitação já no final da vida e a esperança da vida eterna.
No entanto, a experiência que mais me lembrei durante a fala do Roniery foi um paciente ateu que acompanhamos. O grande desespero, a negação do fim que o acompanhou até seu ultimo minuto. Como religiosa tive grande dificuldade de lidar com essa situação, e fiquei imaginando qual seria minha posição como psicóloga… Enfim saí da mesa-redonda impressionada com o trabalho dos psicólogos nas unidades de saúde. Acredito que não basta ser uma profissional bem capacitada, mas é necessário ser um apaixonado pela vida humana e acreditar que nos momentos de maior pobreza e fragilidade do ser humano nossa missão resgata a humanidade.
Fonte: http://www.medicinaintensiva.com.br/uti-guia.htm