Um cansaço tem me tomado diariamente, constantemente, faço tanto, faço mais e ainda estão faltando, não acaba mais, me socorro diante de tamanha cobrança e não raro, mas com frequência percebo pessoas tão bem preparadas, agora afetadas pela aceleração da vida e de tudo, uma nova forma nascendo, acelerando sempre dentro de nós.
Tento olhar com calma e de posse das emoções, nomeá-las, saber de onde veem e por que veem, se têm sentido e pra onde irão, como irão, um turbilhão de exigências, muita comparação, muito volume, pouco aproveitamento e pouca aplicação.
Ampliaram-se os graus de exigências pelas salas virtuais, reuniões virtuais, encontros virtuais, cafés virtuais e uma nova forma de adoecimento e alegria virtual, relacionamentos e vazios se conectam e como fica o isolamento, não o físico, mas sim o psicológico.
Novos padrões me fazem questionar, o que pode em mim caber, o que faz sentido seguir ou ter, ou ser. Tão rápida a informação, tão frágil, tão fake, com tanta potência e impacto para tantos.
Como não entrar nesse turbilhão, e se entrar como não se perder nele, como se encontrar diante de tantas possibilidades e caminhos perdidos.
Fica aqui uma reflexão para os nossos porões, nossos pequenos quartos fechados, colados pra dormir, que acordem, que se abram portas e se entre ar para limpar os pulmões dos cômodos e gavetas fechadas. Que o ar traga fluidez e recompensa pelas escolhas feitas, as bem-feitas e as mal-feitas, que fazem parte de um crescer, apenas desejo que cada um possa perceber e em si se encontrar, na presença do seu eu, real, não virtual.
Não é apenas meu este sentimento, escrevi porque ouço relatos, escuto depoimentos do dia cansado, das conquistas efêmeras, pouco aproveitadas e pouco curtidas, na maioria isolada. Tão rápida outra já nem pede licença, mas entra e invade sem nem perguntar.
Assim vão seguindo sem presença, na presença, nem no virtual, uma falta sem fim. Busca em cima de busca, que não acaba mais, olhe a sua volta, depois de olhar-se no espelho, será que só eu estou cansada.