Carnaval da Saúde Mental de Palmas

Blocos Carnavalescos formados por usuários da saúde mental já possuem tradição em tomar as ruas em diversas cidades do país.

Os Blocos Carnavalesco da Saúde Mental sairão às ruas de Palmas no próximo dia 28 de fevereiro, à partir das 16h. O Bloco é formado pelos frequentadores, trabalhadores e parceiros da Rede de Atenção Psicossocial de Palmas. Com composições próprias da saúde mental e execução de tradicionais marchinhas de Carnaval, os Blocos pretendem reviver o espírito de alegria e liberdade que leva as pessoas a festejar nas ruas.

Blocos Carnavalescos formados por usuários da saúde mental já possuem tradição em tomar as ruas em diversas cidades do país. Bloco “Desencuca”, de Goiânia, “Doido é Tu”, de Fortaleza, bloco “Tá pirando pirado, pirou” e “Loucura Suburbana” do Rio de Janeiro, “Bloco Maluco Beleza e TamTam”, de São Paulo. Agora é a vez dos usuários da rede de saúde mental de Palmas tocarem seus tambores e erguerem a voz.

Oficina de confecção de fantasias para o Carnaval da Saúde Mental – CAPS II. Foto: arquivo pessoal.

“Doutô eu não me engano O Manicômio é desumano!”

A primeira estrofe da marchinha de carnaval criada por militantes da saúde mental, retoma a história da reforma psiquiátrica.  A Lei 10.216 criada em 2001 preconiza as formas de tratamentos em liberdade, pautada no reconhecimento dos direitos humanos e na promoção da cidadania. Foi essa lei que possibilitou a ampliação da rede pública de assistencia a saúde mental no nosso país, composta pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) voltados para transtornos mentais graves e persistentes e pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas, as residências terapêuticas, as equipes de consultório de rua, unidade de acolhimento, cooperativa de geração de renda, centro de convivência e cultura, leitos em Hospitais Gerais entre outros dispositivos.

À luz da recente discussão sobre a Nota Técnica de fevereiro de 2019 do Ministério da Saúde que mostram retrocessos como, a inserção de Hospitais Psiquiátricos e Comunidades Terapêuticas na RAPS, o fim dos leitos psiquiátricos em Hospitais Gerais, a liberação de verba para compra de equipamentos de eletroconvulsoterapia (eletrochoques) e internações de crianças e adolescentes sem critérios técnicos claros, queremos relembrar à sociedade palmense todo o processo de luta da Reforma Psiquiátrica pelo tratamento em liberdade garantindo os direitos humano.

Os CAPS trabalham com estratégias de reabilitação psicossocial promovendo ações de inclusão social.  As ações socioculturais desenvolvidas pelos CAPS de Palmas nos espaços públicos da cidade são de grande importância para o tratamento dos usuários, além da socialização possibilitam restabelecimento de vínculos com a cidade através da convivência, da alegria, da arte.

Oficina de confecção de materiais para o Carnaval da Saúde Mental – CAPS AD III. Foto: arquivo pessoal.

SERVIÇO

Evento: 1° Carnaval de Rua da Saúde Mental de Palmas

Ações: Lançamento de dois Blocos ‘Chambari Doidão’ e ‘Balança mais Não Cai’ ; palco Aberto com apresentações dos usuários dos CAPS e artistas da cidade; Lojinha com vendas de artesanatos confeccionados nas Oficinas e Bazar de roupas seminovas entre outras.

Data: 28 de Fevereiro

Horário: das 16:00 as 19:00 horas

Local: Parque dos Povos Indígenas

Marla Borges de Castro Terapeuta ocupacional (PUC-GO), Mestre em Saúde Coletiva e Especialista em Saúde da Família e Terapia Comunitária. Produtora cultural, ênfase em acessibilidade / inclusão social através da arte e cultura. Militante do movimento da luta antimanicomial e educação popular e saúde. Fundadora do Coletivo Desencuca e do Centro de Convivência e Cultura Cuca Fresca em Goiânia. Atualmente, atua como Pesquisadora da FESP e Terapeuta Ocupacional CAPS II e CAPS AD III de Palmas, TO.