Homem-Aranha no Aranhaverso: as várias faces de um mesmo super-herói

Concorre com 1 indicação ao OSCAR:

Melhor Filme de Animação

O último filme da série fugiu um pouco da realidade, e principalmente do que os fãs já estavam acostumados. Além de ter sido transformado em animação, com uma pegada estilo história em quadrinhos, o enredo não girou em torno de Peter Parker.

A gigante Marvel Comics juntamente com a Sony Pictures Entertainment (Columbia Pictures) lançou o primeiro filme do Homem-Aranha nos cinemas em 2002, com o icônico Tobey Maguire, que se eternizou como Peter Parker. Maguire protagonizou até o 3º filme do super-herói, em 2007, e essa foi sua última aparição como Homem-Aranha. Após alguns anos, o ator Andrew Garfield assumiu essa enorme responsabilidade, porém, assim como Tobey, não se firmou no papel. Até a chegada do cômico e divertido Tom Holland, que com uma carinha de bebê conquistou o coração, e os risos de milhares de telespectadores.

O último filme da série fugiu um pouco da realidade, e principalmente do que os fãs já estavam acostumados. Além de ter sido transformado em animação, com uma pegada estilo história em quadrinhos, o enredo não girou em torno de Peter Parker, mas sim de Miles Morales. Miles é um adolescente como qualquer outro que está descobrindo seu lugar no mundo, e recebe grande apoio da família, principalmente de seu pai, com o qual tem uma proximidade maior. No entanto sua maior referência é seu tio paterno, que vive a vida sem regras, se diverte e viaja quando quer. Enquanto isso, o pai de Miles é um policial sério e apaixonado pelo que faz.

Fonte: encurtador.com.br/cdxEW

Sem muita surpresa, a história do filme contempla os passos da Jornada do Herói descrita pelo antropólogo Joseph Campbell, que perpassa desde a saída do indivíduo (Miles) de sua zona de conforto como “pessoa normal”, para o chamado à aventura, a negação desse chamado, mas após essa recusa uma intensa reflexão, e finalmente a aceitação desse desafio e a convicção de que o chamado só pode ser cumprido pelas suas próprias mãos, competência e força de vontade.

Outra grande questão tratada, não apenas nesse filme, mas na maioria das indicações ao Oscar 2019, é o Zeitgeist Negro. Uma onda poderosa de empoderamento negro que veio para mostrar o atual espírito da época em que vivemos. Assunto esse que precisa ser tratado mais do que nunca, pois apesar dos grandes avanços em relação ao racismo, ainda vivemos em uma cultura segregacionista e violenta, quando se trata de diferenças.

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A comunicação com as outras dimensões

A ação do filme finalmente começa quando noticia-se que Peter Parker, o famoso e amado super-herói de Nova York, está morto. Após um combate contra o Rei do Crime, ele acaba sendo derrotado, porém passa a responsabilidade de salvador da cidade para Miles Morales, que assim que encontra Peter, descobre seus novos super-poderes e habilidades, mesmo assim ainda não sabendo como usá-los.

Com a carga dessa enorme responsabilidade, Morales não faz ideia de como, nem por onde começar. Até então achando que era o único Homem-Aranha, Miles tem uma grande surpresa quando após o funcionamento da máquina do Rei do Crime, aparece Peter B. Parker, ou seja, o famoso Peter Parker, porém alguns anos mais velho e alguns quilos a mais.

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Com esse encontro Miles pensa que seus medos e inseguranças após essa nova responsabilidade irão acabar, já que ele tem outro Homem-Aranha para ensiná-lo a ser um super-herói, mas na verdade a única coisa que o velho Parker quer, é voltar para sua dimensão. Neste sentido, em um desses “treinamentos”, surge nada mais nada menos do que uma Mulher-Aranha, conhecida como Gwen Stacey. Mais uma vez a Marvel se supera nas surpresas, e principalmente sustenta o empoderamento feminino que cada dia mais ganha espaço no cotidiano.

E quando pensa que já surgiram “Aranhas” demais, ainda conta-se com a presença do Homem-Aranha Noir, que se apresenta todo de preto, como se fosse constituído de uma sombra de história em quadrinhos. Também surge o Spider-Ham, conhecido como Porco-Aranha, com um carisma e comicidade sem igual. E, por último, Peni Parker, uma estudante de Ensino Médio, com características dos Animes Japoneses, que conta com a ajuda de um parceiro que é um robô muito interativo e com uma avançada tecnologia.

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Após o encontro de todos, agora eles têm um grande desafio: impedir que o Rei do Crime faça o acelerador entre dimensões funcionar, pois se isso acontecer não será possível voltarem para suas respectivas dimensões. No meio de todo esse problema, ainda tem a insegurança de Miles, que é apenas um adolescente que recebeu uma enorme responsabilidade e não sabe como agir diante dela.

Nesse momento Morales busca a ajuda de seus pais, porém não se sente à vontade para contar-lhes o que realmente o aflige, pois sabe que seu pai não era um grande fã dos serviços de Peter Parker, que agora pertencem ao Miles. Mas independente da clareza com seus pais, Morales sabe que sua casa sempre será um lugar seguro, cheio de amor e compreensão.

Com isso, o novo Homem-Aranha cria coragem para construir seu legado e ajudar seus novos amigos a voltarem para suas dimensões. Como se é esperado, eles conseguem destruir os planos do Rei do Crime, e cada um volta para sua dimensão. Miles fica feliz em conseguir ajudar e com uma sensação de dever cumprido, e sabe que sempre que precisar buscar forças interiores para vencer seus futuros desafios, lembrará das grandes amizades que conquistou durante essa jornada.

“A pessoa que ajuda as outras porque isso deve ser feito, e porque é a coisa certa a se fazer, é sem dúvidas uma super-heroína”. Stan Lee.

FICHA TÉCNICA :

HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO

Título Original: Spider-Man: Into the Spider-Verse
Direção: Peter Ramsey, Bob Persichetti, Rodney Rothman
Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Jake Johnson,
Nicolas Cage,Kimiko Glenn
Ano: 2018
País: EUA
Gênero: Animação

REFERÊNCIAS:

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem-Aranha_no_cinema

[2] https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2018/12/critica-homem-aranha-no-aranhaverso

[3] CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução de Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Pensamento/Cultrix, 1989.