O Conselho Regional de Psicologia do Tocantins (CRP 23), realiza, em agosto, uma série de atividades para comemoração do mês do Psicólogo, “Agosto da Psicologia”. Entre estas atividades, no dia 27/08 ocorre a Mesa “Os desafios da Psicologia junto aos povos indígenas, quilombolas e tradicionais no Tocantins”. O evento acontece as 18h30 no Memorial Coluna Prestes na Praça dos Girassóis e após o evento, às 20h30, ocorrerá um Sarau Cultural.
O evento será mediado pelo Grupo de Trabalho (GT) Psicologia e Povos do Cerrado, criado em 2017, e que tem como peculiaridade a participação de indígenas e quilombolas, não sendo restrito apenas à participação de psicólogos. Esses integrantes têm direito a voz e voto, e participaram ativamente na construção do grupo de trabalho.
Participam da mesa Os integrantes do GT Psicologia e os Povos do Cerrado: Thávila Kaline, Carmen Agá; Brena Avá Canoeiro (liderança Ava Canoeiro) e Fátima Barros (liderança quilombola da Ilha de São Vicente). Como mediadora, Stefhane Santana, integrante do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP).
De acordo com a psicóloga Thávila Kaline, as pautas a respeito de território e descolonização dos Povos Tradicionais não são hegemônicas dentro da psicologia, o que torna este Grupo de Trabalho um desafio singular. É preciso ter uma escuta política, pautada na perspectiva da descolonização, pois o território faz parte das relações e da subjetivação desses povos. Quando não se tem essa seguridade, nega-se a própria vida dessa população.
Para melhor situar a atuação do grupo, foram realizadas imersões culturais em territórios desses povos tradicionais. O Quilombo da Ilha de São Vicente, em Araguatins, foi um dos territórios visitados. De acordo com a psicóloga, a imersão proporcionou uma reflexão vivencial advinda da constatação de que esta população, em específico, ainda não tinha entrado em contato com nenhum profissional de saúde mental.
Thávila ressalta que a questão territorial é de grande importância para esses povos, pois a partir dessa dimensão são desenvolvidas as suas relações intra e interpessoais. Deste modo, a constante luta dos povos tradicionais pela seguridade de seus territórios gera adoecimento mental.
Além disso, a psicóloga destaca a dificuldade do profissional de psicologia em se inserir de forma efetiva nesse contexto, inclusive a respeito da terminologia a ser utilizada para que estas pessoas, que ainda não tinham tido acesso a profissionais de saúde mental, pudessem ser adequadamente atendidas.
Essas observações geraram a reflexão de que a formação em Psicologia ainda não oferta subsídios suficientes para a atuação do psicólogo junto a povos tradicionais de forma pontual e eficiente. Portanto, o Grupo de Trabalho passará a ser uma Comissão Permanente. Esse movimento não é só uma iniciativa do CRP 23, mas ocorre a nível nacional, com o cuidado de atingir povos de terreiro, quilombolas, comunidades ribeirinhas e povos indígenas.
Apesar de ser um movimento ainda pouco notado, observa-se uma crescente preocupação com essas pautas dentro da Psicologia. A mesa “Os desafios da Psicologia junto aos povos indígenas quilombolas e tradicionais no Tocantins”, é um indício de que os povos tradicionais, anteriormente desassistidos na questão de saúde mental, aqui no Tocantins, começam a ter mais espaço no fazer da Psicologia.
Confira abaixo a programação do CRP23 para o restante do mês de Agosto