Cristiano Mascaro, Paulista da cidade de Catanduva, nasceu em 1944. Graduou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP em 1968, mesmo ano que iniciou carreira de fotógrafo na revista Veja, onde ficou mais quatro anos até atuar de forma independente. Obteve o título de Mestre com a dissertação O Uso da Fotografia na Interpretação do Espaço Urbano em 1986 e de Doutor, com a tese Fotografia e Arquitetura, em 1995.
A obra fotográfica de Mascaro se fundamenta na arquitetura das cidades e na paisagem urbana. Obra essa que traz um cenário que rastreia os vestígios humanos do dia a dia. Preocupa-se em denunciar os espaços ocupados e desocupados pelas pessoas, o cotidiano onde a vida acontece, sua preocupação é iluminar essa realidade, é fazê-la mais bela ao ponto de se tornar arte. Foi sua leitura do cotidiano, por meio do cotidiano, que o proporcionou a conquista de diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles, o premio internacional de fotografia Eugene Atget (Paris) em 1984 e o Prêmio Abril de Jornalismo em 1991 (VASQUEZ, 2017).
O prêmio Eugene Atget, recebeu o nome do fotógrafo que inaugurou a fotografia urbana, o qual procurava fotografar o real. Considerado um dos mais importantes fotógrafos surrealistas, um artista a frente de seu tempo. Nascido na França em 1857, Atget foi primeiro a retratar o vazio das cidades, objetos comuns, o real, o primeiro fotógrafo tirar o ser humano do centro da fotografia.
Nesse contexto, vale dizer que o surrealismo foi o movimento literário que nasceu em Paris na década de 1920 e que teve influência direta da obra freudiana, visto que o papel do inconsciente na atividade artística marca as obras do surrealismo. André Breton foi seu representante quando em 1924 assinou a Manifesto do Surrealismo, propondo mudança na linguagem artística dominada pelo racionalismo. Foi um mergulho no inconsciente, daí a influência de Freud no campo das artes. Mascaro (2016) ao descrever a fotografia, a considera como a arte que toca o invisível das pessoas. Para ele “o olhar do fotógrafo tem que provir da sua sensibilidade”. O olhar como um sentido humano. O fotógrafo ainda complementa, que é como, extrair um prazer físico no ato de olhar.
O despertar pela fotografia se deu para Mascaro, ao ver uma foto de Henri Cartier – Bresson, a quem considera um gênio por reunir em seu trabalho a essência da fotografia destacando o momento decisivo, que segundo Bresson trata-se do momento exato de tirar a foto em que reúne o alinhamento entre “cabeça – olho – coração”. Outro ponto a destacar da obra bressoniana é a qualidade da luz como um elemento primordial que aparece como um ponto marcante em suas fotografias. Esse desenhar com a luz é percebido na obra de Mascaro.
Cristiano Mascaro ao mergulhar na linguagem fotográfica, descobriu um universo fascinante. Percebe-se em seus registros que, para ele, o ato de fotografar é uma forma de fixar a vida, ele não só observada, mas sente os lugares por onde passa, sua intenção é um impulso pessoal sem pretensão de dar forma ou desvendar alguma coisa para as pessoas. Para ele o ato fotográfico é “um ato de liberdade e felicidade” poder “retratar os vestígios humanos” na concepção dele “é aí que a vida se fixa” (MASCARO, 2009).
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