Recentemente a dupla de acadêmicas Joice Reitz e Nayara Ferreira Marques, que se apresentaram no Psicologia em Debate no CEULP/ULBRA, sobre o tema “Mídia, mídia minha… como faço para ter uma barriguinha?”, argumentaram sobre o discurso que a mídia transmite para atender as necessidades de mudança do corpo, que alimenta uma indústria para a mudança do corpo perfeito. O corpo vai além da estrutura corporal, ele agrega valores na vida da pessoa, traz muitas demandas e possibilita que a pessoa vá até você. A propaganda do corpo ideal é forte nos dias atuais, chega até ser forçosa.
As acadêmicas disseram que a percepção e preocupação com o corpo mudam de acordo com as épocas. No século XX usava-se o espartilho para modelar o corpo das mulheres, prática que teve de ser abandonada por questões de riscos à saúde. Essa ideia é vigente até hoje, porque as pessoas tem que ter o corpo perfeito. A prática dos exercícios é saudável, mas o endeusamento do corpo é doentio, abordaram. Na busca pelo corpo perfeito, a pessoa termina sendo julgada.
Mas o que nós somos afinal? Somos estruturas que precisam ser mudadas a todo o momento? As pessoas tendem a buscar essa ideia de corpo perfeito. O corpo passa a ser visto como algo modificável, e com isso desencadeia-se doenças como a bulimia e anorexia. De acordo com as acadêmicas a moda muda todos os dias, ela não é a mesma. O imperativo da moda é modificar-se e o espaço que o sujeito tem dentro da moda é mudar constantemente. Neste contexto, o movimento Dadaísta surge como quebra das formas tradicionais e em um momento a imprensa percebeu que os movimentos estavam tentando influenciar as pessoas, então ela compra essa ideia.
Ainda de acordo com as acadêmicas é difícil modificar a moda, pois ela é o espelho da sociedade. Modelos não magras geram estranhamento com a realidade. Elas estão fora do padrão de beleza exagerada. A indústria da beleza investiu nessa ideia e por isso não quer perder. Ela prega a auto aceitação. E as pessoas terminam patologizadas porque não conseguem entrar nesse padrão.
Vemos o quanto a sociedade é produto do seu meio. Hoje, a maior parte das pessoas busca esse ideal de corpo perfeito e em nome desse buscar doentio, terminam se prejudicando ou até perdendo suas vidas. Não raro sabe-se pelas notícias, ainda que veladas, quantas jovens morrem para atingirem o peso ideal. É a ditadura da beleza falando mais alto que a qualidade de vida dos indivíduos. Percebe-se o desenfrear a que chegou o ser humano. Muitos fazem até cirurgia para remoção de duas costelas a fim de modelar o corpo. O ser humano é um eterno insatisfeito, e está em busca de mudança constante porque não basta ser como é. Faz-se necessário produzir algo além, como se o corpo fosse um objeto.