Concorreu com duas indicações ao OSCAR:
Melhores Efeitos Visuais e Melhor Mixagem de Som (David Parker e Stuart Wilson).
Os eventos de Rogue One se passam em um momento posterior ao surgimento de Darth Vader e antes dos eventos de Star Wars. A galáxia então se encontra dominada pela ditadura, escravidão e opressão. O Império Galáctico, inicia então uma busca por pessoas que possam contribuir para a construção de uma super-arma de destruição em massa.
O designer de armas Galen Erso, é recrutado a força pelo diretor Imperial Orson Krennic para completar o projeto da Estrela da Morte, uma estação espacial capaz de destruir planetas inteiros. O filme traz então questões que são muito atuais, como o advento de um poder tirânico e opressor de escala mundial. A filha do designer – Jyn Erso – se esconde, para não ser morta pelo Império. Após 13 anos, agora uma adulta, Jyn é liberta do cativeiro Imperial pela Rebelião, que planeja usá-la para rastrear seu pai, e depois matá-lo para impedir a arma que está sendo construída.
Jyn é mais uma nova heroína dessa safra de mulheres fortes e guerreiras que estão despontando no cinema. Em meu texto sobre O Despertar da força, aponto que na primeira trilogia, o herói Luke segue bem a cartilha do típico herói mitológico. Luke é o escolhido, aquele que vai restabelecer a situação saudável e acabar com o mal. E assim como em O despertar da Força temos aqui uma mulher como heroína. Ainda no texto sobre O Despertar da Força, cito que a Trilogia inicial de Star Wars é baseada na Jornada mítica do herói Solar. Onde toda sociedade Ocidental se encontra sob o estigma desse herói que pautou a entrada da era Patriarcal do homem Ocidental.
Erich Neumann (1995), trata com detalhes esse assunto do herói Solar, afirmando que a consciência do ego tem um caráter masculino e que a relação consciência – dia/luz, e inconsciente/escuridão/noite se mantêm independente do sexo. Ele diz também, que a consciência é masculina mesmo nas mulheres, assim como o inconsciente é feminino. Ele então define a consciência patriarcal, que se separa do inconsciente e fica livre de suas influencias.
Portanto, para Neumann, a mulher moderna, assim como os homens, possui uma consciência patriarcal e um ego denotado pelo herói masculino solar. O que as recentes adaptações têm feito é transformar a figura feminina em uma cópia exata do modelo masculino. Para a psicologia analítica os heróis míticos e dos contos de fadas são modelos arquetípicos para o ego humano. O herói masculino não deve ser considerado como um humano, mas como um modelo ideal de um ego em consonância e harmonia com a totalidade psíquica.
Tanto heróis como heroínas servem como modelo arquetípico, para homens e mulheres, do masculino e feminino. Apesar da crescente aparição das heroínas representar a busca de expressão feminina que foi reprimida durante muitos séculos, vemos um movimento ainda de unilateralidade, onde os valores tipicamente masculinos estão sendo valorizados também nas mulheres.
Jyn Erso possui também traços do herói solar: assim como Luke, ela está em busca do Pai. O Pai na psicologia analítica simboliza a realização externa, a segurança material, a eficiência, a realização profissional. Ou seja, tudo aquilo que é voltado para a realização no mundo externo. E essa premissa é o que ainda norteia nossa sociedade, à custa de uma separação do mundo interior.
Como uma Electra vingativa, Jyn busca a revanche pela sua morte e pela sua memória manchada. O mito de Electra, que planeja a morte da mãe coagindo seu irmão Orestes a matá-la junto com o amante, em função do assassinato do pai, é o mito que mostra a transição do matriarcado para o patriarcado. Porém, apesar de estarmos ainda enraizados no patriarcado, essa representação mais expressiva da mulher guerreira no cinema, já mostra um indicio de uma reflexão sobre o que é ser feminina. As discussões são muitas sobre a questão do feminino, mas ainda estamos longe de resgatar esse arquétipo para a consciência coletiva, pois temos como referência ainda o que é masculino.
Por isso, com esse texto resolvi abrir essa discussão, pois a unilateralidade, prejudicou não somente as mulheres, mas os homens também. Até a masculinidade madura foi suprimida da sociedade, e no lugar do masculino sábio, encontramos meninos perdidos, pois o processo de desenvolvimento psíquico individual e coletivo ocorre na dinâmica e interação desses dois princípios. Masculino só pode ter referência com o feminino e vice versa.
REFERÊNCIAS:
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
NEWMANN, E.História da Origem da Consciência. 10 ed. Cultrix. São Paulo: 1995.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA STAR WARS
Diretor: Gareth Edwards
Elenco: Felicity Jones, Diego Luna, Donnie Yen, Mads Mikkelsen
País: EUA
Ano: 2016
Classificação: 12