Amor Líquido: a opção por se afastar de laços de longo prazo

Na obra Amor Líquido, Zigmund Bauman traz uma metáfora da Modernidade Líquida. Mas o que significa essa liquidez e qual a relação que ele faz com os nossos dias? A pós-modernidade é liquida, pois os valores se moldam com muita facilidade, assim como o líquido se molda  mais  que o sólido. Portanto na modernidade sólida teríamos comportamentos mais previsíveis, onde o indivíduo defenderia aquilo que acredita, mesmo em um ambiente e contexto opostos ao que ele defende; o indivíduo perdeu a capacidade citada anteriormente  mas ao mesmo tempo criou outra habilidade, a de se adaptar facilmente a novas situações e perspectivas, tendo sempre em vista seu bem estar em primeiro lugar.

No livro Amor Líquido, Bauman traz justamente a influência dessa Modernidade Líquida nos relacionamentos amorosos. O homem contemporâneo não gosta de vínculos de longos, os relacionamentos não tem comprometimento e provocam uma insegurança no ser humano, tudo isso é o resultado de várias transformações culturais, sociais e econômicas que nossa sociedade sofreu. Para Bauman, a rede social nos permite ter e não ter amigos com muita facilidade. Hoje quando se termina um namoro é possível com apenas um clique deletar tudo que lembre o outro de sua rede social, sendo essa uma forte característica da Modernidade Líquida, onde o que atrai as pessoas para as redes sociais não é apenas a facilidade em ter muito amigos, mas também de desfazer uma amizade. Sendo assim as redes sociais facilitam muito essa substituição nos relacionamentos.

Fonte: http://zip.net/brtJYl

 

Bauman ainda afirma que em consequência da baixa qualidade nesses relacionamentos as pessoas compensam isso na quantidade, já que se o indivíduo não tem qualidade ele pode ter quantidade para se satisfazer de algum modo, e isso reflete justamente na grande rotatividade e fragilidade dos laços amorosos, aumentando assim esse mal-estar em que vivemos diante da dificuldade em que os indivíduos têm de lidar com o outro.

O ser humano tende a evitar aquilo que considera ruim, que magoa, que faz sofrer, portanto evita relações longas justamente para escapar de possíveis sofrimentos.  Diante disto não se apegam a nada para que não sofram por isso. Assim, se troca facilmente de parceiro, amigos e etc.

Bauman traz uma comparação entre o consumismo compulsório e os relacionamentos afetivos, onde o ser humano não precisa de muita coisa para realizar seus desejos, se ele tiver um cartão de crédito nada o impede de consumir e se satisfazer de forma instantânea.  No entanto essa satisfação passa assim que é lançado um produto novo, e aquele que era bom se torna ruim, sendo dessa forma substituído sem nenhum constrangimento. Os relacionamentos estão seguindo esse mesmo padrão compulsório: se considerado defeituoso ou não satisfatório pode ser plenamente trocado por outro que agrade mais.

Bauman aborda duas contradições, de um lado a vontade de ser livre, independente, e do outro a busca por um parceiro ideal, alguém que se encaixe nas nossas perspectivas e desejos, alguém perfeito de acordo com nosso pensamento. Porém esse alguém não existe, o que existe é alguém que mesmo diferente do que esperamos é capaz de nos compreender e nos amar verdadeiramente. Entretanto, nessa busca pela pessoa ideal que não existe, a troca de parceiro é incrivelmente constante e rápida.

O livro Amor Líquido nos faz refletir sobre a fragilidade dos relacionamentos e a forma errada de amar e de buscar o amor nos dias de hoje. Onde o importante é satisfazer-se apenas enquanto convém, e quando esse desejo passa descarta-se e busca algo novo.

Fonte: http://zip.net/bttKG4

 

Seguindo a dinâmica do consumismo o amor não tem mais o mesmo significado. Pelo que pude compreender, na Modernidade Líquida os avanços tecnológicos  influenciam muito o ser humano em suas relações de um modo geral. O amor líquido representa justamente esta fragilidade dos laços humanos, e a flexibilidade com que são substituídos. Um amor criado pela sociedade atual (Modernidade Líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. Já que nada permanece nesta sociedade, o amor não tem mais o mesmo significado, foi alterado. É como algo líquido, que se molda facilmente de acordo com o contexto e ambiente, totalmente diferente do seu real significado de durabilidade.

FICHA TÉCNICA DO LIVRO:

Autor: Zygmunt Bauman
Editora:
Zahar
Páginas:
192
Ano:
2004

REFERÊNCIA:

BAUMAN, Z.  Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Ziar Editor, 2004.