Dunkirk: a busca de sentido na esperança de sobrevivência

Concorre com 8 indicações ao OSCAR:

Melhor filme, melhor design de produção, melhor fotografia, melhor montagem, melhor mixagem de som, melhor edição de som, melhor trilha sonora original

Dunkirk, filme escrito e dirigido por Christopher Nolan, retrata a evacuação de 340 mil homens da costa francesa para o Reino Unido, tal movimento ficou conhecido como Operação Dínamo, num contexto histórico de segunda guerra mundial, sob ataque dos nazistas.

No litoral francês, na cidade de Dunkirque, 400 mil homens organizam-se em fileiras há espera de navios que possam leva-los a sua terra.  O que permite que esses navios atraquem é apenas um único molhe (espécie de cais), visto que navios grandes não conseguem atracar na beira da praia.

O primeiro contato que o telespectador tem com o filme, dá-se pelas lentes do soldado Tommy (Fionn Whitehead), ao aparar um dos vários folhetos que caem do céu dizendo “Nós cercamos vocês.” Olhar o caos e o desamparo da guerra, pela ótica de Tommy, é olhar de forma empática e emocionada, é olhar para cada soldado vivo ou morto, é olhar para os caças soltando bombas que pesam e explodem na alma, e tentar entender e acreditar que todos eles conseguirão voltar para suas casas.

Fonte: goo.gl/8qAhpe

Os borbadeios alemães chegam por ar e por água, destruindo a todo instante os Destroiers britânicos. Aqui nesse momento outras duas visões da guerra entram em ação, a visão dos pilotos da aeronáutica britânica e a visão de britânicos voluntários em barcos civis.

Ao perceber-se que barcos pequenos seriam mais úteis no resgate dos soldados, a marinha britânica convoca cidadãos detentores de barcos para irem até Dunkirk. Nosso barco protagonista chamado de Moonstone, conta com a tripulação de três homens, o senhor Dawson, e os jovens George e Peter. Dawson carrega o papel de representante da geração anterior aos soldados, numa alusão à importância que estes tiveram/tem na guerra. Isso pode ser percebido quando ele diz a um soldado resgatado: “Homens da minha idade é que permitem que haja guerra, pois somos nós que mandamos os soldados para cá.”

Enquanto os barcos civis rumam para o resgate dos soldados, os pilotos britânicos almejam atingir os caças alemães, na tentativa de cessar os bombardeios que estão matando os britânicos e os franceses em rápida escala. Dentre os pilotos destacam-se Farrier e Collins, sendo o último o responsável por derrubar os dois caças inimigos, resultando no fim da matança em massa no litoral da cidade francesa.

Fonte: goo.gl/RZj87o

Cabe-se aqui uma comparação das experiências vividas pelos prisioneiros nos campos de concentração nazistas e os soldados da operação Dínamo, quando se refere a estar sob a opressão de um poder inimigo com sentimentos de completo desamparo e sofrimento.

Vitor Frankl (2010) ao escrever sobre esses sentimentos, dizia que o individuo tem a capacidade de escolher entre ser o sujeito típico recluso, ou aquele que tomará uma postura alternativa. Tal postura alternativa pode ser vista em Dunkirk no personagem do soldado Tommy, que durante todo o filme mantem firme a esperança de regresso a sua terra, mesmo diante das circunstâncias desastrosas .

Outra observação feita por Frankl (1989a) é a de que o mais importante movimento intrínseco ao ser humano é buscar um sentido para a vida, aqui pode ser observado tal movimento na tripulação de três, do barco Moonstone. Onde o jovem George traz em seu discurso que até o presente momento de sua vida ainda não havia encontrado nada que a fizesse ter sentido, porém essa viagem de resgate aos soldados significava o encontro desse sentido que faltava.

O desfecho da trama vem com o resgate dos soldados pelos barcos civis, sendo Moonstone o veleiro que transporta o grupo protagonista do filme. È interessante olhar a sensação dos soldados ao chegarem em solo britânico, uma vez que o sentimento de fracasso e incapacidade vem à tona por terem precisado abandonar seus postos de batalha.

Fonte: goo.gl/2tC4Ab

Frankl (2010) diz que nesta etapa o individuo é tomado por um sentimento de despersonalização, já que ao retornarem para seu habitat veem como os que ali ficaram reagem de forma vaga e geral, transmitindo ao individuo que estava em sofrimento duvidas quanto a utilidade do seu tormento. Entretanto, em Dunkirk a indiferença não vem de todos. Na ultima cena podemos ver Tommy e seu companheiro de exercito recebendo comida e gratificações dos cidadãos pela janela do trem, em agradecimento a coragem de todos eles em lutarem pela sua nação.

O diretor Cristopher Nolan, dá a oportunidade ao telespectador de usar os sentidos da visão e audição como principais meios de interpretação do filme. Você não encontrará em Dunkirk muitos diálogos, porém há uma riqueza de detalhes visuais e sonoros que permitem sentir da melhor forma possível o clima, a tensão, o medo, a angústia de estar em uma guerra.

FICHA TÉCNICA


                           DUNKIR

Diretor: Christopher Nolan
Elenco: Fionn WhiteheadMark Rylance, Tom Hardy
Gênero: GuerraHistóricoDrama
Ano: 2017

Referências:

Dunkirk. Disponível em < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-240850/creditos/> . Acesso em: 28/02/2018

Épico de guerra, Dunkirk aborda a retirada das tropas aliadas da França ocupada por Nazistas. Disponível em < http://guia.folha.uol.com.br/cinema/2017/07/epico-de-guerra-dunkirk-aborda-a-retirada-das-tropas-aliadas-da-franca-ocupada-por-nazistas.shtml>. Acesso em: 28/02/2018

AQUINO, Thiago Antônio Avellar de. Análise da narrativa de Viktor Frankl acerca da experiência dos prisioneiros nos campos de concentração. Revista da Abordagem Gestáltica. Goiânia, vol.18 no.2, dez.2012. Acesso em: 28/02/2018